Comerciantes vão negociar desapropriação de prédio com a Seplag

A Comissão de Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais recebeu, nesta quarta-feira (14/11/07), no Salão Nobr...

14/11/2007 - 00:00
 

Comerciantes vão negociar desapropriação de prédio com a Seplag

A Comissão de Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais recebeu, nesta quarta-feira (14/11/07), no Salão Nobre, representantes do Ipsemg, do Ministério Público e dos comerciantes da Feira Mix, situada no centro de Belo Horizonte. O objetivo inicial seria a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para garantir maior tempo de permanência dos feirantes no imóvel, que era de propriedade do Ipsemg. Mas a informação de que o imóvel não pertence mais ao instituto, prorrogou as negociações, que agora deverão ser feitas com o novo proprietário, o Estado.

O deputado João Leite (PSDB) explicou que o governo baixou um decreto de desapropriação do imóvel para utilidade pública, em maio deste ano. "O Ipsemg está entregando o imóvel para o Estado, e a negociação que estava sendo feita com o instituto deverá ser realizada agora com a Secretaria de Planejamento (Seplag)", esclareceu o parlamentar. Caso não consigam negociar, os comerciantes deverão deixar o local até o dia 15 de janeiro.

O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), lembrou que foi procurado pelos comerciantes em fevereiro deste ano com a denúncia de que estavam sendo excluídos do processo de licitação, previsto para o mês seguinte. Num encontro realizado em 5 de março, entre a comissão, os representantes dos feirantes e o presidente do Ipsemg, Antônio Abrão Caram Filho, ficou definido que a licitação seria adiada por 60 dias.

O advogado dos feirantes, William Santos, lembrou que mais de 3 mil pessoas que trabalham no local ficarão desempregadas e que elas estão preocupadas sem saber o destino que vão tomar. William destacou também que essas pessoas pagam ao Ipsemg pelo espaço que ocupam e cuidam do prédio, desde que estão lá, há cerca de 10 anos. "O prédio não é abandonado, são os feirantes que fazem a manutenção", lembrou.

Antônio Abrão Caram Filho explicou que o Ipsemg já havia lançado três editais, no início do ano, que foram examinados e aprovados pelo Tribunal de Contas do Estado: um para a licitação do estacionamento, outro para uma agência de banco, e um terceiro para a área ocupada pelos comerciantes. As duas primeiras licitações já foram realizadas, e somente a ultima não aconteceu devido às negociações.

O promotor Leonardo Barbabella disse que o Ministério Público foi acionado devido às concessões que o presidente do Ipsemg estava fazendo aos feirantes: "Não houve licitação para ocupação do imóvel e, além do mais, os comerciantes estão pagando um preço bem abaixo do praticado no mercado", afirmou. O promotor explicou que o MP deveria ter efetuado o despejo imediatamente, mas preferiu negociar depois que Antônio Abrão Caram explicou a situação delicada dos comerciantes. A promotora Elisabeth Cristina dos Reis Villela acrescentou que o MP defende os bens públicos e que "infelizmente os comerciantes terão que sair".

Para o deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB), vice-presidente da comissão, o TAC vai regularizar somente a situação do Ipsemg perante o Ministério Público. Para ele, caso os feirantes assinem o documento, não terão nenhum ganho, nem a médio, nem a longo prazo, pois o Estado, que é o novo proprietário do imóvel, não foi citado no documento. "Esta comissão vai continuar trabalhando para definir a situação dos comerciantes, que só terão um solução definitiva depois de negociarem com a Secretaria de Planejamento", observou.

De acordo com o deputado Durval Ângelo "nem tudo voltou à estaca zero apesar do fato que mudou o rumo das negociações, pois os feirantes que teriam que deixar o imóvel em março deste ano, terão que sair somente em janeiro de 2008". O deputado garantiu que vai marcar uma reunião com a secretária de Planejamento, Renata Vilhena, juntamente com os feirantes, para tentar nova negociação.

Requerimentos - No início da reunião foram aprovados oito requerimentos de autoria do deputado Durval Ângelo: dois deles solicitando que sejam encaminhados ofícios, um ao delegado da Cadeia Pública de Santa Rita de Caldas, no Sul de Minas, solicitando os inquéritos policiais sobre os detentos suspeitos de crimes de abuso sexual contra presos alojados na mesma cela, em setembro deste ano; e o segundo ao Ministério Público da cidade solicitando que seja enviada à comissão cópia da fita de vídeo que exibe as cenas de abuso sexual.

Foram aprovados também dois requerimentos pedindo a realização de audiências públicas. Uma reunião conjunta entre a Comissão de Direitos Humanos e a Comissão de Saúde para averiguar as condições de funcionamento do hospital JK, no bairro Barreiro, em Belo Horizonte; e uma audiência pública no município de Araguari, no dia 19 de novembro, para esclarecer possível crime de tortura ocorrido na cadeia pública do município.

Outros requerimentos aprovados foram os seguintes: para que sejam encaminhadas cópias das notas taquigráficas da reunião realizada em Barbacena, em 8 novembro deste ano, para o Secretaria de Defesa Social e para a Promotoria de Justiça da Comarca de Barbacena, para que sejam tomadas as devidas providências; solicitando à direção do hospital psiquiátrico Jorge Vaz cópia dos prontuários médicos dos pacientes Wanderley Cruz Sídio, Dereck Augusto Santarelli e Anderson Fernandes, falecidos em abril deste ano; e solicitando que sejam encaminhadas ao secretário de Estado de Defesa Social e ao subsecretário de Administração Penitenciária as reivindicações prioritárias da direção do hospital Jorge Vaz. O último requerimento pede para que seja formalizada a participação dos membros da comissão no seminário que discutirá o tema "Apac x Presídio, a Vida em Primeiro Lugar", que será realizado em Ponte Nova, no dia 29 de novembro deste ano.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Luiz Tadeu Leite (PMDB), vice; e João Leite (PSDB).

 

 

 

 

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