Manicômio judiciário nega que mortes tenham sido negligência

No intuito de esclarecer as mortes ocorridas no Hospital Psiquiátrico e Judiciário Jorge Vaz, o manicômio judiciário ...

08/11/2007 - 00:01
 

Manicômio judiciário nega que mortes tenham sido negligência

No intuito de esclarecer as mortes ocorridas no Hospital Psiquiátrico e Judiciário Jorge Vaz, o manicômio judiciário em Barbacena, a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizou audiência pública naquele município, localizado na região Central do Estado. A reunião, realizada na própria instituição, aconteceu nesta quinta-feira (8/11/07), a requerimento do deputado Durval Ângelo, presidente da comissão, que afirmou terem sido feitas denúncias de internos da unidade de violência e negligência por parte dos profissionais do hospital. A diretora do manicômio, Valéria Vieira Carvalho Santana, nega as acusações, e afirma que as mortes foram casos de suicídio.

Foram ouvidos representantes das Secretarias de Estado de Saúde e Defesa Social; da Promotoria de Justiça da Comarca de Barbacena; e da Diretoria e do Conselho Curador do hospital. Valéria Santana relatou que as três mortes registradas na instituição - que atende presos portadores de doenças mentais -, ocorreram entre os meses de março e abril, sendo todos casos de suicídio, cometidos por enforcamento. Para ela, a equipe da unidade tenta evitar ao máximo esses tipos de caso, mas nem sempre é possível. "A vigilância é intensa, mas as ocorrências acontecem em questão de segundos e as tentativas são rotineiras", lamentou. Sobre a denúncia de negligência dos profissionais, ela afirmou que o atendimento, para alimentação, medicamentos, e cuidados está regularizado. Valéria Santana disse ainda que o hospital tem capacidade para receber 226 pacientes, mas, hoje, conta com 185, entre homens e mulheres. São 176 profissionais, entre agentes, médicos e auxiliares de serviços gerais.

Negligência no atendimento é descartada

O presidente do Conselho Curador do Hospital Psiquiátrico e Judiciário Jorge Vaz, Luis Carlos Neto, disse que a entidade tem a função de fiscalizar e prestar ajuda aos internos, em temos de recursos de primeira necessidade. Para ele, não há elementos que possam dizer que houve qualquer ação por parte dos servidores da unidade, que tenha motivado os suicídios. "Não me assustam as tentativas de auto-extermínio, em um local repleto de portadores de deficiência mental. É da natureza deste tipo de paciente. O que me impressiona é a denúncia infundada, que, certamente, é fruto de disputa política", alertou. "O que a instituição precisa é de mais recursos, pois o trabalho feito é muito bom", concluiu o curador.

O perito do Hospital Psiquiátrico, Sebastião Vidigal, reforçou ainda, que os distúrbios dos detentos são de difícil tratamento e atendimento. "A sociedade está doente e os casos de depressão e envolvimento com drogas e álcool são os que mais matam por suicídio em todo mundo. Por isso, as tentativas são grandes aqui e em todos os manicômios judiciários", disse. Os representantes das Secretarias de Estado de Saúde e de Defesa Social, Mauro Borgo e Marcelo José Gonçalves, fizeram coro às palavras de Vidigal, e lembraram ser difícil mensurar o número de tentativas de suicídio, apesar de reconhecer que a incidência é grande. "Parabenizo a equipe pelo esforço e o trabalho continuado, especialmente pelos poucos recursos", afirmou Borgo.

Sindicância - A represente da Corregedoria da Secretaria de Estado de Defesa Social, Luciana Moura, afirmou que há uma investigação sendo feita pelo Judiciário local, que, a princípio, não constatou ter havido qualquer ação de negligência nas ocorrências citadas. Segundo ela, no entanto, teria sido expedido apenas um parecer preliminar, que ainda pode trazer novas informações e conclusões.

Hospital faz reivindicações ao poder público

Após a reunião, a diretora da instituição reivindicou à Secretaria de Defesa Social uma nova ambulância, a construção de um auditório, de oficinas terapêuticas, de nova portaria adequada para revistas e visitas, adequação no contrato das cozinhas, quadra esportiva coberta para atividades recreativas, melhoria na iluminação, novos alambrados, reforço na vigilância, adequação na arquitetura de isolamento dos detentos, além de mais agilidade das comarcas judiciais nos processos dos internos. O deputado Durval Ângelo disse que encaminhará a lista de reivindicações ao Poder Executivo e Ministério Público, e acompanhará o andamento das providências.

Visita - A comissão fez ainda uma visita ao hospital, para conhecer as instalações e verificar as condições dos presos. Para Durval Ângelo, é preciso que os pedidos da unidade sejam atendidos o mais rápido possível pela Secretaria de Defesa Social, para que não ocorram novos casos de suicídios, como os registrados este ano. "Devemos discutir também um novo procedimento para que se defina a real necessidade do encaminhamento dos pacientes para os hospitais psiquiátricos e judiciários", finalizou.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente; a promotora de Justiça da Comarca de Barbacena, Lenira de Castro Luís; o padre Alvin Gonçalves; além dos convidados citados na matéria.

 

 

 

 

 

 

 

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