Defesa do Consumidor quer aperfeiçoar legislação do setor de cosméticos

O aperfeiçoamento das legislações estadual e nacional, que tratam dos segmentos de cosméticos e saneantes, foi solici...

04/10/2007 - 00:01
 

Defesa do Consumidor quer aperfeiçoar legislação do setor de cosméticos

O aperfeiçoamento das legislações estadual e nacional, que tratam dos segmentos de cosméticos e saneantes, foi solicitado pelos deputados da Comissão de Defesa do Consumidor e Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, na reunião desta quinta-feira (4/10/07). A audiência, realizada a requerimento do deputado Délio Malheiros (PV), presidente da comissão, debateu com empresários do setor e representantes da Vigilância Sanitária, as dificuldades de regularização dos fabricantes à legislação vigente.

De acordo com o Malheiros, existem cerca de 300 indústrias de cosméticos e saneantes no Estado, sendo que 83% delas estão em situação irregular. Para ele, essa clandestinidade gera impactos de saúde pública, uma vez que as empresas não são fiscalizadas quanto ao armazenamento, transporte e confecção desses produtos. "Temos que adaptar as pequenas empresas à legislação sanitária, ambiental e ao Código de Defesa do Consumidor, afinal, não podemos deixar que os entraves econômicos afetem também a saúde pública", alertou.

A presidente da Associação Mineira dos Fabricantes de Produtos de Limpeza e Cosméticos (Amiplac), Ilda Mara de Carvalho, propõe à Vigilância Sanitária (Visa) um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que adéqüe as empresas à legislação, sem que haja prejuízo dos empresários do setor. Segundo ela, seria necessário que o Poder Executivo estabelecesse uma reforma tributária para o segmento, facilitasse linhas de crédito para capacitação profissional e modernização estrutural, além da garantia de que a produção não seja interrompida durante as adaptações sugeridas pelos órgãos reguladores. "Nosso setor vive um momento de expansão, mas apenas 10% do que é consumido no Estado é fabricado aqui", disse.

Pesquisa aponta aumento da clandestinidade

A professora do Curso de Extensão em Administração da PUC Minas, Soraia Cardoso, apresentou uma pesquisa realizada em parceira com a Amiplac, que aponta a indústria de cosméticos e saneantes como o terceiro maior mercado no Brasil, com crescimento de 87% em 2006. Esse diagnóstico mostra, entretanto, que apenas 33% das empresas mineiras possuem controle de qualidade de produtos, e cerca de 90% não possuem registro na Vigilância Sanitária. Para ela, a situação do setor é caótica. "As empresas do Estado perdem em competitividade e estrutura. É preciso que o poder público faça alguma coisa para que o setor, que gera mais de 700 mil empregos, forneça ainda mais riqueza a Minas Gerais", disse.

Sobre os dados, o deputado Antônio Júlio (PMDB) alertou que a burocracia do Estado tem potencializado a clandestinidade. Para ele, é preciso que sejam criadas regras claras para a legalização desses empresários, para que o trabalho da Vigilância Sanitária seja facilitado. "Temos que desburocratizar o Estado, para garantir que os processos de regularização sejam eficientes", pediu. Os deputados Célio Moreira (PSDB) e Carlos Pimenta (PDT) sugeriram ainda a realização de um debate que envolva o Poder Executivo, a Vigilância Sanitária, a Junta Comercial e a comissão. "A iniciativa tem que partir do Governo. O problema é complexo, mas o Estado precisa estimular a legalidade, combatendo a burocracia excessiva", afirmou Carlos Pimenta.

Vigilância Sanitária se diz aberta a negociar

O superintendente da Vigilância Sanitária do Estado, José Geraldo Leal de Castro, disse que o órgão quer registrar as empresas que estiverem adequadas, segundo a legislação. De acordo com ele, não basta saber fabricar, mas é preciso estar em dia com os órgãos reguladores, para que o produto traga benefícios à sociedade. "É um problema social, uma vez que milhares de empregos dependem do funcionamento do setor, no entanto a má condução pode fazer com que a questão se torne um problema também de saúde pública", lembrou.

Castro afirmou ainda que a Visa tem uma postura pedagógica e não coercitiva e que está aberta a negociar com as empresas no intuito de realizar termos de ajustamento de conduta. "Fazemos TAC's rotineiramente e queremos resolver juntos o impasse. Disponibilizamos cartilhas informativas para o correto funcionamento de empresas de cosméticos e saneantes. Nosso dever é fazer cumprir a legislação vigente", colocou.

Sobre a questão burocrática, ele disse que a Visa aprova em até 60 dias as propostas de projetos arquitetônicos e de infra-estrutura encaminhados ao órgão, mas o que se recebe nem sempre está em acordo com a legislação. "A demora ocorre, muitas vezes, pois temos que devolver o projeto ao empresário para que as adaptações necessárias sejam feitas. No mais, qualquer falta de critério dos fiscais deve ser denunciada à Visa", concluiu.

No fim da audiência, o deputado Délio Malheiros se disse satisfeito com a boa vontade da Visa em solucionar o problema, ao contrário do que vinha acontecendo anteriormente. "Os empresários querem trabalhar na legalidade, e o órgão regulador se mostra sensível. Acho que estamos no caminho certo", disse.

Requerimentos - Na reunião, foram aprovados três requerimentos. De autoria do deputado Délio Malheiros, solicita a realização de audiência pública conjunta, com a Comissão de Segurança Pública, para debater a denúncia de que a Associação do Corpo de Bombeiros Militar (Ascobom) estaria comercializando seguros de veículos automotivos, em seu nome; e outra audiência pública, no município de Conceição do Mato Dentro, para debater supostos abusos na cobrança de serviços da Copasa, naquela cidade.

O deputado Carlos Pimenta pede ainda envio de ofício ao Poder Executivo, Instituto Estadual de Florestas (IEF) e ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igan), solicitando informações sobre a contaminação por algas do Rio das Velhas e São Francisco, nas proximidades dos municípios de São Francisco e Januária, que estariam sofrendo danos pelo consumo dos peixes contaminados.

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice; Antônio Júlio (PMDB); Célio Moreira (PSDB); e Walter Tosta (PMN).

 

 

 

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