Participação Popular debate a democratização da mídia no Brasil

Sindicalistas, estudantes e parlamentares da Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gera...

09/10/2007 - 00:00
 

Participação Popular debate a democratização da mídia no Brasil

Sindicalistas, estudantes e parlamentares da Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais debateram, na manhã desta terça-feira (9/10/07), a democratização dos meios de comunicação social no Brasil. Realizada a requerimento do deputado Carlin Moura (PCdoB), a reunião ouviu convidados sobre as principais ações implementadas pelo grupo responsável pela "Jornada da Democratização da Mídia" para mobilizar o debate sobre o tema em âmbito nacional. A jornada se encerra nesta terça, às 19h30, na Casa do Jornalista, em Belo Horizonte.

Segundo o deputado, a discussão acontece no momento em que as principais concessões públicas de veículos de comunicação estão em fase de renovação. Para ele, é preciso que a sociedade seja ouvida e informada sobre os critérios utilizados para a assinatura dos novos contratos. "É preciso que o poder público exerça seu controle fiscalizador sobre o que vem sendo tratado pelos meios de comunicação brasileiros. Apenas sete famílias detêm o mercado de rádio e televisão no País e precisamos fazer com que a concessão pública leve em conta o interesse público", disse. Ele fez duras críticas ao que classificou de "padrão Veja de comunicação" e disse que a liberdade de expressão existente no País é a do monopólio e das grandes empresas. "A liberdade de expressão plural só será possível com a democratização dos meios de comunicação", enfatizou, defendendo as rádios comunitárias e uma "reforma do ar", a exemplo da reforma agrária.

A coordenadora tesoureira do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Berenice Mendes, também reforçou a idéia de se questionar os critérios para a concessão dos veículos de mídia. De acordo com ela, é preciso transparência por parte da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Ministério das Comunicações sobre os contratos, que são renovados automaticamente, sem que haja uma análise profunda do conteúdo das informações que chegam à sociedade. "Ninguém conhece esses documentos, que passaram a ser publicados no Diário Oficial da União em 2000, mas datam da década de 60", alertou. Mais que isso, ela falou da necessidade da tomada de consciência da importância dos meios de comunicação no Brasil. "Somos a sociedade de imagem. Cerca de 85% da população tem no rádio e na televisão sua única fonte de informação. É preciso que saibamos a necessidade de rever a legislação, que impacta a vida de tanta gente", concluiu.

Especialistas apresentam pauta de reivindicações

O coordenador do Coletivo Brasil de Comunicação Social - Intervozes, João Caldeira Brant Monteiro, apresentou diversas reivindicações a serem exigidas do poder público pelos movimentos sociais. Entre elas, a realização de uma conferência nacional que debata o sistema de concessões no Brasil; o pedido da extinção da renovação automática das concessões; a realização de ações contra as irregularidades, do ponto de vista legal, praticadas pelos grandes grupos privados que controlam as maiores empresas de comunicação do País; e a formação de uma comissão de acompanhamento dos contratos de renovação das concessões. Para ele, é preciso que haja pluralismo e diversidade na mídia nacional, sem ameaça à liberdade de expressão. "A concessão pública deve ser usada pela população para que haja fiscalização quanto à qualidade do que é feito, além do cumprimento da legislação prevista na Constituição", reforçou.

O coordenador de Comunicação e Cultura da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço Nacional), José Guilherme Castro, e o diretor de Relações Internacionais da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Aluísio Lopes, fizeram coro às palavras de Monteiro e lembraram ainda que é preciso fazer com que o poder público não se dobre diante das pressões dos grandes conglomerados de comunicação no Brasil. Segundo Castro, o poder público é o maior anunciante das grandes rádios e televisões, sendo portanto seu maior financiador. "Temos condições técnicas, editoriais e profissionais de fazermos uma comunicação de qualidade, mas precisamos de sustentabilidade para que isso aconteça. Enquanto o governo continuar aceitando essa realidade, nunca teremos a oportunidade de criar emissoras 100% geridas pelos trabalhadores", alertou.

Deputados comentam PEC que vincula Conselho de Comunicação Social ao Legislativo

No fim da audiência, os deputados Eros Biondini (PHS) e André Quintão (PT) reforçaram a fala dos convidados a disseram que há uma proposição, já discutida na Legislatura anterior, que trata da criação do Conselho Estadual de Comunicação, que será retomada na ALMG. "Vamos atuar para recolocar a proposição em tramitação, mas antes gostaríamos de contar com a colaboração dos movimentos sociais. Acredito que a mídia é fundamental no processo democrático, e o Parlamento continuará sendo fórum para o debate sobre o tema", disse Quintão.

A proposição citada é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15/07, que dispõe que a Assembléia instituirá, como órgão auxiliar do Legislativo, o Conselho de Comunicação Social do Estado. De autoria do deputado Sargento Rodrigues (PDT), essa proposta recebeu parecer pela rejeição da comissão especial criada para analisá-la. Na avaliação do deputado André Quintão, será necessária muita negociação para conseguir aprová-la. "A compreensão conservadora é de que o conselho deve ser ligado ao Executivo. Essa diferença não é semântica; é conceitual, de princípios", enfatizou. Proposta semelhante foi apresentada na legislatura passada pelo ex-deputado Rogério Correia (PT).

Presenças - Deputados André Quintão (PT), presidente; Eros Biondini (PHS), vice; e Carlin Moura (PCdoB), além dos convidados citados.

 

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