Eficácia do desfibrilador é debatida por deputados e especialistas

A necessidade da manutenção do aparelho desfibrilador cardíaco e a sua eficácia em locais de grande aglomeração foram...

24/10/2007 - 00:02
 

Eficácia do desfibrilador é debatida por deputados e especialistas

A necessidade da manutenção do aparelho desfibrilador cardíaco e a sua eficácia em locais de grande aglomeração foram temas debatidos por especialistas e deputados da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (24/10/07). A reunião, requerida pelo deputado Ruy Muniz (DEM), teve como objetivo ouvir convidados para subsidiar a discussão do Projeto de Lei (PL) 601/07, do deputado Célio Moreira (PSDB), que acrescenta dispositivo à Lei 15.778, de 2005, que torna obrigatório equipar locais de grande circulação de pessoas com o citado aparelho. Participaram do debate, representantes da Secretaria de Saúde, Sociedade Mineira de Cardiologia, Corpo de Bombeiros, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e fabricantes do equipamento.

Na justificação do projeto, o deputado Célio Moreira disse que a iniciativa é em defesa da vida, uma vez que é alta a incidência de mortes causadas por paradas cardíacas em locais públicos, tais como estádios de futebol, shoppings centers e clubes sociais pela falta do aparelho desfibrilador. De acordo com ele, o equipamento, se usado por pessoas habilitadas, aumenta em até 85% a chance de sobrevivência da vítima. "O projeto é viável e já existem normas semelhantes no Estado que obrigam o uso do equipamento. Nossa idéia é ampliar a aplicabilidade da Lei 15.778", afirmou.

O representante da Sociedade Mineira de Cardiologia, Mitermayer Reis Brito, reforçou as palavras do parlamentar e apresentou ainda o programa que trata da importância do desfibrilador fora do hospital, que, além de salvar vidas, pode gerar contenção de despesas para o poder público. Segundo ele, cerca de 95% das mortes causadas por paradas cardíacas acontecem fora das instituições de saúde, sendo a maior parte das vezes em residências e locais públicos. E o tempo necessário para reduzir esse número de mortes seria o atendimento em até 7 minutos após a ocorrência. "O aparelho, de fácil uso e aplicação, é a mais importante intervenção ao paciente vítima de paradas cardíacas, mas sua utilização ainda é muito pequena no Brasil", alerta.

O coordenador do setor de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado da Saúde, Welfene Cordeiro Júnior, assim como a representante do Samu, Carolina Trancoso, se dizem favoráveis à aprovação do projeto. Para Trancoso, a habilitação para o uso do desfibrilador é feita em até 8 horas/ aula, mas é importante que haja fiscalização sobre a efetiva aplicação da lei.

Especialistas apontam necessidade da capacitação

O representante do Corpo de Bombeiros Militar, Major Sebastião Fernandes, chamou a atenção dos deputados para a importância da capacitação dos usuários do equipamento. Para ele, a lei será inócua caso não haja pessoas ou profissionais habilitados para o uso do desfibrilador. "A solução não passa apenas pela aquisição do aparelho, mas, principalmente, pelo conhecimento da utilização", disse. Segundo ele, os Bombeiros já capacitaram cerca de 25 mil pessoas nos últimos doze anos, mas são necessárias melhores condições materiais para a instituição realizar esse treinamento em larga escala.

Os fabricantes também alertaram para a necessidade do correto uso do aparelho, assim como para a regulamentação sobre o número de pessoas responsáveis por sua operação nos locais especificados pelo projeto, e a fiscalização da aplicação da lei. "Minas Gerais conta com o que há de mais moderno em termos de desfibriladores, mas é necessário que o Estado dê celeridade e eficácia à norma", afirmou o representante da empresa Von Médica, Ricardo Ribeiro.

Os deputados também demonstraram apoio ao projeto, mas ponderaram sobre a aplicação da norma. Para o presidente da comissão, deputado Carlos Mosconi (PSDB), a proposição é bem-vinda por se tratar de uma iniciativa em defesa da vida, mas lembra que é preciso fazer com que haja a correta manutenção dos aparelhos, assim como a reciclagem das pessoas ou profissionais capacitados para seu uso. O deputado Carlos Pimenta (PDT) reforçou ainda a urgência da habilitação. Para ele, o desfibrilador é essencial, mas "nas mãos de quem sabe operá-lo". O deputado Hely Tarqüínio (PV) também demonstrou preocupação quanto à aplicabilidade da norma, alegando que o projeto é polêmico do ponto de vista da iniciativa.

Emenda - O deputado Gilberto Abramo (PMDB) disse que apresentou uma emenda ao projeto na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), no que se refere à definição dos locais que serão obrigados a adotar o equipamento. De acordo com ele, o PL determina que as localidades de aglomeração e circulação de diária de pessoas igual ou superior a 1,5 mil pessoas fiquem obrigadas a possuir o aparelho, o que seria inviável. "Até os logradouros, como a Praça Sete e outras vias públicas estariam sujeitas à lei. Precisamos ser mais específicos quanto a isso, ou o governador irá vetar o projeto e nosso trabalho será em vão", ponderou.

Para o relator do projeto, deputado Doutor Rinaldo (PSB), as opiniões sobre o mérito da proposição são unânimes, mas ele concordou com os demais parlamentares no que se refere à necessidade dos estudos quanto a sua eficácia e aplicabilidade. Mais que isso, ele lamentou a ausência de questionamentos que tornassem o debate mais produtivo. "Iremos aprovar o projeto, mas é preciso fazer com que ele seja aceito e regulamentado pelo Governo do Estado", concluiu.

Requerimentos - Na reunião, foram aprovados três requerimentos: o deputado Weliton Prado (PT) solicitou a realização da audiência pública conjunta da Comissão de Saúde, com as comissões de Defesa do Consumidor e do Contribuinte e Política Agropecuária e Agroindustrial, para debater as denúncias de adulteração do leite longa vida no Estado. Sobre o mesmo tema, o deputado Délio Malheiros (PV) pediu visita da comissão à Coopervale, em Uberaba, e Casmil, em Passos, para obter mais informações quanto às operações das duas cooperativas investigadas pela Polícia Federal. Finalmente, foi aprovado requerimento de autoria do deputado Carlos Mosconi, solicitando moção de apoio à Frente Parlamentar de Saúde do Congresso Nacional, para a votação que irá regulamentar da Emenda 29, que tem como objetivo assegurar os recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde no País.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio (PV), vice; Carlos Pimenta (PDT); Doutor Rinaldo (PSB); Célio Moreira (PSDB); Gilberto Abramo (PMDB); e Weliton Prado (PT). Além dos convidados citados na matéria, participaram também o representante da empresa Drake, Marco Antônio Marques; e da MD Internacional, Romel Lage.

 

 

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