Convidados apresentam sugestões para coibir violência nos estádios

Uma discussão sobre como deter a violência no Mineirão dentro e fora dos campos, motivada tanto por torcedores quanto...

10/10/2007 - 00:00
 

Convidados apresentam sugestões para coibir violência nos estádios

Uma discussão sobre como deter a violência no Mineirão dentro e fora dos campos, motivada tanto por torcedores quanto por policiais, reuniu deputados e representantes das Polícias Civil e Militar, das torcidas organizadas, do Ministério Público e de entidades esportivas do Estado. Eles participaram de reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (10/10/07), a requerimento de seu presidente, deputado Sargento Rodrigues (PDT). Segundo as autoridades policiais, o número de ocorrências em dias de jogos diminuiu, o que se deve a medidas como a proibição de venda de bebidas alcóolicas no estádio; e o que está sendo atacado agora são os atos violentos no entorno do Mineirão.

Segundo o deputado Sargento Rodrigues, a demanda da reunião chegou a seu gabinete por meio do Conselho Comunitário de Segurança Pública (Consep) da Pampulha, que tem buscado soluções com as forças policiais para o combate à criminalidade em dias de jogos, mas reclama de dificuldades na implementação das ações. "É preciso buscar entendimentos para, se não acabar, pelo menos, diminuir substancialmente esses casos de violência, que atrapalham a festa. Já existe um processo de discussão em andamento entre torcidas e polícias, mas devemos apontar novas formas de enfrentamento", afirmou Sargento Rodrigues.

De acordo com o chefe do 1º Departamento de Polícia de Belo Horizonte, Marco Aurélio Assunção, a Polícia Civil tem trabalhado em cada partida com um efetivo de 22 homens, em jogos normais, ou 35, quando a expectativa de público aumenta. Um balanço do 1º turno dos jogos do Campeonato Brasileiro no Mineirão indicou uma média de 3,8 ocorrências por partidas, 2,5 pessoas conduzidas, 1,4 Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs) lavrados e dois autos de prisão em flagrante. De acordo com Assunção, a polícia está trabalhando para cadastrar os membros das torcidas organizadas, para identificar quem vai ao campo para praticar crimes.

Do lado da Polícia Militar, o chefe da Assessoria de Planejamento de Operações, tenente-coronel Robson Alves Campos Ferreira, confirmou a redução de conflitos dentro do estádio, mas reconheceu que tem sido necessário um maior número de intervenções policiais na parte externa do Mineirão. Ferreira informou que a PM tem tido reuniões constantes com Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, representantes de clubes e torcidas e Federação Mineira de Futebol, para identificar os pontos críticos nos jogos com maior público.

Ainda segundo o tenente-coronel, nessas reuniões têm sido discutidas questões como quantidade de ingressos à venda, divisão das torcidas, encerramento de ocorrências, itinerários e policiamento das linhas de ônibus. Entre as medidas sugeridas, afirmou, estão mudanças estruturais no Mineirão, como no hall de entrada dos atletas, além da demarcação das vagas, poda de árvores e melhorias na iluminação do estacionamento.

Por parte do Corpo de Bombeiros, o capitão Rômulo da Costa, do 3º Batalhão, confirmou que os torcedores mudaram de comportamento no interior do estádio e que, hoje, a maior parte dos atendimentos é de casos de mal súbito, e não violência ou trauma. Do lado de fora, por sua vez, antes e depois dos jogos, a corporação continua com muitos casos de acidentes e atropelamentos. O 1º-sargento do 3º Batalhão de Bombeiros Militar, Luiz Carlos Pereira, falou sobre as melhorias após a implementação de novas regras para o uso de fogos de artifício e explosivos nos estádios.

Torcedores reclamam de violência policial

Depois da fala das autoridades policiais, Willian Palumbo, membro do Conselho Deliberativo da Galoucura, disse que não basta discutir a violência praticada entre torcedores, mas também a praticada por policiais. Ele relatou situações em que teria havido abordagens inadequadas por parte de policiais, que andariam sem tarjetas de identificação e estariam cometendo excessos contra membros da torcida. Palumbo condenou também o uso de balas de borracha pela Polícia e falou aos deputados sobre os trabalhos sociais da Galoucura, alguns feitos em parceria com a própria polícia.

Em resposta às denúncias sobre a abordagem policial, o chefe da Assessoria de Planeamento de Operações da PM afirmou que todos os casos de excessos que chegam à corporação são punidos. "Não existe policial sem força, mas não é interesse da PM que haja confronto. Se em determinados momentos for necessário agir dessa forma e se um policial cometer excessos, ele vai ser responsabilizado", disse.

Proibição de venda de bebida gera polêmica

Ainda na reunião, o deputado Gustavo Valadares (DEM) fez críticas ao Termo de Ajustamento de Conduta, firmado entre o Ministério Público e a Ademg, que resultou na proibição de venda de cerveja. Para ele, a vedação, que não teve a participação dos clubes, não resolve o problema da violência em dias de jogo, prejudica os comerciantes dos estádios e os ambulantes autorizados a vender nos entornos e representa um cerceamento de direito do cidadão. Para o deputado, a solução para o problema passa por um esquema de segurança eficiente, que invista em inteligência policial e novos equipamentos. "O sujeito comete o delito porque tem a certeza da impunidade. Os excessos é que devem ser coibidos", disse, cobrando a responsabilização de quem é pego praticando crime.

O promotor Joaquim Miranda Júnior, do Centro de Apoio Criminal do Ministério Público, explicou as penalidades que são previstas para os maus torcedores, conforme preconiza o Estatuto do Torcedor, e afirmou que elas estão sendo aplicadas. Outra medida que será aplicada em breve, anunciou, será o lançamento de um site na internet com a relação nominal desses maus torcedores. Ele reforçou que a venda de bebida alcóolica no entorno do estádio é ilegal e disse que um novo esforço de fiscalização, junto com a PM e a Prefeitura, já está sendo feito. Ainda segundo o promotor, a proibição da venda de cerveja no estádio teve um ótimo retorno da população e a meta é coibir a prática de crimes no entorno de 5 km do estádio, em dias de jogos.

O diretor jurídico da Federação Mineira de Futebol, Luiz Alberto de Rezende, também afirmou que a entidade está agindo para cumprir o que é estabelecido pelo Estatuto do Torcedor. Ele elogiou a iniciativa da reunião sobre o assunto na Assembléia e enfatizou a importância de todas as forças de segurança e entidades se envolverem na questão. Ele lembrou que o Mineirão foi considerado o estádio mais confortável e seguro do Brasil.

O diretor de Infra-estrutura da Ademg, Ricardo Afonso Raso, lembrou que a legislação esportiva está cada vez mais rigorosa e punitiva. Essas medidas, para ele, podem parecer exageradas, mas para quem vivencia o problema de perto, são eficazes. A melhor forma de as torcidas ajudarem seus times, afirmou o representante da Ademg, é denunciar aqueles que cometem práticas erradas.

O presidente do Consep - Pampulha, Modesto Marçal, afirmou que as associações comunitárias estão bastante envolvidas no enfrentamento da violência, junto com as autoridades policiais. O delegado Hélcio Sá Bernardes também defendeu o trabalhado integrado entre as torcidas e o poder público e que as ações positivas obtidas no interior do Mineirão devem agora ser expandidas para a comunidade ao redor.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Paulo Cesar (PDT), vice; Luiz Tadeu Leite (PMDB); Gustavo Valadares (DEM), Antônio Júlio (PMDB); Délio Malheiros (PV), Leonardo Moreira (DEM).

 

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