Deputados conhecem propostas de alteração da Lei de Incentivo à Cultura

Propostas de alteração da Lei 12.733, de 1997, a Lei de Incentivo à Cultura, foram apresentadas nesta terça-feira (16...

16/10/2007 - 00:00
 

Deputados conhecem propostas de alteração da Lei de Incentivo à Cultura

Propostas de alteração da Lei 12.733, de 1997, a Lei de Incentivo à Cultura, foram apresentadas nesta terça-feira (16/10/07) aos deputados da Comissão de Cultura da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Estudo preliminar elaborado pela Secretaria de Estado de Cultura (SEC) prevê, por exemplo, o aumento gradativo de recursos para projetos no interior; a fusão das 12 áreas de projetos em nove; e a criação de câmaras setoriais para essas áreas, descentralizando a análise dos projetos. Artistas e deputados cobraram, por outro lado, outras mudanças, como a ampliação dos percentuais de dedução de ICMS para pequenas e microempresas.

No início dos trabalhos, a deputada Gláucia Brandão (PPS), presidente da Comissão, justificou que, embora a lei tenha estimulado a cultura no Estado, muitos acertos e limitações foram detectados nesses dez anos. "O debate é para encontrar soluções para esses problemas. E ele será feito também no interior, em audiências públicas no Norte, Triângulo e Sul", adiantou. O assessor especial da SEC, Rômulo Avelar, reforçou que muitas alterações buscam resolver questões de ordem prática. "Recebemos muitos projetos confusos quanto à classificação de área. Há projetos híbridos. Daí a mudança nas áreas culturais", justificou.

Hoje, por exemplo, existe uma área específica para bolsas de estudo. Com a alteração proposta, cada área cultural poderia beneficiar projetos de bolsa de estudo dentro de seu segmento. O objetivo, segundo Avelar, é também dar agilidade à Comissão Técnica de Análise de Projetos (Ctap), que hoje se desdobra na análise de projetos dos mais variados temas. A proposta inclui ainda a figura de um colegiado, com membros do Governo e das nove câmaras, para distribuir os recursos entre elas, a partir das demandas e das séries históricas.

Outro mudança importante refere-se à destinação de recursos para o interior. A proposta da SEC é de um aumento escalonado, começando com 40% em 2008 e chegando a 45% em 2013. De acordo com dados da Secretaria, nos últimos dois anos, o interior ampliou sua participação para quase 40% dos recursos aprovados. "Apesar da queda percentual na capital, os valores são crescentes", frisou o assessor. Em 2007, foram destinados R$ 34 milhões a Belo Horizonte, o dobro do montante de 2004. Avelar informou ainda que a captação também vem crescendo no interior saltando de 40,8% do total captado em 2006 para 43,9% em 2007, até agora. A idéia inicial é que cada câmara da Ctap tenha pelo menos um membro do interior do Estado.

Outras alterações também foram sugeridas, algumas delas ao Decreto 43.615, de 2003, que regulamenta a lei: a redução de 35% para 25% do teto de recursos a serem captados pelas entidades de administração pública indireta; a substituição de termos como entidade de classe por entidade representativa, buscando democratizar a participação da sociedade civil nas análise dos projetos; e a eliminação da prioridade para projeto que contenha a intenção do incentivador - que hoje reduz a importância do mérito do projeto, na visão da Secretaria.

Por outro lado, Avelar deixou claro que os membros da Ctap devem continuar sem remuneração. Mas o excesso de trabalho, segundo ele, poderá ser amenizado com a contratação de pareceristas para analisar projetos, ficando a comissão encarregado de deliberar. A presidente da Ctap, Silvana Pessoa, informou que os 18 membros da comissão analisam cerca de 1.800 projetos a cada ano. "Temos 35 reuniões agendadas nesse segundo semestre, e cada uma dura cerca de quatro horas", completou.

Convidados questionam outras mudanças

Uma definição conceitual de projetos do interior foi a cobrança encaminhada pelo diretor de Arte e Cultura da PUC Minas, professor José Márcio Barros. Para ele, seria necessário cruzar critérios como domicílio do empreendedor, público alvo e também o impacto local, como o emprego de mão-de-obra da própria cidade. O professor sugeriu ainda que os recursos captados pelos órgãos da administração indireta do Estado também sigam o filtro da interiorização, e cobrou o funcionamento efetivo do Conselho Estadual de Cultura.

A presidente do Sindicato dos Artistas, Magdalena Rodrigues, afirmou que a falta de remuneração dificulta a indicação de membros para a Ctap e cobrou uma delimitação de projetos propulares, de empreendedores iniciantes e de profissionais. "Isso é essencial para criarmos um mercado profissional em Minas", afirmou. Já a diretora da Associação dos Músicos de Minas Gerais, Rose Pidner, opinou que é preciso incentivar a nacionalização ou internacionalização do artista e não apenas sua atuação no Estado. Ela também cobrou a redefinição dos percentuais dedutíveis de pequenas e micro empresas, assunto que foi enfaticamente citado pelo deputado Domintos Sávio (PSDB).

Sávio é autor de uma proposta que amplia o percentual de ICMS que a pequena empresa pode destinar a projetos culturais. Segundo ele, os 3% previstos na lei não cobrem praticamente nenhum projeto. "Isso democratizaria, inclusive, os segmentos que participam como mecenas. Hoje só as grandes empresas aparecem assim, o que vai criando um conceito equivocado", afirmou. De acordo com o parlamentar, a luta também é política, para vencer a resistência dos técnicos da Fazenda quanto à ampliação de recursos captados para cultura. "Se há dificuldades para implantação do Conselho, também temos que superar", afirmou.

Silvana Pessoa, da SEC, informou que a dedução diferenciada para pequena empresa continua em estudos, assim como a utilização, ainda pequena, da dívida ativa para financiar projetos. Durante a fase de debates, artistas, gestores e produtores culturais reivindicaram o aumento de recursos para os projetos culturais por parte do Estado; o tratamento diferenciado para projetos coletivos, que hoje recebem recursos semelhantes aos de alguns projetos individuais; e a remuneração para membros do Ctap.

Requerimento - A comissão aprovou requerimento da deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM) para realização de audiência pública em Cataguases, para debater a concessão de incentivos fiscais, com objetivo de estimular a realização de projetos culturais na Zona da Mata.

Presenças - Deputadas Gláucia Brandão (PPS), presidente; Rosângela Reis (PV); Ana Maria Resende (PSDB); Elisa Costa (PT) e deputados Domingos Sávio (PSDB) e Weliton Prado (PT). A reunião foi aberta com uma esquete da Companhia Móvel da Uni-BH. A peça foi "Mendigo ou Cachorro Morto", de Bertold Brecht.

 

 

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