Defendida criação de grupo para avaliar medicamentos do SUS

A criação de uma comissão técnica composta por especialistas para avaliar a inclusão ou exclusão de medicamentos de f...

08/11/2007 - 00:00
 

Defendida criação de grupo para avaliar medicamentos do SUS

A criação de uma comissão técnica composta por especialistas para avaliar a inclusão ou exclusão de medicamentos de fornecimento excepcional (de alto custo) ou de procedimentos terapêuticos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi sugerida por autoridades e deputados que participaram, nesta quinta-feira (8/11/07), de reunião da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. O presidente da comissão, deputado Carlos Mosconi (PSDB), afirmou que irá apresentar requerimento, dirigido ao senador Tião Viana (PT-AC), para a apresentação de emenda, que cria a comissão, ao Projeto de Lei Federal 219/07, de autoria do senador. O projeto altera a Lei 8.080, de 1990, e dispõe sobre a oferta de medicamentos e procedimentos terapêuticos pelo SUS.

O presidente da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Carlos Alberto Pereira Gomes, explicou que o projeto de lei federal está regulamentando a Lei 8.080, na medida em que determina a especificação dos medicamentos e procedimentos terapêuticos que devem ser fornecidos pelo SUS. Segundo ele, a proposição estabelece que os medicamentos a serem fornecidos deverão ter seu uso regulamentado e registrado no Brasil. Além disso, deverão fazer parte de um protocolo, que contém, entre outros, a experiência clínica com o uso dos remédios e os problemas constatados.

Carlos Alberto Gomes defendeu, entretanto, a inserção de uma emenda no projeto prevendo a criação de uma comissão de especialistas para avaliar constantemente os medicamentos que irão fazer parte ou não dessa lista. Para ele, devem fazer parte da comissão especialistas de todas as áreas e que não possuam ligação com a indústria farmacêutica.

Liminares - O presidente do Colegiado dos Secretários Municipais de Saúde do Estado (Cosmes), Mauro Guimarães Junqueira, também defendeu o projeto de lei e a sugestão de inclusão dos especialistas. "Se esse projeto for aprovado, o Judiciário irá consultar os protocolos e a comissão técnica antes de conceder uma liminar determinando a compra de um medicamento que ainda não foi registrado e não possui eficácia comprovada", afirmou. Segundo ele, em alguns municípios, as liminares concedidas muitas vezes comprometem todo o orçamento do mês.

Nesse sentido, o gerente de Medicamentos Excepcionais do Estado de Minas Gerais, Wenderson Walla Andrade, citou um exemplo de uma ação movida na Justiça em que um paciente solicita a realização de um tratamento pelo SUS, que ainda não teve a eficácia comprovada e não possui registro, e que irá custar R$ 1 milhão. "Essa situação tem que ser avaliada, pois o valor gasto pelo Estado com um paciente em um tratamento sem eficácia comprovada poderia ser utilizado em muitos outros medicamentos para milhares de pacientes", destacou.

Protocolos devem ser constantemente atualizados

A atualização dos protocolos que irão orientar os medicamentos a serem disponibilizados foi defendida pelo presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Hermann Alexandre Von Tiesenhausen. Para ele, muitas vezes, a elaboração desses protocolos é demorada, o que pode ser agilizado com a criação da comissão de especialistas. O autor do requerimento para realização da reunião, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), afirmou que uma das preocupações que o levou a sugerir o debate foi justamente o fato de que o último protocolo feito é de 2000. "É necessário tomar cuidado para que a regulamentação não restrinja o acesso da população a novos medicamentos", ponderou.

Entretanto, o presidente da Funed, Carlos Alberto Gomes, disse que, atualmente, não existe um grande desenvolvimento de novos medicamentos ou de novos procedimentos terapêuticos. "Apesar de o último protocolo ter sido feito em 2000, ele ainda está mundialmente atualizado", considerou. Ele reafirmou que a existência de uma comissão permanente de especialistas poderá contribuir para a agilização desse processo.

