Deputados comentam poluição em rio e poços artesianos
desativados
O problema da poluição do rio São Francisco, mais
especificamente no Norte de Minas, foi o tema que dominou os debates
na segunda parte da Reunião Ordinária de Plenário da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (25/10/07). Os
deputados Paulo Guedes (PT) e Antônio Júlio (PMDB) e a deputada Ana
Maria Resende (PSDB) apresentaram seus pontos de vista sobre a crise
de abastecimento que assola a região.
Paulo Guedes abriu a discussão cobrando um
posicionamento dos órgãos ambientais do Estado, como o Instituto
Estadual de Florestas (IEF), Fundação Estadual do Meio Ambiente
(Feam), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e Secretaria de
Estado de Meio Ambiente (Semad), a respeito do assunto. A Defesa
Civil do Estado, após constatar que a água do rio está imprópria
para uso humano, proibiu a população ribeirinha de consumir, pescar
e tomar banho no São Francisco.
Segundo o deputado, o problema é provocado
principalmente pelo esgoto gerado na região metropolitana de Belo
Horizonte, que é despejado sem tratamento no rio das Velhas,
afluente do rio São Francisco. "A culpa é da Copasa, responsável
pelo tratamento de esgoto da Grande BH", disse o parlamentar, que
afirmou estar aguardando um pronunciamento da empresa sobre o
caso.
A indignação de Paulo Guedes foi compartilhada pelo
deputado Antônio Júlio, que se disse estarrecido com a omissão dos
órgãos ambientais em relação ao problema. "Se fosse um pequeno
produtor rural que jogasse dejetos no rio, estariam todos lá para
multá-lo", afirmou. O deputado disse que os órgãos ambientais não se
pronunciam porque se esse fato se tornar público, vai provocar a
desvalorização das ações da Copasa na bolsa de valores.
A defesa da companhia foi feita pela deputada Ana
Maria Resende. Ela afirmou que ouviu de técnicos da empresa que 90%
do esgoto de Belo Horizonte recebe o tratamento adequado antes de
chegar ao rio das Velhas. Segundo Ana Maria, a degradação do rio São
Francisco ocorreu por causa da falta de chuvas, do calor excessivo e
da devastação das matas ciliares. Esse desequilíbrio permitiu,
segundo ela, a proliferação de uma bactéria nociva, contra a qual o
único remédio é a chuva. Paulo Guedes discordou dessa tese, dizendo
que outros rios na região também sofrem com a falta de chuvas e no
entanto estão limpos.
Poços artesianos desativados por falta de energia
elétrica
Outro assunto abordado pelos três deputados foi a
falta de energia elétrica para ativar poços artesianos no Estado.
Guedes informou que dezenas de poços no Norte de Minas estão
perfurados, equipados e prontos para funcionar há cerca de três
anos, mas estão desativados porque a Cemig não liga a energia nas
bombas. A empresa, afirmou ele, alardeia que tem a melhor energia do
Brasil, mas se esquece de seu compromisso com os consumidores mais
pobres do Estado.
Antônio Júlio disse que em Papagaios, na região
Central do Estado, ocorre o mesmo problema. "A cidade só não ficou
sem água porque o prefeito arranjou um gerador a diesel e o
bombeamento da água pôde ser feito", afirmou. Guedes informou que,
há seis meses, a Cemig prometeu eletrificar os poços artesianos do
Norte de Minas em 30 dias, mas que até hoje nada foi feito. O
deputado Weliton Prado (PT) lembrou que se o cidadão deixa de pagar
sua conta, a Cemig corta rapidamente a energia.
Ao final do debate, Antônio Júlio e Ana Maria
Resende se prontificaram a montar um grupo de deputados para ver de
perto os problemas discutidos, visitar a Copasa e até mesmo realizar
uma audiência pública. O deputado ironizou que esse assunto não
deverá ter a cobertura da imprensa, pois em Minas, segundo ele,
"falar da Cemig, da Copasa e de outros órgãos do Governo Estadual
não dá ibope".
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