Governo investirá R$ 450 milhões na revitalização do Velho Chico

O Ministério da Integração Nacional pretende investir em Minas Gerais, até 2010, R$ 450 milhões na revitalização da b...

21/11/2007 - 00:01
 

Governo investirá R$ 450 milhões na revitalização do Velho Chico

O Ministério da Integração Nacional pretende investir em Minas Gerais, até 2010, R$ 450 milhões na revitalização da bacia do Rio São Francisco. O montante para toda a bacia chega a R$ 1,3 bilhão, segundo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. As informações foram repassadas à Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (21/11/07) pelo superintendente regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), Anderson de Vasconcelos Chaves. Ele participou de audiência da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais solicitada pelo deputado Almir Paraca (PT). Os recursos serão usados em várias obras, entre elas de esgotamento sanitário, recuperação e conservação de áreas degradadas, controle de processos erosivos e tratamento de resíduos sólidos.

Contraponto - O anúncio ocorre no mesmo dia da abertura do Ciclo de Debates O Rio São Francisco e o Desenvolvimento Sustentável do Semi-Árido, realizado pela ALMG em parceria com 14 entidades. O evento começa nesta quarta à noite e vai até quinta (22). Apesar de saudarem os investimentos previstos para a revitalização, os deputados Fábio Avelar (PSC), vice-presidente da comissão, Carlos Pimenta (PDT) e Antônio Carlos Arantes (PSC) destacaram que o volume de recursos, mesmo significativo, é insuficiente tendo em vista a dimensão da bacia. Requerimento dos deputados Almir Paraca e Carlos Pimenta, aprovado pela comissão, cobra do Ministério da Integração Nacional mais verba para a revitalização, com foco sobretudo no saneamento básico dos municípios da calha do rio e na implantação de barragens já projetadas pela Codevasf - braço operacional do ministério na revitalização da bacia do São Francisco em Minas.

Respondendo aos deputados, Anderson de Vasconcelos Chaves ponderou que a revitalização deve durar 20 anos e lembrou que o mesmo processo no Rio Amarelo, na China, levou igual período para ser concluído. "Sabemos que os recursos são insuficientes, mas esse é o primeiro passo de uma longa caminhada", ponderou o superintendente regional, que falou para nove deputados. Os Ministérios da Saúde e das Cidades também estão envolvidos nesse trabalho, completou. Ele disse que a Integração Nacional já assinou 66 protocolos de intenção visando à implantação de saneamento básico em municípios mineiros. Estão em curso duas licitações: para obras de saneamento em 14 cidades, no valor de R$ 54 milhões, e para contratação de projetos para prefeituras que não têm dinheiro para elaborá-los, de R$ 11 milhões, beneficiando 28 municípios.

Deputados defendem priorização de barraginhas no processo de revitalização

A priorização das barraginhas no processo de revitalização foi defendida pelos deputados Almir Paraca, Fábio Avelar e Antônio Carlos Arantes. Outro resultado concreto da audiência que diz respeito a esse assunto foi a aprovação de um requerimento do deputado Almir Paraca cobrando do Ministério da Integração Nacional mais recursos para a construção dessas bacias de contenção. O parlamentar também solicita ao governo federal o desenvolvimento de estudos, a fim de que seja implantado um amplo programa de barraginhas como eixo principal do processo de revitalização.

Na opinião de Paraca, elas representam uma tecnologia barata, de fácil aplicação, com resultados concretos. Por meio delas, colhe-se água das chuvas e se abastece o lençol freático, explicou ele, que chamou atenção também para a necessidade de medir, em série histórica, mudanças na vazão d'água como resultado da construção das barraginhas. "Sabemos empiricamente que o resultado foi bom e que os cursos d'água que secavam foram revitalizados nas regiões onde essas bacias foram construídas em quantidade razoável", disse.

O deputado Fábio Avelar lembrou que tramita na ALMG projeto de sua autoria que dispõe sobre a política estadual de estímulo à construção de barragens e de desenvolvimento econômico dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte. A matéria está pronta para o Plenário em 1º turno. Também defensor dos pequenos barramentos, o deputado Antônio Carlos Arantes condenou os investimentos em grandes obras, apontando como alternativa viável as pequenas intervenções.

