Movimentos sociais querem compromisso de deputados com reforma urbana

Representantes de movimentos sociais de luta por reformas urbanas entregaram à Comissão de Assuntos Municipais e Regi...

03/10/2007 - 00:00
 

Movimentos sociais querem compromisso de deputados com reforma urbana

Representantes de movimentos sociais de luta por reformas urbanas entregaram à Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais uma carta com 15 reivindicações que visam, sobretudo, a sanar o problema do déficit habitacional no Estado e melhorar a qualidade de vida nas cidades. Eles esperam que os deputados assinem um compromisso com o Fórum Mineiro de Reforma Urbana para tentar alcançar as propostas. O documento foi entregue na tarde desta quarta-feira (3/10/07), durante audiência pública promovida pela comissão para discutir formas de maior participação social na gestão das cidades.

No fim do encontro, os representantes sugeriram, também, o lançamento de uma frente parlamentar em prol da reforma urbana e a instalação, na Assembléia, de um fórum permanente para discussão sobre o assunto. Solicitaram, ainda, a intervenção dos deputados para agendar um encontro com o governador Aécio Neves para discutir o problema. Outra proposta dos movimentos foi a realização de uma audiência pública para debater a destinação dos lucros das subsidiárias da Copasa, que foram criadas para explorar águas minerais no Estado. Os dois pedidos foram transformados em requerimento da comissão, que deverá ser votado na próxima reunião.

Durante a audiência, alguns representantes reclamaram que a Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab) está promovendo despejos de moradores dos conjuntos Morro Alto e Caieiras, prejudicando famílias muito pobres. Em resposta, os deputados vão apresentar requerimento solicitando mais informações sobre o problema à empresa.

Luta mundial - A audiência coincidiu com a Jornada de Luta pela Reforma Urbana e pelo Direito à Cidade, que está sendo realizada durante esta primeira semana de outubro pelo Fórum Nacional de Reforma Urbana. Na segunda-feira (1º), foi comemorado o Dia Mundial do Habitat, data que o movimento quer transformar no Dia Nacional de Reforma Urbana.

O coordenador executivo da ONG Ação Urbana - que funciona como secretaria executiva do fórum em Minas -, Renato Barbosa Fontes, afirmou que a preocupação com a melhoria das cidades é internacional. No Brasil, o movimento se concentra na busca de reduzir o déficit habitacional que, segundo ele, chega a 7 milhões de moradias. Para minimizar a situação, a sugestão é priorizar as famílias com renda de até 5 salários mínimos. "A agenda da urbanização precisa ser colocada como prioridade".

O representante da União Estadual pela Moradia Popular (Uemp), Guilherme França, ressaltou que cerca de 80% da população brasileira mora, hoje, na área urbana, o que contribui para o agravamento dos problemas. O professor da PUC-Minas, Anderson Avelino, também do Observatório de Políticas Urbanas, lembrou que nas grandes cidades, a população pobre está sendo "empurrada" para as periferias ou para as regiões metropolitanas, o que eleva o custo do solo na cidade. "O direito de propriedade é individual mas não é blindado. A propriedade tem que cumprir uma função social", criticou.

Deputados admitem problema e apóiam o movimento

A autora do requerimento da audiência, deputada Elisa Costa (PT), lembrou que desde 1980 foi deflagrada a luta pela reforma urbana no Brasil. Segundo ela, foi em função dessas discussões que o País conta, hoje, com organismos como o Ministério das Cidades e os conselhos municipais e estaduais. "A Conferência das Cidades é um espaço importante de discussão entre a sociedade e o governo. Tivemos avanços, mas ainda temos desafios", disse. Ela afirmou que os conselhos são importantes para estimular a implantação de políticas públicas e promover o controle social sobre a implantação delas.

O deputado Ronaldo Magalhães (PSDB) acrescentou que é preciso também promover uma reforma no Judiciário para que os conflitos urbanos sejam solucionados com mais agilidade. "A cidade é onde vivemos e enfrentamos nossos problemas. É preciso buscar a qualidade de vida", completou o parlamentar.

Ao considerar a reforma urbana como uma dos temas mais importantes da atualidade, o deputado Carlin Moura (PCdoB) advertiu que não se pode deixar que se cometa o mesmo erro registrado contra a reforma agrária que foi a principal luta do século passado e, até hoje, ainda não está solucionada. "Não podemos esperar mais um século". Ele defende uma reforma que transforme a cidade num espaço de convivência plural, eliminando as grandes diferenças sociais hoje existentes.

O deputado Padre João (PT) ressaltou que as políticas públicas são frutos de conquistas e nunca são implantadas "de cima para baixo". Ao considerar a luta dos movimentos presentes à audiência como justa, o parlamentar lamentou que as ocupações continuam a ser um instrumento de pressão importante. "Os avanços só virão com mais luta e união entre todos os interessados".

O presidente da comissão, deputado Weliton Prado (PT) assegurou aos participantes que vai propor a criação da frente parlamentar e que os parlamentares vão dar continuidade às propostas apresentadas durante a audiência. Uma das tentativas, segundo Prado, será fazer gestões para "elevar os recursos do Estado para a solução dos problemas urbanos".

Presenças - Deputados Weliton Prado (PT), presidente; Ronaldo Magalhães (PSDB), vice; Ademir Lucas (PSDB), Padre João (PT), Wander Borges (PSB), Elisa Costa (PT) e Carlin Moura (PCdoB), além de representantes de organizações sociais ligadas ao Fórum Mineiro de Reforma Urbana.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715