Copasa promete resolver problema de esgoto em Contagem

A Copasa deve inaugurar, até o final do ano, uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em Contagem e, até o primeiro ...

14/11/2007 - 00:00
 

Copasa promete resolver problema de esgoto em Contagem

A Copasa deve inaugurar, até o final do ano, uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em Contagem e, até o primeiro trimestre de 2008, resolver o problema de coleta e tratamento de esgoto de todos os bairros da bacia da Lagoa Várzea das Flores. O anúncio foi feito pelo chefe distrital da companhia em Contagem, Marcelo Godinho Fernandes, durante audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (14/11/07). No encontro, solicitado pelo deputado Carlin Moura (PCdoB), lideranças do município denunciaram que vários bairros não têm saneamento e que o esgoto é lançado, in natura, nos córregos. O superintendente de operação da Copasa, Clébio Antônio Batista, reconheceu o passivo ambiental.

De acordo com o vereador Lucas Cardoso (PCdoB), dos 23 bairros que compõem a bacia Várzea das Flores, 15 sequer contam com coleta de esgoto e os dejetos são despejados pelos moradores em fossas sépticas. Nos oito restantes, a Copasa já realizou as ligações para coleta, mas despeja os resíduos sem qualquer tratamento no Ribeirão do Sujo, um dos afluentes da lagoa. A Várzea das Flores é o principal cartão postal e área de lazer da cidade, além de ser responsável pelo abastecimento de água potável em boa parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). "Isso é um crime ambiental", acusou o vereador durante ao audiência. Ele completou que muitos moradores bebem e se banham nas águas da lagoa.

Marcelo Godinho explicou que as obras já estão bem adiantadas e foram paralisadas em função de um aditivo de R$ 11 milhões que está sendo oficializado com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para ampliar o projeto. Assegurou, no entanto, que até dezembro a estação estará em funcionamento. De acordo com o técnico, todos os bairros da bacia serão atendidos pela ETE e terão os esgotos coletados até o ano que vem.

Explicou, ainda, que a obra está atrasada em muitos bairros por problemas topográficos, o que dificulta a captação do esgotos. Outra dificuldade citada por ele é em relação a loteamentos que não foram aprovados e onde o Ministério Público não permite a ligação de água e esgoto. Godinho adiantou que essas questões já estão sendo solucionadas e não vão atrasar as previsões de finalização das obras. "Até dezembro não vamos lançar mais nenhum resíduo na Várzea das Flores", prometeu.

Debatedores não se convencem sobre poluição do córrego

Apesar das promessas apresentadas pelo representante da Copasa, nem todos os participantes da audiência se convenceram sobre a necessidade de se lançar o esgoto in natura no córrego. O deputado Carlin Moura lembrou que antes da construção da ETE, os resíduos eram depositados em fossas. Em sua opinião, era preferível manter a prática até a finalização da obra, que já está tão próxima. "Eu estou temerário em relação a esse período de transição até que a ETE entre em funcionamento. Meu receio é que a poluição do córrego prejudique também a lagoa de forma irreversível", ponderou.

O superintendente de obras, Clébio Batista, disse que a quantidade de resíduos despejada não chega a prejudicar a qualidade do manancial, mas também não persuadiu o parlamentar. "Vou solicitar que essa informação nos seja transmitida por escrito", avisou Carlin Moura.

O vereador Lucas Cardoso considerou que confirmação pela Copasa de que despeja os resíduos no ribeirão já é "um caso de polícia". Outra moradora, que se identificou apenas como Alenita, também colocou em dúvida o compromisso apresentado pela companhia. Segundo ela, há mais de quatro anos que as obras estão sendo executadas e nunca se concluem. "Eu não acredito que até dezembro isso será finalizado", desafiou.

Falta d´água - Ex-prefeito de Contagem, o deputado Ademir Lucas (PSDB) se mostrou preocupado sobretudo com o problema de falta de água em alguns bairros também denunciada na audiência. "A gente sabe que a Copasa está fazendo altos investimentos em serviço de esgoto, mas é um absurdo convivermos, em pleno século 21, com a falta de água", comparou.

O presidente da Associação Comunitária do Tropical II, Márcio Oliveira Júnior, reclamou que três ruas do bairro não contam com água tratada. Ele disse que os moradores estão sendo abastecidos por caminhões-pipa da Prefeitura, mas estão ameaçados de ver os serviços suspensos pela administração municipal. "A Prefeitura diz que a responsabilidade é da Copasa e a companhia não faz as ligações. Nós precisamos da água e não podemos ficar esperando quem vai resolver o problema", provocou.

Em resposta à queixa, o representante da Copasa afirmou que a concessionária está tentando alocar recursos dentro dos planos orçamentários de 2008 a 2010.

O deputado Wander Borges (PSB) lembrou que as pessoas que moram nesses bairros pobres não o fazem por opção, e, sim, por necessidade. Assim, não podem ser responsabilizadas por falhas do poder público, como a inobservância da legalidade dos loteamentos ou a falta dos serviços básicos. "A população não pode pagar o pato", afirmou.

Já o deputado Ronaldo Magalhães (PSDB) lamentou a ausência do Ministério Público nos debates. Ele lembrou que os defensores da sociedade poderiam esclarecer dúvidas sobre os bairros que não têm autorização e defender os direitos dos cidadãos ali presentes. O presidente da comissão, deputado Weliton Prado (PT) ressaltou a importância da mobilização dos moradores para tentar encontrar uma solução para o grave problema.

Presenças: Deputados Weliton Prado (PT), presidente; Ronaldo Magalhães (PSDB), Ademir Lucas (PSDB), Carlin Moura (PCdoB) e Wander Borges (PSB). Além dos citados na matéria, também compuseram a mesa o engenheiro de Projetos da Copasa em Contagem, Wellington Jorge Santos; a presidente do Grupo Reage Minas do bairro Estaleiro 1, Irene Souza Lopes; e a moradora do bairro Serra Verde, Eliane Diniz.

 

 

 

 

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