Comissão de Defesa do Consumidor quer discutir adulteração do leite

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai promover audiência...

01/11/2007 - 00:00
 

Comissão de Defesa do Consumidor quer discutir adulteração do leite

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai promover audiência pública para debater a adulteração de leite no Estado. Requerimento com essa finalidade, de autoria dos deputados Délio Malheiros (PV) e Weliton Prado (PT), foi aprovado na reunião da comissão realizada nesta quinta-feira (1o/11/07). Os parlamentares estão preocupados com a qualidade do leite comercializado em Minas, após a descoberta das fraudes praticadas pelas cooperativas Coopervale, de Uberaba, e Casmil, de Passos.

Os deputados foram a Passos e Uberaba na última quarta-feira (24) para se informarem sobre o esquema, investigado pelo Ministério Público (MP) e pela Polícia Federal (PF). As duas cooperativas fraudavam o leite com a adição de soro, ácido nítrico, água oxigenada e soda cáustica. O objetivo era aumentar o volume do produto e prolongar o seu prazo de validade. Segundo o deputado Weliton Prado, em Uberaba a Coopervale adicionava também açúcar ao leite, o que pode fazer mal para diabéticos.

A adição de água oxigenada (peróxido de hidrogênio) também é altamente prejudicial à saúde. De acordo com o deputado Weliton Prado, os funcionários adicionavam água oxigenada volume 200 - substância que entra na composição do combustível de foguete - diretamente no tanque dos caminhões que levavam o produto in natura para as cooperativas. "O leite ficava azul e chegava a borbulhar", relata o deputado, com base nas informações repassadas pelo MP e pela PF. "Esse procedimento mata as bactérias e destrói as vitaminas A e B. Quem toma o leite na verdade está tomando uma água branca, sem nenhum valor nutricional", completa o deputado Délio Malheiros.

Para cortar a acidez da água oxigenada, era preciso adicionar também soda cáustica ao leite. A substância deixa um resíduo altamente tóxico, que pode causar irritações na garganta e no estômago, náuseas e vômitos, podendo até matar se ingerida em grande quantidade. "Na reunião, vamos misturar soda cáustica ao leite in natura para mostrar o que acontece", adianta o deputado Délio Malheiros. A fórmula da fraude era tão eficaz que era praticamente impossível descobrir a adulteração, uma vez que o hidrogênio - componente da água oxigenada - evapora após quatro horas. "O problema é muito sério e não pode ser abafado", completa o parlamentar.

O deputado Célio Moreira (PSDB) disse que a ALMG e as autoridades sanitárias têm que tomar providências para coibir as fraudes. O deputado Carlos Pimenta (PDT) ponderou que é preciso tomar cuidado para que as denúncias não prejudiquem os produtores rurais. Já o deputado Antônio Júlio (PMDB) defende uma nova regulamentação para a adição de produtos químicos para a conservação do leite longa vida. A comissão aprovou ainda outro requerimento, também de autoria de Délio Malheiros e Weliton Prado, para discutir o mesmo assunto em reunião conjunta das Comissões de Defesa do Consumidor, de Saúde, de Política Agropecuária e Agroindustrial e de Assuntos Municipais e Regionalização.

Também foi aprovado requerimento do deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) para a realização de audiência pública conjunta com a Comissão de Direitos Humanos para debater denúncias de envolvimento da Shell e da Agência Nacional do Petróleo (ANP) com a adulteração de combustíveis.

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice; Antônio Júlio (PMDB), Célio Moreira (PSDB), Luiz Tadeu Leite (PMDB) e Weliton Prado (PT).

 

 

 

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