Pacto político e planejamento são desafios para Vale do Aço

A programação da manhã do segundo e último dia da 1a Conferência da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA), nesta...

13/11/2007 - 00:01
 

Pacto político e planejamento são desafios para Vale do Aço

A programação da manhã do segundo e último dia da 1a Conferência da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA), nesta terça-feira (13/11/07), incluiu a apresentação do diagnóstico da RMVA, das diretrizes de planejamento das cidades e da estratégia metropolitana. Promovida pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru) e governo, a conferência teve início na última segunda (12). O diagnóstico da RMVA foi apresentado anteriormente à comunidade, que formulou propostas como o fortalecimento dos hospitais-âncora; a implantação da Universidade do Vale do Aço; a ampliação do apoio ao Banco Popular e a iniciativas de micro-crédito; uma gestão integrada do lixo do Vale do Aço; a regulamentação dos serviços de táxi metropolitano e fretamentos e a criação de uma política ambiental para a RMVA.

As propostas serão analisadas pela Agência Metropolitana, que é o órgão técnico e executivo da RMVA cujo projeto será apresentado durante a conferência. Cabe a ela a elaboração do Plano Diretor Metropolitano e dos demais planos e projetos de desenvolvimento. A deputada Elisa Costa (PT), coordenadora do primeiro debate desta terça, abriu os trabalhos destacando que essa fase da construção coletiva é muito importante para o futuro da região. "Sou testemunha do empenho da Secretaria e da sociedade civil em pensar novos modelos de gestão, a fim de construir consensos em torno de um grande pacto político para solução dos problemas. O grande desafio da região é o pacto político e o planejamento a longo prazo", declarou.

Diagnóstico - A subsecretária de Desenvolvimento Metropolitano da Sedru, Maria Madalena Franco Garcia, foi a responsável por apresentar o diagnóstico da RMVA, que será a base para o plano diretor da região. Entre os indicadores sociais, ela ressaltou as diferenças entre as cidades. "A população de Ipatinga está migrando para as cidades vizinhas, enquanto Santana do Paraíso tem a menor densidade demográfica da região, mesmo com o crescimento maior entre as quatro cidades", disse. O diagnóstico apontou que Ipatinga concentra 80% do ICMS da região. Santana do Paraíso é a cidade com o menor índice, com 1,7%.

Segundo o estudo, a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) de Timóteo e Ipatinga está acima da média do Estado. Ambas apresentam o PIB setorial industrial maior da região, devido às atividades da Acesita e da Usiminas, respectivamente. "Em relação à evolução dos empregos formais, a Região Metropolitana do Vale do Aço só perde para a região de Vitória, no Espírito Santo", informou a subsecretária. O diagnóstico completo pode ser encontrado no site da Sedru, www.urbano.mg.gov.br.

Debates - Na fase de debates, o reitor do Centro Universitário do Leste de Minas (Unileste), Genésio Zeferino da Silva Filho, reafirmou a contribuição da instituição para o desenvolvimento regional e ressaltou que o plano diretor metropolitano levar em conta a alta urbanização da RMVA, entre outros pontos. Representantes da sociedade civil levantaram questões como a poluição das águas da região e a necessidade de um mapa hídrico da RMVA; o problema prisional; a falta de um centro de atendimento ao adolescente; a necessidade de uma política de segurança contra as drogas; a situação do Parque do Rio Doce e os altos valores do mercado imobiliário.

A subsecretária respondeu todas as questões lembrando a importância da gestão compartilhada. "Os problemas e as sugestões devem chegar até o Conselho Metropolitano para que ele possa atuar de forma global". Ela informou que a Sedru vai se reunir para discutir problemas comuns entre as Secretarias de Meio Ambiente, de Defesa Social e de Transportes.

