Comissões pedem interdição do transporte escolar de Patrocínio

Interdição total do transporte escolar de Patrocínio, até que sejam apuradas as denúncias envolvendo o setor e tomada...

13/11/2007 - 00:01
 

Comissões pedem interdição do transporte escolar de Patrocínio

Interdição total do transporte escolar de Patrocínio, até que sejam apuradas as denúncias envolvendo o setor e tomadas as providências para equacionar o problema. Essa foi a solicitação unânime dos quatro parlamentares presentes à reunião conjunta das comissões de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática e de Transporte, Comunicação e Obras Públicas, da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta terça-feira (13/11/07), nesse município do Alto Paranaíba. Quase 200 pessoas, entre pais, alunos e autoridades, participaram da audiência pública.

Na reunião, foram feitas denúncias de desvios de recursos pela Prefeitura de Patrocínio, que seriam destinados ao transporte escolar, provocando o caos na educação. Os fatos chegaram à Comissão de Educação através da denúncia anteriormente enviada por quatro vereadores patrocinenses. Ao final da reunião, foram aprovados sete requerimentos das duas comissões pedindo providências a órgãos e autoridades envolvidos com o assunto.

No início da audiência, o vice-prefeito de Patrocínio, Jorge Marra, que rompeu politicamente com o atual prefeito, denunciou que, desde fevereiro de 2005, o pagamento às duas empresas do transporte escolar rural na cidade estaria sendo feito diretamente pelo prefeito, Júlio Cesar Elias Cardoso, sem a participação do secretário de Obras, Marconi Malagoli, responsável pela área. Segundo Jorge Marra, os donos das empresas Maneiro Transportes e Rota do Sol o procuraram para relatar que, pela licitação para o transporte rural, o valor a ser pago às empresas por km rodado seria de R$3,19, mas o prefeito estaria pagando R$2,30. Para Marra, a diferença estaria sendo desviada pelo prefeito Júlio Elias. "A administração incoerente e corrupta inviabiliza o crescimento de Patrocínio. A cidade está em situação de calamidade pública", reclamou ele.

Vídeo mostra precariedade do transporte escolar

Os vereadores autores da denúncia também se pronunciaram. Alcides Dornelas dos Santos apresentou um vídeo com imagens que mostram a precariedade do transporte escolar na zona rural: ônibus com mais de 20 anos de uso, enferrujados, com bancos rasgados, e que estragam constantemente. Segundo ele, a situação vem desde o início da atual administração, que recebeu uma frota sucateada. Na época, o prefeito abriu licitação para promover a renovação da frota. De acordo com o vereador, uma das empresas vencedoras - a Maneiro Transportes - não poderia ter sido contratada, pois já tinha dívidas de cerca de R$ 1,5 milhão. A dificuldade vem impedindo-a de cumprir suas obrigações, na área trabalhista (levando-a a atrasar salários dos motoristas em até três meses), na aquisição de ônibus novos e na manutenção dos atuais, e no pagamento de fornecedores.

Ainda segundo Alcides Dornelas, depois de dois anos, foi feita outra licitação saindo vencedora a empresa Rota do Sol. Ele disse que a empresa hoje também tem problemas financeiros (dívida de mais de R$1 milhão) porque a prefeitura não vem pagando-a regularmente. Com todos esses problemas, o vereador afirmou que "o transporte usado para os jovens de Patrocínio é inferior ao que leva animais para o frigorífico".

Já o vereador Vanderlei Marra acrescentou que, no início da atual administração, em 2005, a Câmara autorizou o prefeito a negociar a dívida previdenciária do município. "R$15 milhões foram desviados do instituto de previdência municipal para aplicar no transporte. Os recursos deveriam ser repassados para o INSS. Com essa dívida, depois de dois anos, o INSS bloqueou repasses à prefeitura e bloqueou a emissão do documento que comprova a regularidade de situação previdenciária - o CND. Atualmente, o passivo financeiro do município é de R$26 milhões, segundo Marra.

Secretário explica contratações emergenciais

Em resposta as denúncias, o secretário Municipal de Obras, Marconi Malagoli, disse que, devido aos problemas com as empresas contratadas por licitação, foram feitas contratações emergenciais. "Contratamos 47 ônibus da zona rural mesmo. Fomos lá, verificamos os ônibus, que estavam numa condição razoável, e os colocamos para rodar, para os alunos não ficarem sem transporte", declarou. Sobre as denúncias de desvios pelo prefeito, Malagoli disse que não tinha conhecimento de nada disso.

A promotora de Justiça da Infância e da Adolescência de Patrocínio, Luciana Teixeira Resende, anunciou já havia oficiado as autoridades envolvidas, entre elas, o prefeito. Disse também que protocolou, na segunda-feira (12), ação civil pública para garantir o transporte escolar, com segurança, pela prefeitura. Sobre a denúncia de desvios, todas foram repassadas ao promotor do Patrimônio Público, Rodrigo Domingos Taufic.

Deputados pedem providências

O presidente da Comissão de Educação, deputado Deiró Marra (PR), lamentou a ausência do prefeito. "O desrespeito não é apenas com a Assembléia, mas com o povo da cidade que o elegeu", afirmou. O deputado Vanderlei Jangrossi (PP) acompanhou Deiró na crítica.

O deputado Carlin Moura (PCdoB), se disse estarrecido com as denúncias. E exigiu a suspensão imediata do transporte escolar na cidade. "Tem que suspender imediatamente esse transporte. Se uma criança sofrer acidente nesses ônibus, quem vai pagar por isso?", questionou. Concordando com Carlin, Vanderlei Jangrossi defendeu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pela Câmara Municipal. A deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM) apoiou a fala dos outros parlamentares e exigiu providências da Câmara e também a interdição do transporte escolar local.

Requerimentos - Foram aprovados sete requerimentos de autoria das duas comissões, pedindo providências aos seguintes órgãos e autoridades: ao Ministério Público do Trabalho, a abertura de sindicância para apurar as condições de trabalho e atrasos nos pagamentos aos trabalhadores do transporte escolar; ao TCU, uma auditoria na execução das despesas mencionadas; à Receita Federal, a fiscalização das notas fiscais referentes a essa despesas; ao procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, providências quanto às denúncias; e à Câmara Municipal de Patrocínio, a instauração de uma CPI sobre o tema. Ao Tribunal de Contas da União (TCU), Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e Controladoria Geral da União, ofícios formulando denúncia das irregularidades no transporte escolar.

Presenças - Pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática, deputado Deiró Marra (PR), presidente; deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), vice; e deputados Carlin Moura (PCdoB) e Vanderlei Jangrossi (PP), esse último também membro da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas. Além dos citados na matéria, compôs também a mesa o sargento Alencar , da Polícia Rodoviária Estadual.

 

 

 

 

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