Deputados querem alterar a lei que trata dos cães ferozes

A necessidade de aperfeiçoamento da Lei 16.301, de 2006, que disciplina a criação de cães de raças consideradas agres...

17/10/2007 - 00:00
 

Deputados querem alterar a lei que trata dos cães ferozes

A necessidade de aperfeiçoamento da Lei 16.301, de 2006, que disciplina a criação de cães de raças consideradas agressivas, foi consenso na audiência pública da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta quarta-feira (17/10/07). A reunião, solicitada pelo deputado Eros Biondini (PHS), recebeu representantes das Polícias Civil e Militar, Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Conselho Regional de Medicina Veterinária, criadores de cães e Ong's de proteção aos animais, que reivindicaram e sugeriram alterações à norma, para torná-la aplicável.

Segundo o autor do requerimento, somente em 2007, foram registrados quase mil ocorrências de ataques provocados por cães no Estado, sendo a maior parte deles da raça Pit Bull. Para ele, mesmo com a regulamentação da lei, o problema não foi resolvido. O tenente-coronel, João Batista de Souza, representante do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), confirmou os dados apresentados, mas alertou para as dificuldades enfrentadas pela corporação para atender a todas as demandas. A partir disso, sugeriu que a lei incentive a realização de convênios com clínicas veterinárias para o auxílio no cadastramento, microchipagem e atendimento às vítimas de ataques. "Nossa equipe é reduzida e o CBM atende apenas 43 dos 853 municípios do Estado. É preciso que a norma potencialize a cobertura de todas as cidades nesses casos", alertou.

O representante da Polícia Militar, tenente-coronel, Robson Ferreira, lembrou que a lei existe para ser aplicada, mas é preciso que sejam feitas adequações para que, o que ele chama de grave problema social, seja resolvido. Segundo ele, as sugestões dos criadores e Ong's devem ser exeqüíveis, mas os proprietários precisam ser o foco da lei. "Precisamos responsabilizar os donos de animais, uma vez que eles são a parte racional da história. O que a PM quer é tornar a relação entre homem e cães o mais harmoniosa possível", disse. Ele ainda comentou o problema do abandono de animais, pelo medo que a população passou a ter após os últimos casos de ataques registrados.

ONG's e criadores sugerem alterações

Os representantes dos criadores de cães e das Ong's de defesa aos animais criticaram duramente a lei. Durante os debates, levantaram a falta de políticas públicas para a educação quanto à posse responsável dos animais; sobre o problema do desrespeito e crueldade com os cães, que com isso se tornam mais agressivos; sobre a estigmatização da raça Pit Bull, que nem sempre é a responsável pelos ataques; sobre a legislação utilizada em países da Europa e América do Norte; além da necessidade urgente de tornar a lei aplicável e justa.

A representante da Ong "Animais Urbanos do Brasil", Eulália Jordano, reforçou a necessidade de alterar a norma de forma a tornar o proprietário o único responsável pelos atos e ataques dos cães. Para ela, toda reação do animal, que é irracional, reflete a forma de criação e de tratamento que é dada. "Nós não fomos ouvidos, apesar de estarmos alertando que esse tipo de ataque aconteceria. Os cães vêm sendo criados para atacar, tendo em vista o modismo criado pelos chamados 'pit boys', que associaram os Pit Bulls à força e poder", afirmou. O presidente do Kennel Club, Dino Minaglia, também reivindicou o aperfeiçoamento da lei, por entender que uma maioria de bons criadores está sendo prejudicada por uma minoria irresponsável. "O problema está nos grotões, onde esses cães são criados de forma equivocada e mal feita. Somos favoráveis à alteração da lei, que potencialize a posse responsável", reforçou.

Os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente da comissão, e Domingos Sávio (PSDB) fizeram coro às palavras dos convidados e participantes, mas chamaram a atenção para a necessidade de fazer com que as instituições de ensino sejam envolvidas no processo de disseminação da necessidade da posse responsável. "Estamos no caminho certo, mas é preciso que a responsabilidade na criação de animais comece dentro de casa", disse Domingos Sávio.

