Campanha contra comercialização do ensino é debatida na ALMG

A fiscalização do ensino privado e a democratização do Conselho Estadual de Educação foram as principais reivindicaçõ...

03/10/2007 - 00:02
 

Campanha contra comercialização do ensino é debatida na ALMG

A fiscalização do ensino privado e a democratização do Conselho Estadual de Educação foram as principais reivindicações apresentadas pelos convidados da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, durante a reunião desta quarta-feira (3/10/07). Na audiência, que debateu a campanha "Educação não é mercadoria", a requerimento dos deputados Deiró Marra (PR), presidente da comissão; e Carlin Moura (PCdoB); além da deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), vice-presidente, recebeu representantes do Governo estadual e de entidades ligadas à educação em Minas.

O assessor especial do Governo do Estado, professor Aluísio Pimenta, disse considerar a comercialização do ensino a mais grave crise do educação nacional já vista em seus 65 anos de carreira acadêmica. Para ele, além da necessidade de regulamentação do ensino privado pelo poder público, é preciso que se controle a desnacionalização das universidade brasileiras, que estariam sendo vendidas a investidores estrangeiros. "Esse é um crime de lesa-pátria. Não sou contra as universidades particulares, mas acho que é preciso acabar com a valorização do ensino como mercadoria, em detrimento da qualidade das instituições. Infelizmente, há uma proliferação de universidades, com qualidade abaixo de zero", alertou.

O presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro-MG), Gilson Reis, fez coro às palavras de Pimenta, e apresentou dados que apontam a desvalorização do ensino público no País. Segundo ele, são investidos menos de 4% do PIB no setor, o que faz do Brasil a 62a nação em gastos com educação. Mais que isso, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), nas últimas três décadas, o número de cursos abertos no território nacional quintuplicou, e as escolas privadas representam aproximadamente 90% das instituições de ensino brasileiras. "O Estado deve regulamentar o gerenciamento do ensino privado e abrir espaço para que professores, alunos, pais e a sociedade tenham assento no Conselho Estadual de Educação", pediu.

O presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Fitee), Edson de Paula Lima; o presidente da União Estadual do Estudante de Minas Gerais (UEE-MG), Diogo Santos; e a representante do Sindicato dos Auxiliares da Administração da Educação, Rogerlan Morais, reforçaram a necessidade de tornar o ensino público mais qualificado e acessível a todos. Para Lima, mais que fiscalizador, o Estado deve ser orientador das instituições privadas de ensino. "É preciso que o governo saiba qual é o verdadeiro interesse desses investidores, inclusive estrangeiros, em nosso sistema educacional. Nossa campanha não é contra o ensino particular, mas a favor da sua efetiva regulamentação", disse.

Parlamentares querem debate sobre Conselho Estadual de Educação

Na audiência, foi aprovado requerimento, de autoria da comissão, solicitando a realização de audiência pública para debater a composição e o funcionamento do Conselho Estadual de Educação. A reunião deverá ser agendada a pedido dos convidados que estiveram presentes na audiência, que exigem a democratização da entidade. Para o deputado Carlin Moura, o conselho adota uma postura que pouco contribui para o debate sobre educação em Minas. Segundo ele, a entidade "tem sido administrada como uma empresa privada".

As deputadas Maria Lúcia Mendonça e Ana Maria Resende (PSDB) lembraram ainda a necessidade da valorização dos professores dentro do Conselho. Para Mendonça, de nada adianta investir na infra-estrutura física e administrativa das escolas, se o professor for colocado em segundo plano. "Queremos o ensino privado devidamente regulamentado e qualificado, mas precisamos incluir na pauta de debates a questão dos professores, que são muito negligenciados no Brasil", afirmou.

Ao final da reunião, o deputado Deiró Marra disse que o momento é de mobilizar as pessoas que lutam pela educação em Minas e no País, para que a fiscalização do Governo seja feita de forma urgente e assertiva. "Vamos começar pelo Conselho de Educação, mas devemos tornar esse debate permanente, uma vez que o sistema educacional brasileiro necessita de atenção e auxílio do poder público", concluiu.

Proposições aprovadas - Na reunião realizada antes do debate, foram aprovados oito pareceres de turno único e seis requerimentos a projetos que dispensam a apreciação do Plenário da Assembléia.

Presenças - Deputados Deiró Marra (PR), presidente da comissão; Maria Lúcia Mendonça (DEM), vice; Ana Maria Resende (PSDB); e Carlin Moura (PCdoB).

 

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