Presidentes de comissões apuram fraude no leite em Passos e
Uberaba
Seis deputados da Assembléia Legislativa de Minas
Gerais, entre eles os presidentes de quatro comissões, estiveram na
tarde desta quarta-feira (24/10/07) nas cidades de Passos e Uberaba,
para averiguar os casos de fraude no leite que provocaram inúmeras
prisões na última segunda-feira. Os deputados se reuniram com
promotores públicos e policiais federais nas sedes do Ministério
Público e comprovaram os casos de fraude na Casmil de Passos e na
Coopervale de Uberaba, que juntas forneciam 600 mil litros de leite
adulterado diariamente a diversos distribuidores, entre eles as
multinacionais Parmalat e Nestlé.
A iniciativa do deslocamento partiu do deputado
Délio Malheiros (PV), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor
e do Contribuinte. Após a reunião de Uberaba, Malheiros disse que "o
caso é muito grave e demanda esforços coletivos dos governos
estadual e federal para restabelecer a credibilidade do leite em
Minas Gerais, que é importante, e também para punir exemplarmente os
criminosos que põem em risco a saúde pública, a economia do Estado e
o setor agropecuário". O deputado pediu a criação de uma
força-tarefa para fiscalizar rigorosamente os laticínios.
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos
Mosconi (PSDB), considera "grosseira" a fraude praticada pelas
cooperativas investigadas, e apurou que não se limita às caixinhas
de leite longa vida, mas também ao leite C vendido em sacos
plásticos. "Em Passos, eles acrescentam soro e água oxigenada
equivalentes a 10% do produto para mascarar as impurezas. Em
Uberaba, a fraude se faz com uma solução aquosa em que entra soda
cáustica para tirar a acidez do leite", relata Mosconi, que se diz
alarmado com o alto nível de toxidez do produto que é fornecido às
crianças na merenda escolar e nas creches.
Criminosos criaram um "kit adulteração"
Mosconi apurou que a fiscalização é
responsabilidade do Ministério da Agricultura, através do Serviço de
Inspeção Federal (SIF), e que por isso os fiscais coniventes com a
fraude foram presos e continuam à disposição da Justiça. "Cobramos
do Ministério Público e da Polícia Federal os mapas de distribuição
do leite de Passos e de Uberaba, para puxar o fio do novelo de um
grande escândalo nacional que certamente tem pontas fora de Minas.
Em seguida precisamos desencadear uma fiscalização gigantesca e
eficiente".
Por sua vez, o deputado Vanderlei Jangrossi (PP),
presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial,
pediu cautela contra as generalizações. "Os produtores de leite são
tão prejudicados quanto os consumidores, e há muitas cooperativas e
laticínios que não fazem qualquer tipo de fraude. Precisamos separar
o joio do trigo e punir o joio", resumiu.
Jangrossi saiu das reuniões repugnado pela criação
do que ele chama de "kit adulteração" do leite, com base em água
oxigenada 200 volumes. "Se 20 volumes já são suficientes para
descolorir o cabelo, imagine o estrago que pode fazer em 200
volumes. Eles acrescentam extrato de sódio e ácido cítrico,
substâncias perigosas, nocivas à saúde, capazes de provocar úlceras,
gastrite, câncer. Como vamos ter coragem agora de dar leite a nossos
filhos?", indagou o parlamentar.
Presenças: Deputados Délio
Malheiros (PV), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do
Contribuinte; Carlos Mosconi (PSDB), presidente da Comissão de
Saúde; Vanderlei Jangrossi (PP), presidente da Comissão de Política
Agropecuária e Agroindustrial; Weliton Prado (PT), presidente da
Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização; Antônio Carlos
Arantes (PSC) e Fahim Sawan (PSDB).
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