Prefeitura - A representante do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da PBH, Maria do Carmo Araújo, relatou que diversas ações têm sido feitas pelo órgão. Segundo ela, há um trabalho exaustivo para a realização do cadastro e microchipagem dos cães; tem sido feita a capacitação dos agentes de controle de zoonoses para avaliar as relações entre homens e seus animais; além de projetos educativos a serem desenvolvidos nas escolas municipais, que tratam da posse responsável. Segundo ela, a lei está dificultando o trabalho do CCZ, por ter sido mal elaborada e não estar tendo efetividade na prática.

Em sua conclusão, o deputado Eros Biondini afirmou que o retorno da sociedade sobre a aplicabilidade da lei será fundamental para que se possa elaborar emendas e alterações que tornem a norma mais eficaz. "O feedback é o primeiro passo para que possamos fazer um diagnóstico da situação e definirmos o que fazer em termos práticos. Saio desta audiência, com a certeza de que a lei deve ser aprimorada, para que haja posse responsável e o foco seja direcionado aos proprietários equivocados", colocou. O deputado Sargento Rodrigues também se disse satisfeito com a resposta da sociedade. "As leis podem e devem ser modificadas. Aprendemos muito hoje, e iremos agir para que possamos sanar o problema", finalizou.

Parecer sobre celulares em presídios é aprovado

Durante a reunião, foi aprovado ainda parecer de 1o turno favorável ao Projeto de Lei (PL) 439/07, do deputado Leonardo Moreira (DEM), que dispõe sobre bloqueador de celulares em presídios, casas de detenção, penitenciárias, cadeias e distritos policiais. O relator, deputado Délio Malheiros (PV), opinou pela aprovação do projeto, e apresentou a emenda no1, que adequa o texto à técnica legislativa. O projeto, agora, será apreciado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO), ainda em 1o turno, antes de ser votado em Plenário. Foram aprovados também dez requerimentos: de autoria do deputado Délio Malheiros, que pedem a realização de duas audiências conjuntas com a Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte para debater a denúncia de que a Associação do Servidores do Corpo de Bombeiros, estaria comercializando seguros de veículos em seu nome para benefício de terceiros; e para discutir o projeto que trata da definição de horário de fechamentos de bares e restaurantes na Capital. Outros oito requerimentos, de autoria do deputado Sargento Rodrigues foram aprovados: solicitando encaminhar ao chefe da Polícia Civil, moção de repúdio à delegada Cristiane Lima, pelo tratamento desrespeitoso aos deputados da comissão, quando da visita à cadeia pública de Ponte Nova; manifestação de aplauso a representantes da PM, pela operação que resultou na prisão de Roberto Bertoldo, líder da quadrilha responsável pela chacina ocorrida em Ribeirão das Neves, em 8 de setembro; manifestação de aplauso a policiais da Divisão de Tóxicos e Entorpecentes da Polícia Civil, pela prisão do traficante Antônio Marcos de Jesus; manifestação de aplauso a agentes da Polícia responsáveis pela prisão do traficante e sargento Enílson José da Silva; manifestação de aplauso a oficiais da PM, responsáveis pela prisão da quadrilha de roubo de cargas e tráfico de drogas, que atuava no bairro Tupi, na Capital; manifestação de aplauso ao jornalista Tiago Herge, responsável pela matéria publicada no jornal Estado de Minas, sobre delinqüentes acima da lei; solicitando visita ao secretário de Estado de Defesa Social, Maurício Campos Júnior, para tratar dos problemas de segurança pública no município de Águas Formosas; e solicitando visita da comissão à Diadema (SP), para conhecer as experiências de redução de violência com a definição de horário de fechamento de bares e restaurantes, naquela cidade. Foram aprovados ainda 10 requerimentos que dispensam a apreciação do Plenário.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Paulo Cesar (PDT), vice; Luiz Tadeu Leite (PMDB); Weliton Prado (PT); Eros Biondini (PHS); e Domingos Sávio (PSDB).

 

 

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