Prefeitos divergem quanto à composição da Assembléia Metropolitana

Durante os debates, o prefeito de Coronel Fabriciano, Chico Simões, cobrou uma visão coletiva. "Até agora nenhuma cidade ajuda a outra, até porque a legislação não permite. Fabriciano sofre amargamente com o crescimento de Ipatinga. Temos que ter crescimento harmônico, cooperação. Fabriciano e Santana talvez sejam os mais interessados nessa união", avaliou. O prefeito de Santana do Paraíso, Joaquim Correia de Melo, argumentou que a diferença entre as cidades ainda tem chance de ser solucionada. "Queremos crescer com igualdade e ser tratados também com igualdade." O prefeito de Ipatinga, Sebastião Quintão, pediu visão suprapartidária e deixou claro que a questão que se apresentava era o número de representantes de sua cidade na Assembléia Metropolitana. Santana e Fabriciano discordam do fato de Ipatinga ter um representante a mais na Assembléia Metropolitana.

O que é a Assembléia Metropolitana - A Assembléia Metropolitana é o órgão de decisão superior e de representação do Estado e dos municípios da RMVA. Cabe a ela definir as macro-diretrizes do planejamento global da região metropolitana. Os integrantes serão os titulares das Secretarias de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, de Meio Ambiente, de Desenvolvimento Econômico e de Planejamento e Gestão. Também os quatro prefeitos e os quatro presidentes das câmaras dos municípios da RMVA integram a Assembléia.

Já a deputada Rosângela Reis ressaltou o trabalho ousado promovido pela Sedru, segundo ela, de apoio à criação da RMVA. Pediu ainda o entendimento entre os representantes dos municípios. "O que precisamos aqui é andar de mãos dadas. Precisamos sair desse evento com a representação fechada dentro da legislação aprovada. Se precisamos buscar outros entendimentos, vamos fazê-lo, mas não podemos abrir mão do que está estabelecido." A parlamentar informou a apresentação de emenda ao projeto que dispõe sobre ICMS Solidário, em tramitação na Assembléia, para que a redistribuição de recursos fique dentro da RMVA.

Governo do Estado prevê investimentos de R$ 5 bilhões na RMVA em quatro anos

Na segunda fase da programação da manhã, o tema abordado foi o planejamento das cidades e a estratégia metropolitana. A deputada Cecília Ferramenta (PT) opinou que, pela primeira vez, há um olhar firme do governo estadual para a região metropolitana. Ela informou a apresentação de emendas ao Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), em tramitação na Assembléia, no total de R$ 28 milhões, voltados para a implementação e para o desenvolvimento da RMVA. Cecília Ferramenta salientou a necessidade de recursos financeiros para as ações da RMVA e pediu que o governo disponibilize verba, no próximo Orçamento, para estruturação da Agência e da Assembléia Metropolitana.

Também abordaram o tema planejamento das cidades o coordenador do diagnóstico da RMVA, José Oswaldo Lasmar, da Fundação João Pinheiro (FJP); o superintendente central de Gestão Estratégica dos Recursos e Ações do Estado da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Thiago Coelho Toscano; e a deputada Rosângela Reis. Inicialmente, Toscano apresentou o contexto da urbanização no Brasil e lembrou a ausência de políticas explícitas capazes de impactar as realidades regionais. Ele também falou sobre aspectos importantes a serem considerados no planejamento das cidades e detalhou os investimentos do governo estadual na RMVA, que chegam a R$ 5 bilhões nos próximos quatro anos.

Entre os programas que serão contemplados estão o de alimentação escolar; de atendimento à educação especial; desenvolvimento da educação infantil; construção de linhas de transmissão de energia; programa Lares Geraes, de habitação popular; programa Minas Comunica, de telefonia; programa de oferta de gás natural; Pró-Acesso, de ligação asfáltica; melhoria do aeroporto regional e construção de um Centro de Internação do Adolescente. "Lembro também que o Fundo da Região Metropolitana já foi criado e que está em fase de negociação de recursos", informou.

