Alterações nas normas ambientais são apresentadas a deputados

As primeiras alterações propostas pelos técnicos do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) ao Decreto nº 44.309, ...

03/10/2007 - 00:00
 

Alterações nas normas ambientais são apresentadas a deputados

As primeiras alterações propostas pelos técnicos do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) ao Decreto nº 44.309, de 2006, foram apresentadas aos deputados da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (3/10/07). O decreto, que estabelece normas para licenciamento e autorização ambiental e orienta a fiscalização, vem sofrendo críticas em função do rigor de algumas penalidades e dos excessos na aplicação de multas. A reunião deu continuidade ao debate iniciado na FFO em agosto passado, a requerimento dos deputados Antônio Júlio (PMDB) e Lafayette de Andrada (PSDB). Os parlamentares presentes aprovaram as modificações e anunciaram que continuarão acompanhando a revisão da norma.

Ao apresentar as propostas de alteração, o chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Augusto Horta, enfatizou a proporção entre as sanções e a realidade econômica de Minas. Segundo ele as infrações leves foram valorizadas. Elas são punidas apenas com advertência, mas podem resultar em multas nos casos de não cumprimento ou reincidência. Entre as modificações, está a ampliação de seis para dez circunstâncias atenuantes que podem reduzir as penalidades de multa. "Nesse momento, podemos olhar as diferenças econômicas e regionais do Estado", garantiu Horta.

Outras modificações garantem, por exemplo, a dispensa de Licenciamento Ambiental aos empreendimentos sem impacto significativo, que ficam sujeitos apenas à Autorização Ambiental de Funcionamento, e a concessão da Autorização Provisória para Operar, mediante a formalização do processo de Licença de Operação. A revisão prevê também a possibilidade de concessão simultânea de Licença Prévia e de Instalação; o parcelamento de multas em 60 vezes; e a isenção de multa para quem procurar espontaneamente o Sisema, a fim de regularizar alguma situação. Além disso, após a assinatura de Termo de Ajuste de Conduta (TAC), o empreendimento poderá funcionar concomitante ao processo de licenciamento ambiental.

Técnicos dos órgãos que compõem o Sisena detalharam as modificações específicas de cada área. O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), por exemplo, ampliou de uma para oito as infrações punidas com advertência e alterou de gravíssimas para graves outras nove infrações. Com isso, a multa para a perfuração de um poço artesiano para consumo próprio pode cair de até R$ 15 mil para até R$ 200. Na Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), as infrações leves saltaram de duas para quatro. Multas que podiam chegar a R$ 15 mil podem agora ser trocadas por advertência, chegando a R$ 5 mil em caso de descumprimento.

Já no Instituto Estadual de Florestas (IEF), há caso de reposicionamento de crime ambiental para infração gravíssima. Outras infrações graves estão passando a ser consideradas leves. O transporte de vara de pescar, por exemplo, era punido com multa de até R$ 2 mil. A proposta é que seja punido com advertência ou multa de até R$ 300, em caso de reincidência.

Proposta será discutida com sociedade e setor produtivo

O secretário executivo do Comitê Gestor de Fiscalização Ambiental Integrada (CGFAI), Paulo Teodoro de Carvalho afirmou que o trabalho não está concluído, uma vez que o Sisema pretende discutir as mudanças com o setor produtivo, com a sociedade civil e também com os deputados. Ele reforçou que o decreto tem que atender o espírito da lei. "A fiscalização sempre traz problemas. Somos cobrados também por quem acha que tudo deve ser preservado. Se afrouxamos a fiscalização ou se apertamos demais, não atendemos à vontade do povo, expressa na lei", ponderou.

Os deputados elogiaram as alterações e solicitaram as informações sobre todo o processo de revisão para que possam acompanhar o trabalho e sugerir mudanças antes que o novo decreto seja editado. O deputado Carlos Pimenta (PDT), porém, questionou a necessidade de pagamento de outorga para poço artesiano destinado ao consumo de famílias, comunidades ou escolas. Na visão do parlamentar, esses casos deveriam ser isentos de qualquer pagamento. "O Norte de Minas tem visto essa proposta de decreto como uma ameaça de decreto", afirmou Pimenta, criticando a falta de comunicação entre o governo e moradores.

Já o deputado Antônio Júlio sugeriu que o decreto seja suspenso até o fim da revisão, evitando que multas já consideradas desproporcionais continuem a ser aplicadas. Ele lembrou também que a ALMG pretende fazer ainda neste ano a consolidação da legislação ambiental, que precisa dar respaldo à norma. "Meu apelo é para a suspensão do decreto no tocante às infrações administrativas, não aos crimes ambientais", detalhou Antônio Júlio. Paulo Teodoro argumentou, porém, que o decreto é necessário para fazer frente às denúncias que os órgãos recebem diariamente.

O deputado Lafayette de Andrada, por outro lado, argumentou que os TACs estão sendo utilizados de maneira ilegal, convertidos em doação de carros, GPS e computador para os órgãos ambientais - e não em reparação do dano ambiental. "Isso precisa ser terminantemente suspenso. Não é esse o espírito da lei", afirmou. Os deputados apresentaram ainda várias outras denúncias de irregularidades e abusos na fiscalização, sugerindo aos técnicos que considerem a revisão desses temas.

O deputado Getúlio Neiva (PMDB) citou a demora no licenciamento ambiental e salientou que um Estado minerador como Minas não pode ter tantas amarras ambientais. "O setor técnico do governo não pode baixar uma norma sem levar em conta o limite cultural dos moradores de algumas regiões do Estado. Já Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) citou ação fiscalizatória ocorrida em São Tomé das Letras em função da exploração de quartzito. "Os empresários estão preocupados. Toda lei tem que ser benéfica ao povo", defendeu. Também Fábio Avelar (PSC) argumentou que a Comissão de Meio Ambiente da ALMG vem realizando audiências em todo o Estado e recebendo denúncias de abusos por parte da fiscalização ambiental. "Ninguém é contra a regulamentação de multas, mas contra o exagero", frisou.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Agostinho Patrús Filho (PV), Antônio Júlio (PMDB), Lafayette de Andrada (PSDB), Sebastião Helvécio (PDT), Getúlio Neiva (PMDB), Fábio Avelar (PSC), Carlos Pimenta (PDT), Luiz Tadeu Leite (PMDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Weliton Prado (PT) e a deputada Elisa Costa (PT). Participaram ainda da audiência o coronel Reinaldo Martins, diretor do Departamento de Meio Ambiente e Trânsito da Polícia Militar; o chefe de gabinete da Feam, Alexandre dos Reis; os diretores de Monitoramento e Fiscalização Ambiental Marília Carvalho de Melo, do Igam, e Eduardo Martins, do IEF; e os procuradores Alessandra Serrano, do IEF, e Joaquim Martins da Silva Filho, da Feam.

 

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