Deputados discutem mudanças em programa de qualificação de jovens

A qualificação profissional e a inserção de jovens no mercado de trabalho foram discutidas em reunião conjunta realiz...

10/10/2007 - 00:02
 

Deputados discutem mudanças em programa de qualificação de jovens

A qualificação profissional e a inserção de jovens no mercado de trabalho foram discutidas em reunião conjunta realizada nesta quarta-feira (10/10/07), em Ipatinga (Vale do Aço), pelas Comissões de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática, e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia |Legislativa de Minas Gerais. A reunião foi presidida pela deputada Rosângela Reis (PV), autora do requerimento para sua realização. Uma das conclusões foi a necessidade de cumprimento, pelas empresas, da legislação sobre aprendizagem dos jovens.

Para tanto, foi feito um requerimento assinado pelos deputados presentes e que será votado na próxima reunião da Comissão de Trabalho, pedindo que a Delegacia Regional do Trabalho notifique as empresas do Vale do Aço para que cumpram as regras de aprendizagem. A deputada Rosângela Reis afirmou que "a lei não está sendo cumprida. É preciso cumpri-la", afirmou.

Rosângela Reis salientou ainda a necessidade de ampliação do apoio ao jovem e dos programas que favorecem sua inserção no mercado de trabalho, tendo em vista que grande parte da juventude vive sob risco de exclusão social. "Temos também que nos preocupar com a violência", recomendou. Ela afirmou ainda que é fundamental cobrar qualidade nos cursos de qualificação profissional, em especial no que tange a capacitação tecnológica.

Dados indicam desemprego maior entre jovens

De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estudos Econômicos e Sociais (Dieese), existiam no Brasil, em 2005, 3,5 milhões de jovens desempregados, entre 16 e 24 anos. Eles representavam 45% do total de desempregados. A taxa de desemprego nessa faixa etária, portanto, era de 29,89%, quase três vezes maior que entre a população de 25 anos ou mais (11%). A Lei 10.097, de 2000, já exige que estabelecimentos de médio e grande portes contratem jovens entre 14 e 24 anos como aprendizes.

O Programa Primeiro Emprego, do governo federal, oferece R$ 1,5 mil de subsídio às empresas, para cada jovem contratado. Este programa será substituído em 2008 pelo Pró-Jovem Integrado, que terá quatro modalidades. O Pró-Jovem Adolescente, coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento Social, e será uma complementação do Bolsa-Família, para jovens de 17 e 18 anos. O Pró-Jovem Campo será coordenado pelo Ministério da Educação, e será direcionado a jovens entre 18 e 29 anos do meio rural., que dividirá seu tempo entre a escola agrícola e o trabalho no campo. O Pró-Jovem Trabalhador, conduzido pelo Ministério do Trabalho e Emprego, englobará os projetos Juventude Cidadã e o Consórcio Social da Juventude. Por fim, o Pró-Jovem Urbano, a cargo da Secretaria Geral da Presidência da República, será direcionado para jovens infratores.

De acordo com o diretor de Qualificação Profissional da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), Juarez Guimarães de Abreu, o governo do Estado também investe recursos próprios no Programa Primeiro Emprego, e oferece diversos cursos de qualificação em 17 Centros Públicos de Promoção do Trabalho e nos estabelecimentos do Sistema Nacional de Emprego (Sine).

Deputados destacam investimentos dos governos

A deputada Elisa Costa (PT) elogiou os estudos realizados pelo governo federal para implantação do Pró-Jovem, e ressaltou a perspectiva de criação de 4,2 milhões de vagas para jovens de 14 a 29 anos até 2010. "Somar esforços e parcerias é fundamental para desenvolver políticas públicas", afirmou. Ela também defendeu que a qualificação do jovem caminhe junto ao combate ao trabalho infantil. O deputado Carlin Moura (PCdoB) também elogiou os investimentos do governo federal, destacando, entre outras providências, as políticas voltadas para o ensino profissionalizante, que foi prejudicado até 2002 pelo desvinculamento com o ensino de segundo grau. "Só em Minas, serão sete novas escolas de ensino técnico de imediato, e mais 11 nos próximos quatro anos", afirmou o parlamentar. Carlin também elogiou a expansão das universidades federais e da concessão de bolsas do Pró-Uni. "Só com investimentos no jovem vamos fechar as cadeias em nosso Estado", afirmou Carlin.

O recente lançamento do Programa de Educação Profissional, pelo governo do Estado, foi destacado pelo deputado Vanderlei Jangrossi (PP). "Esse programa vai atingir todas as escolas estaduais de Minas Gerais. São 36,6 mil vagas em cursos profissionalizantes. Isso significa muito para quem como eu sou técnico mecânico formado no curso médio", disse o deputado. Ele elogiou o fato de os cursos serem adaptados à necessidade de cada região.

Dados de Minas - A coordenadora de Políticas Públicas para a Juventude do Ministério da Educação, Elvira Cosendey, afirmou que Minas tem números contraditórios com relação à profissionalização. Segundo ela, Minas foi o Estado que, no passado, mais desmontou sua estrutura profissionalizante no ensino médio, mas por outro lado, é o Estado que mais coloca aprendizes no mercado de trabalho. Só até setembro de 2007, foram 5.682 jovens empregados desta forma. Ela recomendou aos jovens que não desprezem oportunidades em áreas técnicas de menor prestígio, como marcenaria ou comércio, que teriam uma remuneração bem melhor do que geralmente se acredita. Com relação a políticas preventivas, a coordenadora ressaltou que o investimento em educação e qualificação permite uma grande economia. "O Banco Mundial estima que a violência consome 10,5% do PIB. É muito dinheiro", afirmou a representante do MEC.

A necessidade de cobrar o poder público foi a mensagem do representante do Conselho Estadual do Trabalho, Emprego e Geração de Renda, Guilherme Siqueira Carvalho. Ele citou o exemplo de resolução publicada pelo Conselho este ano, a fim de exigir a interligação dos sistemas de informação dos postos do Sine. "Eles haviam dito que não era possível, mas depois da resolução, não é que estão conseguindo cumprir?", ironizou o conselheiro.

Durante a audiência, também foi feita uma apresentação do trabalho realizado no Vale do Aço pela Associação Social pela Vida, que desde junho de 2003 já inseriu no mercado 23 jovens, e está atendendo outros 57 jovens inscritos em cursos de capacitação. A instituição foi elogiada pela representante do MEC como uma das que realizam um bom trabalho no Vale do Aço, em parceria com o Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste).

O secretário de Ação Social de Ipatinga, Paulo Sérgio Julião, disse que as oportunidades de trabalho existem na cidade, mas ainda falta qualificação de mão-de-obra. Nesse sentido, ele disse que o município está constituindo um fundo para investir nessa qualificação, além de investir em projetos como a construção de uma unidade do Serviço Nacional de Apoio à Indústria (Senai), capaz de atender 4,5 mil alunos por ano.

Presenças - Deputadas Rosângela Reis (PV), presidente da Comissão do Trabalho; Elisa Costa (PT), vice; deputados Vanderlei Jangrossi (PP) e Carlin Moura (PCdoB); além dos citados na matéria, entre outros convidados: o presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Ipatinga, Leonardo Oliveira Rodrigues; o integrante do Conselho Estadual do Trabalho, Emprego e Geração de Renda, Guilherme Siqueira Carvalho; e a representante da Associação Social pela Vida, professora Eva Maria dos Reis.

 

 

 

 

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