Especialista defende consumo consciente como arma contra
mercado
Aprender a consumir conscientemente, sabendo
distinguir os produtos e serviços realmente necessários daqueles
supérfluos mas que a sociedade e o mercado nos incentivam a
adquirir. Essa foi uma das orientações dadas pelo promotor de
Justiça da Promotoria de Defesa do Consumidor do Amapá, Alcino
Oliveira de Moraes, nesta terça-feira (16/10/07), durante o Simpósio
"Direito do Consumidor", que está sendo realizado na Escola do
Legislativo, em comemoração aos 10 anos do Procon Assembléia. O
painel "Tribalização dos costumes" foi dirigido pelo coordenador do
Procon Assembléia, Marcelo Barbosa.
Alcino Oliveira de Moraes falou sobre a influência
da tribalização dos costumes nas relações de consumo que regem a
sociedade. Para ele, atualmente todas as pessoas participam de pelo
menos uma tribo, que influência e define os padrões de consumo. "A
tribalização é uma auto-inclusão em um grupo social de comportamento
homogêneo, de forma consciente ou induzida, na busca de
auto-afirmação e satisfação de sonhos de consumo necessários ou
supérfluos", definiu.
Para o promotor, não existe problema em pertencer a
uma tribo, mas é necessário que o consumidor tenha um comportamento
consciente, aprendendo a avaliar quais os produtos são necessários e
quais o consumo está sendo induzido pelo grupo social e pelo
mercado. "Podemos pertencer a uma tribo, desde que aprendamos a
consumir conscientemente, de acordo com nossas necessidades
pessoais", afirmou. Segundo Alcino de Moraes, as empresas estão
constantemente realizando pesquisas de mercado com o objetivo de
incentivar as pessoas ao consumo exagerado. "O mercado está cada vez
mais agressivo e devemos estar preparados para isso",
destacou.
Consumo consciente -
Segundo Alcino de Moraes, a população possui hoje dois padrões de
consumo: o consciente e o induzido. Para ele, a primeira forma é
benéfica, já que incentiva ao consumo de produtos e serviços que
trazem resultados positivos a longo prazo. Um exemplo seria a
preocupação com a saúde e o corpo, que vem levando os consumidores a
procurarem alimentos de melhor qualidade.
Entretanto, o promotor destacou que existe também o
consumo induzido, que leva os consumidores a adquirirem produtos e
serviços na maioria das vezes desnecessários. Segundo ele, a mídia é
responsável por incentivar o consumo induzido, bombardeando o
consumidor com ofertas de produtos desnecessários. "Cerca de 20% do
orçamento familiar é gasto com produtos desnecessários", afirmou.
Educação pode ajudar consumidor a enfrentar o
mercado
Alcino de Moraes disse que a educação é o único
instrumento capaz de preparar o consumidor para enfrentar as
armadilhas do mercado. Para tanto, ele sugeriu a inclusão de uma
disciplina sobre educação para o consumo na grade curricular do
ensino fundamental e do ensino médio. "A educação para o consumo é
fundamental para a formação de um consumidor consciente",
destacou.
O assessor jurídico do Procon Estadual de Minas
Gerais, Ricardo Augusto Amorim César, afirmou que é importante que
os profissionais que trabalham com a defesa do consumidor, além de
se preocupar com a legislação, se voltem também para o estudo do
comportamento do consumidor. Segundo ele, o consumidor bem
organizado pode ditar o comportamento do mercado, entretanto, na
prática, o que vem acontecendo é o contrário.
"No Brasil, enquanto as empresas já há muito tempo
realizam pesquisas para conhecer os padrões de consumo, o consumidor
ainda é pouco preparado e organizado", afirmou. Para Ricardo Augusto
Amorim, a maior parte da população brasileira não está preparada
para enfrentar as armadilhas do mercado. Ele afirmou que é
necessário desenvolver ações que levem à conscientização do
consumidor.
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