Pequenos empresários cobram mudanças na lei do Simples Nacional

As novas regras estabelecidas para o micro e pequeno empreendedor, por meio da Lei Complementar 123, de 14 de dezembr...

23/10/2007 - 00:01
 

Pequenos empresários cobram mudanças na lei do Simples Nacional

As novas regras estabelecidas para o micro e pequeno empreendedor, por meio da Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de 2006, chamada de Simples Nacional, foram debatidas nesta terça-feira (23/10/07), por representantes do setor e de órgãos estaduais e federais e pelos deputados da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. A principal mudança que desagradou o setor foi a impossibilidade de transferência de crédito do ICMS para as empresas compradoras. Outra preocupação apresentada pelo representante da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio), Eustáquio Noberto de Almeida, está na exigência de enquadrar a alíquota com base na arrecadação que as micro e pequenas empresas tiveram nos últimos 12 meses.

Segundo o assessor do Conselho Deliberativo Nacional do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Jair Wilson de Farias, algumas reivindicações ficaram pendentes na época da aprovação desta lei, que contém o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, e que agora estão sendo discutidas em novo projeto de lei complementar (PLC 126), que tramita no Congresso Nacional. De acordo com Jair Wilson de Farias, estão sendo analisadas a permissão e a adesão de novas categorias entres as beneficiárias do Simples Nacional; a vedação da cobrança do ICMS para determinadas micro e pequenas empresas; e a possibilidade de concessão de crédito presumido unilateral.

O consultor da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae, André Spínola, também confirmou que estas e outras propostas estão sendo apresentadas para aperfeiçoar a Lei Complementar 123. Considerou que esta lei limita um pouco a autonomia dos Estados, mas considerou que é mais maléfico para o pacto federativo a possibilidade de cada Estado fazer o que deseja com a alíquota do ICMS. "O Brasil tem um ICMS esquizofrênico. Isso sim afronta o pacto federativo. O Simples Nacional vem organizar e manter boa parte da autonomia dos entes", disse, ao defender que a nova lei é simples, reduz a carga tributária e faz o País crescer.

Durante os debates, vários participantes lembraram que o Simples Minas, adotado pelo governo estadual, possibilitava a transferência de crédito do ICMS e que hoje foi extinto, por causa do programa federal. Sobre este ponto, André Spínola afirmou que os benefícios do Simples Minas podem ser restaurados mediante a apresentação de um projeto de lei. Informação esta que foi contestada pelo assessor da Superintendência Tributária da Secretaria de Estado da Fazenda, Geraldo Luiz Brinatti. Ele disse que a secretaria já consultou à Advocacia-Geral do Estado sobre a possibilidade de elaborar um Super Simples somente para o Estado, mas a resposta é de que tal ação é inconstitucional, que somente o governo federal pode legislar sobre o assunto. Disse ainda que o Estado tem seguido as determinações da Lei Complementar 123, entre elas a proibição de transferência do crédito do ICMS e de incentivos fiscais e a cobrança do diferencial de alíquota.

Setor é responsável por 21% do PIB estadual

No início da reunião, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça e um dos autores do requerimento para o debate, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), lembrou que existem, em Minas Gerais, mais de 560 mil micro e pequenas empresas, que são responsáveis por 61% dos postos de trabalho e 21% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. "Estes números mostram a relevância desse encontro para lutarmos por menor carga tributária, menos burocracia e melhor acesso ao crédito para o desenvolvimento de novas tecnologias". Para o superintendente de Comércio e Serviço da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, João Israel Neiva, tais números são contundentes e mostram que estas empresas são grandes geradoras de emprego e merecem toda a atenção dos órgãos competentes.

O representante do Conselho Regional de Contabilidade, Antônio Baião de Amorim, acredita que a nova lei, a médio prazo, vai trazer benefício para o País, mas destacou algumas exigências e discriminações tributárias em relação à atividade desempenhada. Já o consultor da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae Minas, Sebastião Moreira Santos, disse que os empreendedores têm reclamado da complexidade da Lei Complementar 123 e não da transferência de crédito do ICMS. Em contrapartida, o assessor da Fiemg, Pedro Parizzi, disse que a única reclamação que tem recebido dos micro e pequenos empresários diz respeito à impossibilidade da transferência de crédito e que o Simples Nacional é interessante para proteção deste setor.

Também autor do requerimento para a reunião, o deputado Sebastião Costa (PPS) afirmou que a lei criou mais dificuldade do que facilidade para aqueles que trabalham diariamente e que a idéia do debater é aprimorá-la. Esta posição foi reforçada pelo deputado Hely Tarqüínio (PV), outro autor do requerimento. Ele afirmou que é preciso fazer as correções necessárias para haver justiça social. Também autor do requerimento, o deputado Delvito Alves (DEM) defendeu que o lei seja esclarecida.

A reflexão sobre a Lei Complementar 123 também foi defendida pelo deputado Neider Moreira (PPS): "O Congresso Nacional precisa fazer uma reflexão a respeito desta lei para dar condições ao micro e pequeno empreendedor de serem competitivos no mercado e fazer o País crescer". O deputado Antônio Júlio (PMDB) defendeu a reforma tributária e a unificação dos impostos e disse que a lei do Simples Nacional aumenta a burocracia. "Esta lei não resolve nada para o Brasil. É só burocracia. O empresário, como qualquer cidadão, quer pagar o imposto, desde que seja justo", opinou. Para ele, o governo deve dar condição de trabalho e não se limitar a criar leis.

Presenças - Deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), presidente; Sebastião Costa (PPS), Delvito Alves (DEM), Hely Tarqüínio (PV), Neider Moreira (PPS), Antônio Júlio (PMDB), Antônio Carlos Arantes (PSC) e Weliton Prado (PT), além das autoridades citadas na matéria.

 

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