Experiências de alimentação escolar em RJ e MG marcam
debates
No segundo painel da manhã desta sexta-feira
(19/10/07), do Ciclo de Debates "Alimentação Escolar como Estratégia
de Segurança Alimentar e Nutricional", especialistas apresentaram
experiências nas escolas envolvendo a educação alimentar e
nutricional como promotora de uma vida saudável. Programas
desenvolvidos na cidade do Rio de Janeiro, partindo da compreensão
de que a alimentação saudável é um direito humano, e em municípios
mineiros, como Sete Lagoas e Nova Porteirinha, que beneficiam
produtores locais; e a importância da educação física na saúde e
bem-estar dos alunos da Escola Estadual Major João Pereira, em
Itajubá, no Sul de Minas, foram apresentados aos participantes do
evento, realizado na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Também
participou deste painel o representante do Conselho Federal de
Nutricionistas, Antônio Augusto Fonseca Garcia, que apresentou as
atribuições dos nutricionistas na elaboração do cardápio
escolar.
A vice-diretora do Instituto Annes Dias (Inad), da
Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, Jorginete de Jesus Damião,
iniciou sua fala chamando atenção para os contrastes da capital
fluminense e que, por este motivo, "pensar em um programa de
alimentação saudável em uma cidade como o Rio de Janeiro é um
desafio" e deve estar presente nas discussões. Ponderou que a
alimentação saudável não é instintiva, mas sim um conhecimento
aprendido, construído nas relações sociais. Ela apresentou as ações
de promoção da saúde feitas nas 1.058 escolas da cidade e 245
creches, envolvendo 744.858 alunos e 35.649 professores, como a
produção de hortas e o programa de alimentação escolar. Explicou que
a promoção da saúde deve priorizar três vertentes: de estímulo à
alimentação saudável; de apoio, para facilitar as opções de
alimentação saudável; e de proteção, para evitar a exposição da
população a fatores que dificultem as opções saudáveis.
Jorginete de Jesus Damião também defendeu a prática
da atividade física para os alunos, especialmente os da
7a e 8a séries, já que, de acordo com estudos
desenvolvidos pelo Inad, apenas 20% dos alunos consomem hortaliças e
legumes cozidos nos cinco dias da semana. A representante carioca
defendeu ainda a posição de que é preciso subsidiar e incorporar a
comunidade escolar para debater sobre alimentação saudável. Neste
sentido, ela defendeu as oficinas culinárias como estratégia
importante na promoção da alimentação saudável.
Horta na escola - Outra
vertente apontada pela coordenadora técnica da Emater/MG, Mariza
Flores Fernandes Peixoto, foi da horta escolar como uma oportunidade
para vivências, experimentos, investimento e teste de hipóteses de
conceitos. Ela permite ainda, segundo Maria Flores Fernandes
Peixoto, a interface com todas as disciplinas da grade curricular.
A representante da Emater apresentou números do
Programa Minas sem Fome, que prioriza a prática agrícola ambiental
sustentável para consumo e para o mercado. Segundo ela, no ano
passado, 116.173 famílias estavam envolvidas na lavoura comunitária
e 248.215 no pró-horta. Destacou também o Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA), que aumenta o aporte de alimentos, diversifica e
possibilita o consumo de outros nutrientes. Mariza Flores informou
que 180 alimentos são comercializados e muitos têm características
de certas regiões do Estado, como o pequi.
Entre os diversos trabalhos desenvolvidos no
Estado, a coordenadora técnica da Emater destacou o programa de
horta comunitária urbana em Sete Lagoas, que conta com 250 famílias,
atendendo o mercado local e as escolas; e o de Nova Porteirinha, com
361 famílias participantes, 16 entidades atendidas e quase seis mil
alunos beneficiados.
Educação física - Já o
profissional de Educação Física da rede pública estadual, Rui
Martins Alves Pereira, apresentou as ações da educação física no
ambiente escolar, que devem envolver o fundamento teórico, o
planejamento adequado, o conteúdo sistemático e a metodologia. De
acordo com ele, o objetivo do profissional da educação física é
reconhecer-se como elemento integrado do ambiente, adotando hábitos
saudáveis de higiene, alimentação e atividades corporais. Rui
Martins citou como experiência a Feira do Conhecimento em Atividade
Física, Saúde e Bem-Estar (Fecasbe), na Escola Estadual Major João
Pereira, onde foram detectados os hábitos alimentares dos alunos.
"Este trabalho contribuiu para enriquecer o conhecimento porque
muitas informações eram desconhecidas por nós e hoje podemos adotar
no nosso dia-a-dia", afirmou Rui Martins.
Técnico explica atribuições do
nutricionista
O coordenador da unidade técnica do Conselho
Federal de Nutricionistas, Antônio Augusto Fonseca Garcia;
parabenizou a Assembléia por promover o ciclo de debates e o Estado
de Minas Gerais por ter tido seis escolas premiadas como gestoras
eficientes na alimentação escolar. Ele ressaltou as atribuições do
nutricionista, especialmente na elaboração do cardápio nas escolas.
Segundo Antônio Augusto, o nutricionista deve adequar às faixas
etárias e aos perfis epidemiológicos das populações atendidas;
respeitar os hábitos alimentares de cada localidade e sua vocação
agrícola; e utilizar produtos básicos da região, com preferência aos
produtos básicos, semi-elaborados e aos in-natura.
Ao elaborar o cardápio, de acordo com ele, o
nutricionista deve calcular o parâmetro nutricional para atendimento
com base em recomendações nutricionais, avaliação e necessidades
nutricionais específicas, observando os padrões de identidade e de
qualidade. Defendeu ainda que o nutricionista deve ser vinculado ao
gestor, no caso a Secretaria de Educação, e que "as empresas
terceirizadas funcionam como mero restaurantes".
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