Plenário interrompe reunião para celebrar Dia da Consciência
Negra
Manifestações culturais de raiz africana marcaram a
comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra no Plenário da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira
(20/11/07). Lideranças políticas e representantes do movimento negro
unificaram o discurso e reivindicaram uma política de cotas raciais
nas universidades, a instituição de feriado no dia 20 de novembro e
a aprovação, pelo Congresso Nacional, do projeto que cria o Estatuto
da Igualdade Racial e o fundo para promoção da igualdade racial.
Foram homenageados o músico Maurício Tizumba e a mãe do terreiro
Manzo NGunzu Kaiango, de Belo Horizonte, Dona Efigênia.
A deputada Elisa Costa (PT), autora do requerimento
para a reunião e coordenadora da Frente Parlamentar de Promoção da
Igualdade Racial, lembrou os 312 anos da morte de Zumbi dos
Palmares, em 20 de novembro de 1695. "Zumbi é símbolo da resistência
negra, da luta pela liberdade e ainda vive nos movimentos
organizados. A ALMG reafirma seu compromisso e respeito com essa
luta", disse. Ela citou ações do governo Lula, como a criação de
secretaria especial para promover a igualdade racial, e cobrou
políticas semelhantes do governo de Minas, como a inclusão de
disciplinas sobre história e cultura afro-brasileira no ensino
médico, conforme determinação de lei federal.
De acordo com Elisa Costa, a Frente Parlamentar da
ALMG tem como meta integrar os grupos excluídos à plena cidadania e
combater todas as formas de discriminação. Durante a reunião, a
coordenadora do Centro Nacional de Africanidade e Religiosidade
Afro-Brasileiro, Célia Gonçalves, leu o Manifesto 20 de Novembro,
assinado por vários movimentos negros, com a proposta de um novo
projeto político para o País. O documento propõe um Estado laico,
com pluralidade étnica e cultural para atender a todos os
brasileiros, além de trazer várias reivindicações. Foram lidas ainda
pequenas biografias de Maurício Tizumba e de Dona Efigênia.
Falando em nome dos homenageados, Tizumba afirmou
que sempre se surpreende quando há um reconhecimento da luta do povo
negro, sobretudo em Belo Horizonte, considerada por ele uma das
cidades mais racistas do País. "O povo negro tem pressa. Dele foi
tirado tudo e não há mais tempo. As coisas só vão mudar se formos
buscar o que é nosso por direito", conclamou, defendendo pontos como
a política de cotas raciais e a inclusão de disciplina sobre a
África na grade curricular.
Deputados destacam importância de líder
negro
O deputado Carlin Moura (PCdoB) acrescentou que o
Dia da Consciência Negra foi comemorado em várias cidades do País,
com plataforma unificada em torno das cotas, do feriado nacional e
da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. "Zumbi foi considerado
bandido por dois séculos, mas foi resgatado pelo movimento negro",
citou. Moura mencionou ainda a luta do MST para punir os
responsáveis pelo assassinato de cinco trabalhadores rurais em
Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, ocorrido em 2004, também no
dia 20 de novembro.
Já o deputado Almir Paraca (PT), que presidiu a
reunião, citou o histórico de obstáculos impostos aos negros no
Brasil e afirmou que o exemplo de Zumbi vem iluminando uma nova
consciência. "O nome Zumbi significa a força do espírito presente",
completou. Segundo Almir Paraca, a diversidade cultural é tão
importante para a democracia brasileira quanto a diversidade
biológica para a preservação da vida. A reunião contou com
apresentações artísticas dos músicos Ari Elton e Queiroga e da atriz
Júnia Bertolino, que se apresentou com a Companhia Baobá de Arte
Africana.
Compuseram a mesa também a presidente do Sindicato
das Trabalhadoras Domésticas, Maria Ilma Ricardo; a coordenadora de
Assuntos da Comunidade Negra da Prefeitura de Belo Horizonte, Maria
da Graça Sabóia; e o coordenador estadual do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Wanderlei Martins. A deputada
Gláucia Brandão (PPS), integrante da Frente Parlamentar de Promoção
da Igualdade Racial da ALMG, enviou mensagem justificando sua
ausência.
Mensagens - Ainda na tarde
desta terça-feira (19), durante a Reunião Ordinária, o Plenário da
ALMG recebeu duas mensagens. A primeira, do governador Aécio Neves,
apresenta o nome de Luiz Carlos Balbino Gambogi para integrar o
Conselho de Defesa Social, como representante da Ordem dos Advogados
do Brasil. E a segunda, do presidente do Tribunal de Contas do
Estado de Minas Gerais, conselheiro Elmo Braz, encaminha novo
projeto de lei que altera a carreira dos servidores daquele
tribunal.
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