O deputado Carlos Mosconi avaliou que a reunião demonstrou a necessidade de aprovação do projeto de lei do senador Tião Viana. "É preciso ainda fazer outros debates com a participação do Poder Judiciário e do Ministério Público para discutir a descentralização da lei e a sua aplicação em Minas Gerais", destacou. Os deputados Hely Tarqüínio (PV), vice-presidente da comissão; e Doutor Rinaldo (PSB) também apoiaram a aprovação do projeto e as sugestões de mudança debatidas na reunião.

Funed - Carlos Alberto Gomes também falou sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Fundação Ezequiel Dias e pelo governo do Estado de produção e distribuição de medicamentos, através do programa Farmácia Minas. Segundo ele, em 2003, a Funed produzia 300 milhões de unidades de medicamentos e, em 2006, essa produção aumentou para mais de 1 bilhão. Ele explicou também que está havendo um aumento na variedade de medicamentos. "Com o aumento do número e da variedade de medicamentos produzidos pela Funed, estamos diminuindo os custos para o Estado e aumentando a disponibilidade dos remédios para a população", destacou.

Emenda 29 - Na reunião, vários deputados se manifestaram sobre a aprovação da Emenda à Constituição nº 29, que define os gastos com a saúde. A emenda já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e aguarda votação no Senado. Os deputados Doutor Rinaldo, Hely Tarqüinio e Ruy Muniz (DEM) lembraram que a aprovação da emenda é um avanço, já que irá trazer mais recursos para a saúde no Brasil. O deputado Carlos Mosconi também destacou a importância da aprovação da emenda, mas lamentou o fato de que o assunto está sendo tratado pelo Governo Federal apenas para viabilizar a aprovação da CPMF.

Projeto de lei determina identificação de recém-nascido e da mãe

Foi aprovado parecer favorável de 1º turno do Projeto de Lei (PL) 972/07, dos deputados Fahim Sawan (PSDB) e Eros Biondini (PHS), que institui procedimentos para identificação do recém-nascido e de sua mãe nos hospitais e nas maternidades do Estado. O relator, deputado Dalmo Ribeiro Silva, opinou pela sua aprovação com a emenda nº 1, que apenas substituiu a expressão "do Estado" por "estabelecidos no Estado".

O projeto determina que o recém-nascido e a mãe deverão usar pulseiras contendo o mesmo número ou código de barras. A criança deverá também usar uma identificação presa ao cordão umbilical. A proposição ainda estabelece que os hospitais e as maternidades deverão armazenar amostras de sangue da mãe e da criança em condições que permitam a realização de exame de DNA, pelo prazo mínimo de 20 anos.

Requerimentos - Foram também aprovados cinco requerimentos. A deputada Elisa Costa (PT) apresentou dois requerimentos: o primeiro para que sejam solicitados à Secretaria de Estado de Saúde esclarecimentos sobre a legalidade do procedimento de exclusão adotado pela Secretaria Municipal de Saúde de Manhuaçu dos pacientes a serem atendidos pelo Ipsemg, do direito de serem beneficiados pelo Programa Tratamento Fora do Domicílio, financiado pelo SUS; e o segundo pedindo a realização de audiência pública, tendo como tema " A Saúde da População Negra". O deputado Doutor Rinaldo apresentou requerimento solicitando que seja feita visita às instalações de perícia médica do Tribunal de Justiça.

Também foi aprovado requerimento da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial para que seja feita visita, com as Comissões de Defesa do Consumidor e do Contribuinte e de Política Agropecuária e Agroindustrial, ao Laboratório Nacional Agropecuário de Minas Gerais (Lanagro/MG), em Pedro Leopoldo. Já o deputado Ruy Muniz apresentou requerimento solicitando que sejam formulados votos de congratulações ao Ministério da Saúde, à Secretaria de Estado de Saúde, à Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte e à Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, pela inauguração do Centro de Especialidades Médicas.

Na reunião, foram também aprovadas proposições que dispensam a apreciação do Plenário.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio (PV), vice-presidente; Doutor Rinaldo (PSB), Ruy Muniz (DEM) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

 

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