O superintendente regional da Codevasf informou aos deputados que a empresa, em convênio com órgãos estaduais no valor de R$ 22 milhões, pretende implantar barraginhas em várias cidades na área de atuação da companhia. As obras serão realizadas em 97 sub-bacias, prioritariamente nas bacias dos rios das Velhas, Urucuia, Paraopeba e Verde Grande. Os R$ 22 milhões são do governo federal, fora a contrapartida estadual exigida no convênio. Sobre as barraginhas, Anderson de Vasconcelos Chaves disse que sua construção apresentou resultados positivos no projeto-piloto de revitalização promovido nas bacias dos rios Verde Grande, Pacuí e Pajeú. Ponderou, no entanto, que a Codevasf não pode abrir mão de barragens maiores como a da região de Jequitaí, prevista para 2008, que promete gerar 80 mil empregos e propiciar a irrigação de 36 mil hectares.

Polêmica - O superintendente respondeu vários questionamentos dos parlamentares, entre eles um formulado pelos deputados Fábio Avelar e Célio Moreira (PSDB) quanto à possibilidade de construção de barragens nos rios Paracatu, Urucuia e Velhas (na região de Santo Hipólito), para regularizar a vazão do São Francisco, bem como o impacto que gerariam. Tanto Anderson Chaves quanto o gerente da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas em Minas, Sidenísio Lopes de Oliveira, afirmaram que a diretoria da Codevasf em Brasília está desenvolvendo um estudo de viabilidade dessas barragens, a ser concluído até o final de 2007. Eles tentaram tranqüilizar os deputados, afirmando que o estudo ainda está em curso e que é ele que vai apontar, inclusive, qual seria o tamanho dessas barragens. Comprometeram-se a enviar o relatório à ALMG.

Deputados esclarecem dúvidas; críticas à transposição são feitas

Vários assuntos foram abordados pelos parlamentares em questionamentos ao superintendente da Codevasf. O deputado Almir Paraca opinou que as intervenções parecem estar mais focadas na calha do rio e no Norte de Minas e que carecem de atenção afluentes importantes como os rios Paracatu e Urucuia. Também falou do esforço de se desatrelar o debate sobre a revitalização da polêmica quanto à integração de bacias.

Sobre a integração de bacias - ou transposição das águas do São Francisco para rios do Nordeste -, o deputado Fábio Avelar reforçou questionamentos e críticas já formulados por parlamentares em outros debates, ponderando que a revitalização deve ser o foco da atuação governamental, pois "o rio está doente". Já o deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB) afirmou que ser contra a transposição virou modismo, defendendo não só a revitalização, mas também a oferta das águas para rios do Nordeste.

O deputado Fábio Avelar também indagou se a Codevasf tem estrutura suficiente para comportar o crescente número de atribuições. Desde 2004, a companhia assumiu o trabalho de conduzir a revitalização da bacia do São Francisco em Minas. Em resposta, Anderson Chaves informou que as parcerias com órgãos estaduais como Empresa Mineira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e Instituto Estadual de Florestas (IEF) são fundamentais para atingir os 43% do território mineiro que estão sob a área de atuação da Codevasf. Informou a realização de concurso público em 2008 para recompor o quadro de pessoal.

Além de cobrar mais ousadia nas ações voltadas para o saneamento, o deputado Carlos Pimenta defendeu uma grande mobilização para fazer saírem do papel mais de 20 barragens que teriam sido projetadas pela Codevasf nas últimas décadas.

Requerimentos - A comissão aprovou outros requerimentos: do deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente, solicitando que seja incluída na pauta do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) a análise do licenciamento de aterro sanitário do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Socioeconômico e Ambiental da região da Associação dos Municípios da Baixa Mogiana (Amog), em Guaranésia; do deputado Vanderlei Miranda (PMDB), sobre audiência para discutir esgotamento sanitário em Confins; do deputado Almir Paraca, sobre audiência para discutir denúncia de desmates não autorizados de floresta nativa; do deputado Carlin Moura (PCdoB), para comunicar o Ministério Público sobre prática ilegal de venda de lotes em área de proteção ambiental.

Presenças - Participaram da reunião o superintendente regional da Codevasf, Anderson de Vasconcelos Chaves, e sua equipe, além dos deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Fábio Avelar (PSC), vice; Almir Paraca (PT), Inácio Franco (PV), Wander Borges (PSB), Antônio Carlos Arantes (PSC), Célio Moreira (PSDB), Luiz Tadeu Leite (PMDB) e Carlos Pimenta (PDT).

 

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