Direitos Humanos quer esclarecer investigação de morte em Contagem

Investigações paralelas das Polícias Civil e Militar sobre o caso da morte do jovem Davidson Herculano da Silva, ocor...

01/11/2007 - 00:02
 

Direitos Humanos quer esclarecer investigação de morte em Contagem

Investigações paralelas das Polícias Civil e Militar sobre o caso da morte do jovem Davidson Herculano da Silva, ocorrida em setembro deste ano, em Contagem, motivaram o pedido de providências aos órgãos de Justiça do Estado, pelos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, durante a reunião desta quinta-feira (1o/11/07). A audiência, realizada a pedido do deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, buscou obter esclarecimentos sobre o episódio, que teria envolvido policiais militares, e ouviu autoridades ligadas à Ouvidoria e Corregedoria de Polícia Militar (PM), Polícia Civil (PC) de Contagem e parentes e amigos da vítima.

De acordo com o deputado Durval Ângelo, a vítima, acompanhada de outros quatro amigos, foi perseguida e alvejada por policiais na madrugada do dia 23 de setembro, tendo sido atingida com um tiro na nuca, quando o veículo que dirigia ainda estava em movimento. Para ele, a morte chocou pela forma da abordagem, além da suspeita de que os policiais teriam plantado drogas e armas no carro para justificar a ação. O pai de Davidson Herculano, Wiver José da Silva, fez coro ao relato do parlamentar, e disse ainda que os acusados estariam fazendo ameaças às testemunhas, que teriam dito ainda que foram efetuados disparos contra o carro, mesmo após o choque do veículo contra um muro. "Essa pequena parcela de policiais que abusa de autoridade deve ser banida. É obrigação nossa, como cidadãos, denunciarmos e zelarmos pela corporação, que tem a função de nos proteger", afirmou.

O ouvidor de polícia do Estado, Paulo Vaz Alkimim, disse que a Ouvidoria vem acompanhando o caso desde o início. Segundo ele, foram feitas denúncias e pedidos de providência à Corregedoria da Polícia Militar, que motivaram a prisão dos acusados, assim como a instalação de sindicância para apurar o flagrante das armas e drogas que teriam sido encontradas no local. "Os policiais estão em liberdade por determinação judicial, mas estão sendo submetidos a exames psicológicos e serão punidos caso seja comprovada imperícia ou abuso", prometeu.

Polícia Militar se nega a apresentar acusados

O delegado Titular da Delegacia de Homicídios de Contagem, Wagner da Silva Salles, disse que todos os procedimentos legais foram tomados, mas que a Corregedoria da PM se recusa a apresentar os militares envolvidos no episódio. Segundo ele, a alegação é de que a PC não teria competência para elaborar o inquérito. Sobre isso, o deputado Durval Ângelo lembrou a Lei Hélio Bicudo, que afirma que crimes cometidos por militares em serviço contra civis, devem ser investigados pela PC.

Em resposta, o representante da Corregedoria da PM, capitão Peterson Rodrigo Silveira, disse que foi feito um Auto de Prisão em Flagrante (AGF), que substitui o inquérito, e argumentou que, segundo a mesma lei, citada por Durval Ângelo, o resultado das investigações deve ser submetido diretamente ao Tribunal do Júri e não à PC. "Os trâmites estão corretos. Os policiais foram presos e o Ministério Público foi acionado. A PM não compactua com ações ilegais cometidas por membros da corporação e, caso seja comprovada a responsabilidade dos acusados, a punição é certa", garantiu. O delegado da 6a Delegacia Seccional de Contagem, Válter Nunes de Freitas, que preside as investigações, reforçou que o trabalho está sendo agilizado e que não há proteção ou acobertamento de envolvidos.

Sobre o possível conflito de competências, o deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB), vice-presidente da comissão, teve dois requerimentos de sua autoria aprovados, para que sejam enviados ofícios ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, à Secretaria de Estado de Defesa Social e ao Colegiado de Corregedorias, para que sejam definidas as prerrogativas e atribuições de cada órgão nesse caso.

Versão de acusados aponta resistência à ação policial

O representante da Corregedoria, capitão Peterson Silveira, relatou que os policiais envolvidos no caso defenderam-se das acusações de abuso de autoridade, afirmando que ao abordarem o veículo por meio da sirene da viatura, foram surpreendidos pela fuga em alta velocidade, além de terem verificado que um dos ocupantes do carro estaria armado. "Eles disseram que havia uma denúncia de que membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) estavam atuando na região e, por isso, fizeram a abordagem", contou.

A advogada dos policiais, Eunice Batista da Rocha, confirmou o relato de Silveira, e disse que eles agiram legalmente. "Nenhuma testemunha disse que as drogas e armas encontradas teriam sido forjadas. O que aconteceu foi uma fuga a 160 km/h, que deve ser prontamente investigada", concluiu. Sobre as denúncias de tiros contra o carro após a colisão, o delegado Wagner da Silva afirmou que a perícia desmente.

Requerimentos - Durante a reunião, foram aprovados doze requerimentos. O deputado Durval Ângelo, autor de nove deles, pede envio de notas taquigráficas e pedido de providências à Superintendência Regional do Incra, ao Centro de Apoio ao 3o Setor, à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado, e à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, sobre as denúncias apresentadas durante a audiência pública da comissão na cidade de Salto da Divisa, no último dia 25; providências à Procuradoria da ALMG quanto à ausência de promotores às audiências da comissão; e autorizou o deputado João Leite (PSDB) a representar a comissão em ato público contra o infanticídio de crianças indígenas, a ser realizado no dia 4 de novembro em Belo Horizonte.

Já o deputado João Leite, autor de outros três requerimentos, pede realização de audiência pública, para debater propostas de prevenção à vítimas de trânsito; envio de ofício à Prefeitura de Belo Horizonte, solicitando informações sobre instalação de albergue público em frente à Escola Estadual Silviano Brandão, no Bairro Lagoinha, na Capital; e solicitou à Procuradoria da ALMG envio de relatório sobre dívida da Casa com os servidores, no que se refere à URV.

Na fase de Pinga-fogo, foram aprovados seis requerimentos, que pedem providências às Ouvidorias Penitenciária e da PM, além do chefe do Estado Maior, sobre denúncias de violência policial das cidades de Belo Vale, Mariana e Morro do Pilar; e de supostos abusos na revista de visitantes à penitenciária Nelson Hungria, em Contagem.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Luiz Tadeu Leite (PMDB), vice; João Leite (PSDB); e Padre João (PT).

 

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