Epidemiologista destaca relação entre alimentação e saúde

A relação entre alimentação e saúde foi enfatizada pelo superintendente de Epidemiologia da Secretaria de Estado de S...

18/10/2007 - 00:00
 

Epidemiologista destaca relação entre alimentação e saúde

A relação entre alimentação e saúde foi enfatizada pelo superintendente de Epidemiologia da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Benedito Scaranci Fernandes, que participou, na tarde desta quinta-feira (18/10/07), do painel Panorama da alimentação escolar em Minas Gerais, parte do Ciclo de Debates Alimentação Escolar como Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional, realizado no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Segundo ele, a transição nutricional do país é marcada pela redução das formas graves de desnutrição e pelo aumento da obesidade, frutos da maior disponibilidade de alimentos e do aumento do sedentarismo.

O representante da SES citou levantamento nacional, feito entre 1975 e 1997, que indicava a redução de 12,7% para 6% de mulheres adultas desnutridas e o aumento de 7% para 12,7% das obesas. O problema atinge também os homens e ocorre em todas as classe sociais. "Com isso, cresce também a anemia. O debate sobre a saúde tem que se colocar nessa perspectiva", disse.

Para Scaranci, uma das condicionantes mais importantes para a saúde é a nutrição. A obesidade, segundo ele, é uma das doenças não transmissíveis de maior impacto nas taxas de mortalidade e de internação, ao lado de doenças cardiovasculares e diabetes. "E essa é uma idéia antiga. Hipócrates já dizia: deixe que a alimentação seja o remédio e o remédio seja a alimentação", citou.

Ao enfatizar o trabalho da SES nessa área, o epidemiologista listou levantamento feito em 929 escolas do Estado, englobando 112.826 alunos e 1.929 merendeiras. "O objetivo foi levantar a situação alimentar nas escolas e planejar ações para melhorar o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)", acrescentou. Uma das ações desenvolvidas foi a capacitação e conscientização de merendeiras quanto aos hábitos nutricionais, formas de preparo e relação com os alunos.

Já a coordenadora de Programas de Suprimento Escolar da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Lúcia Vieira Sarapu, incentivou as educadoras e integrantes de conselhos alimentares presentes a buscar propostas viáveis para lidar com os problemas que envolvem a alimentação escolar, entre eles a insuficiência de recursos e as variadas regras. "Temos que fazer o possível, temos que pactuar", enfatizou. Segundo ela, o PNAE foi mudando ao longo do tempo, para atender novas demandas da sociedade. De uma ajuda ao aluno carente, a alimentação escolar transformou-se em um direito garantido pela Constituição Federal de 1988, podendo se estender aos alunos do ensino médio.

Hoje, porém, de acordo com Lúcia, há o problema da obesidade, que envolve a relação entre quantidade e qualidade do alimento. "E há também outra questão de ordem prática, que é a alimentação para a escola em tempo integral. Cada problema requer estratégias diferentes", aponta. A coordenadora da SES avaliou ainda que, embora a autonomia das escolas quanto à merenda escolar gere problemas, como a dificuldade de monitoramento, a centralização da merenda seria pior. "Isso acarretaria aumento com transportes e o fim do consumo de perecíveis", aponta.

Financimento - A destinação de recursos pelos governos para a alimentação escolar foi abordada pelo especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), André Víctor dos Santos Barrence. Segundo ele, até 2005, o sistema contava apenas com recursos da União. A partir daí, houve um incremento com recursos do Estado. De acordo com levantamento apresentado por Barrence, os recursos para o ensino fundamental, por exemplo, evoluíram de R$ 51,3 milhões em 2003 para R$ 73,9 milhões em 2007. Com isso, o repasse per capita passou de R$ 0,13 para R$ 0,22.

Ele citou ainda dois projetos estruturadores do governo Aécio Neves para a educação: o escola em tempo integral, para o ensino fundamental; e o Promédio, que objetiva reduzir a repetência e a evasão escolar. No primeiro, 90 mil alunos já são beneficiados, número que deve chegar a 165 mil até dezembro. Para esses alunos, de acordo com Barrence, o repasse per capita para merenda é de R$ 0,70. No Promédio, há 183 mil alunos no período noturno, com repasse de R$ 0,24.

O representante da Seplag falou ainda sobre as metas do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) para 2008-2011, que prevê investimento anual de R$ 80,5 milhões por ano, beneficiando 1,7 milhões de alunos, fora os programas estruturadores. Para a escola em tempo integral, a meta é saltar de 205 mil alunos em 2008 para 290 mil em 2011, com aumento de recursos de R$ 12,3 milhões para R$ 17,4 milhões. Já o Promédio tem metas de evoluir de 205 mil para 470 mil alunos no período, com recursos aumentando de R$ 8,1 milhões para R$ 18,7 milhões. "A Seplag está sensível aos problemas da alimentação escolar", afirmou.

O painel foi coordenado pelo deputado Deiró Marra (PR), presidente da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática, que citou projeto de lei de sua autoria, prevendo a contratação de nutricionista para promover a educação alimentar nas escolas públicas estaduais de Minas. Participou da mesa também o deputado Doutor Viana (DEM), 1º vice-presidente da ALMG.

 

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