Alimentação Escolar deve ser estendida aos alunos do ensino médio

A possibilidade de ampliação para os alunos do ensino médio do Programa Nacional de Alimentação Escolar através de pr...

18/10/2007 - 00:02
 

Alimentação Escolar deve ser estendida aos alunos do ensino médio

A possibilidade de ampliação para os alunos do ensino médio do Programa Nacional de Alimentação Escolar através de projeto de lei que deve ser enviado ao Congresso Nacional foi uma das informações trazidas pelo presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Francisco Menezes. Ele participou do ciclo de debates "Alimentação escolar como estratégia de segurança alimentar e nutricional", nesta quinta-feira (18/10/07), no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Atualmente o programa atende, diariamente, cerca de 36 milhões de alunos do ensino infantil e fundamental, matriculados em escolas públicas e filantrópicas no Brasil.

Francisco Menezes explicou que o Governo Federal está elaborando um projeto de lei sobre a alimentação escolar. Segundo ele, o projeto estabelece que a alimentação escolar é um direito de todos e estende esse direito, através do Programa Nacional de Alimentação Escolar, aos alunos do ensino médio. O presidente do Consea lembrou a importância que o programa tem hoje já que, muitas vezes, a única refeição feita por boa parte das crianças durante todo o dia é o alimento fornecido nas escolas. "Temos que nos mobilizar para que o projeto de lei seja aprovado", ressaltou.

Ele explicou que, atualmente, segurança alimentar é definida como o direito de todos a uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente. Para Francisco Menezes, nessa perspectiva, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) deve ser considerado como uma política pública responsável por garantir e promover um direito de todos. "Todos nós devemos exigir que o direito à alimentação escolar seja garantido", destacou.

Na sua palestra, Francisco Menezes apresentou as diretrizes do programa. Entre elas estão: o emprego de alimentação adequada e saudável, a universalidade do atendimento dos alunos da rede pública de ensino, a promoção da educação alimentar e nutricional no processo de ensino e a participação da comunidade no controle social do programa.

Produtor local - O presidente do Consea destacou a importância que as políticas públicas ligadas à alimentação escolar têm no desenvolvimento das economias locais. Francisco Menezes lembrou que a garantia de fornecimento de alimentos nas escolas está diretamente ligada ao incentivo a produção agrícola. Ele afirmou que o projeto de lei, que está sendo elaborado pelo Governo Federal, prevê um incentivo das economias locais, com a integração entre produtor e consumidor. "Não podemos esquecer que o incentivo à produção agrícola local é também uma garantia de uma alimentação mais saudável", destacou.

Um dos autores do requerimento para realização do ciclo de debates e presidente da Comissão de Participação Popular, André Quintão (PT), também destacou a importância da integração entre as políticas públicas de alimentação escolar e o incentivo à produção agrícola local. "Temos uma grande oportunidade de debater a expansão em Minas Gerais da integração da alimentação escolar com a política de produção e distribuição de renda no campo", afirmou.

Pesquisa vai avaliar aplicações do PNAE

A coordenadora-geral do PNAE do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Albaneide Peixinho, apresentou as principais ações e diretrizes do programa. Ela destacou que pela primeira vez, em 55 anos, está sendo realizada uma Pesquisa Nacional de Consumo Alimentar e Perfil Nutricional dos Escolares do PNAE para identificar o que está funcionando ou não no projeto. Estão sendo avaliados 21 mil alunos, em 1.080 escolas, de 680 municípios brasileiros. A pesquisa deve ser concluída em dezembro deste ano.

Entre as ações do PNAE, Albaneide Peixinho também destacou o apoio ao Congresso da Rede Latino-Americana de Alimentação Escolar (Larae); a ampliação do projeto "A horta escolar como eixo gerador de dinâmicas comunitárias, educação ambiental e alimentação saudável sustentável"; e as pesquisas nos cardápios das escolas. Neste último ponto, a coordenadora-geral do PNAE ressaltou que houve um aumento freqüente de hortaliças e frutas, só que, segundo ela, a quantidade é insuficiente e não atende à necessidade nutricional dos escolares. "Esta é uma demanda que vamos ter que discutir com os gestores", afirmou. Ela alertou ainda que o PNAE, que teve em 2007 um orçamento de R$ 1,6 bilhão, deve ser tratado na perspectiva do direito humano e não como uma programa assistencial.

Números estaduais - Em Minas Gerais, 3.690 escolas são beneficiadas com o PNAE, englobando 1,676 milhão de alunos, de acordo com informações da coordenadora do Programa de Alimentação Escolar da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Valéria Monteiro de Jesus. Segundo ela, Minas Gerais optou pela descentralização do repasse de recursos provenientes do FNDE, sendo que a SEE encaminha para as Superintendências Regionais de Ensino que repassam diretamente para o caixa da escola. As vantagens neste sistema, de acordo com ela, são recebimento direto do recurso, gerenciamento adequado a cada especificidade da escola e direcionamento para maior aceitabilidade dos alunos.

Valéria Monteiro Jesus explicou ainda que a SEE elabora ações para o desenvolvimento do programa, tais como elaboração de cardápios, visitas técnicas e supervisão da alimentação escolar e capacitação sobre a execução do PNAE. Ela informou que, de 2004 a 2007, foram capacitadas 3.455 cantineiras e 110 analistas e técnicos de educação.

Palestrante cobra aumento do valor per capita

Encerrando as palestras do ciclo de debates, a presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Suely Duque Rodarte, cobrou o aumento do valor de R$ 0,22 per capita repassado pela União para os alunos atendidos pelo PNAE. "Gostaria de saber de qualquer pai presente na platéia se ele consegue alimentar um filho com R$ 0,22 diários", questionou Suely Rodarte, que ouviu sonoros "não", dos participantes do debate. Ela destacou que não está criticando o projeto, "principalmente se considerarmos que durante dez anos este valor foi de R$ 0,13". "Melhoramos muito, mas temos que lembrar que colocamos carne desfiada na comida para todos comerem", ponderou.

Suely Duque Rodarte também fez outra reivindicação: de que a escola possa comprar o alimento nos municípios, privilegiando os produtores locais. Pediu ainda que os programas tenham continuidade e que os gestores acabem com a idéia de rede. "Educação tem que ter unidade e não dividida em redes, estadual e municipal", opinou.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715