Eleições - Para José Oswaldo Lasmar, da FJP, o ano de 2008 será decisivo na compreensão dos representantes e da população. "Todos os quatro prefeitos (de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso), além dos de Mesquita, Ipaba e Belo Oriente têm que repassar para seus companheiros de partido e para a população como os candidatos compreendem e de que forma atuarão em relação à RMVA. Na campanha, os candidatos devem dizer o que pensam sobre essa nova metrópole", declarou. Lasmar avaliou que, a rigor, o desenvolvimento metropolitano é papel do Estado e dos municípios. A Constituição Federal não obriga nada em relação às metrópoles. "A ameaça é a não cooperação; não integrar soluções. O Vale do Aço não tem escolha. Tem que haver integração. Para o bem e para o mal, essa é uma região já conurbada", opinou.

Conselho Deliberativo da RMVA

O Conselho Deliberativo de Desenvolvimento Metropolitano tem nove representantes, sendo cinco do poder executivo municipal, quatro do estadual e um representante da sociedade civil organizada. A função do conselho é orientar, planejar, coordenar e controlar as execuções de funções públicas de interesse comum. O conselho estimula a elaboração e aprova o Plano Diretor de Desenvolvimento Metropolitano, acompanha a implementação dos projetos indicados no plano e delibera sobre a utilização dos recursos do Fundo Metropolitano.

O que é a Região Metropolitana do Vale do Aço

Situada na macrorregião do Rio Doce, a RMVA é composta por quatro municípios do Núcleo Metropolitano: Coronel Fabriciano, Ipatinga, Timóteo e Santana do Paraíso, sendo a segunda maior concentração urbana industrial do Estado. Diferentemente da maioria das regiões metropolitanas do Brasil, a RMVA não tem um município-sede. Os municípios da RMVA foram distritos que se emanciparam de Coronel Fabriciano a partir da década de 60 e hoje formam um conjunto urbano contínuo. Santana do Paraíso, distrito emancipado de Mesquita, além de fazer parte do conjunto urbano de Ipatinga, é importante área industrial e sede do aeroporto que atende a RMVA.

Além do núcleo, o Colar Metropolitano, que é a região constituída por municípios do entorno, é formado por: Açucena, Antônio Dias, Belo Oriente, Braúnas, Bugre, Córrego Novo, Dom Cavati, Dionísio, Entre-Folhas, Iapu, Ipaba, Jaguaraçu, Joanésia, Marliéria, Mesquita, Naque, Periquito, Pingo d'Água, São José do Goiabal, São João do Oriente, Sobrália e Vargem Alegre. O núcleo metropolitano abriga 71% da população da região e 2,2% da população do Estado.

A presença das usinas siderúrgicas marca a região com um grande dinamismo, mas, ao mesmo tempo, apresenta desafios impostos pela globalização do setor e pelo novo ciclo tecnológico. A RMVA está vitalizada e ainda apresenta grande potencial de crescimento. Os indicadores que comprovam o desenvolvimento da região são, entre outros, a crescente integração do conjunto urbano do núcleo formado por Timóteo, Ipatinga e Coronel Fabriciano e principalmente o aumento da renda per capita.

Presenças - Compuseram a Mesa, no início da manhã, a deputada Elisa Costa (PT), que coordenou os trabalhos; o secretário de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, deputado Dilzon Melo; a subsecretária de Desenvolvimento Metropolitano da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), Maria Madalena Franco Garcia; o reitor da Unileste, Genésio Zeferino da Silva Filho; José Oswaldo Lasmar, da Fundação João Pinheiro; os prefeitos Chico Simões (Coronel Fabriciano), Joaquim Correia de Melo (Santana do Paraíso) e o representante de Timóteo, Ernan Bittencourt.

Na segunda parte da manhã, a Mesa foi formada pelas deputadas Cecília Ferramenta (PT) e Rosângela Reis (PV), além de José Oswaldo Lasmar, da FJP, e do superintendente central de Gestão Estratégica dos Recursos e Ações do Estado da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Thiago Coelho Toscano.

 

 

 

 

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