Moradores pedem anexação da Serra da Calçada ao Rola-Moça

A necessidade de preservação da Serra da Calçada, localizada entre os municípios de Nova Lima e Brumadinho, ficou evi...

02/10/2007 - 00:01
 

Moradores pedem anexação da Serra da Calçada ao Rola-Moça

A necessidade de preservação da Serra da Calçada, localizada entre os municípios de Nova Lima e Brumadinho, ficou evidente na audiência pública realizada nesta segunda-feira (1º/10/07) pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa. Dezenas de pessoas compareceram ao encontro, em Nova Lima, e denunciaram a degradação do local, provocada pela mineração e pelo turismo predatório. Já as riquezas naturais e culturais da serra foram mostradas em vídeo. O local abriga espécies endêmicas de flora e fauna e ruínas de um forte e de caminhos usados no ciclo do ouro. A reunião foi solicitada pela deputado Délio Malheiros (PV), autor do Projeto de Lei 1.304/07, que anexa a Serra da Calçada ao Parque Estadual da Serra do Rola-Moça.

De acordo com a presidente da Associação para Recuperação e Conservação Ambiental em Defesa da Serra da Calçada (Arca-Amasserra), Jeanine Baraillon, a área de 1.879 hectares, que os moradores desejam ver anexada ao Parque do Rola-Moça, pertence à Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). A empresa vinha fazendo sondagens na área, mas uma liminar suspendeu a atividade. No local, segundo Jeanine, há 40 nascentes que ajudam a abastecer a RMBH. "Já recolhemos 15 mil assinaturas pedindo a anexação", informou.

Já o subsecretário de Gestão Ambiental Integrada da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Ilmar Bastos Santos, adiantou que, enquanto o PL 1.304/07 tramita na ALMG - anexado ao PL 124/07, do deputado Ivair Nogueira (PMDB) -, a Semad vem mantendo contados com a Vale, para encontrar possíveis soluções para a área. O gerente de Meio Ambiente da CVRD, Rubens Vargas, garantiu que a companhia está aberta ao diálogo com a comunidade.

Em outra frente de batalha pela conservação da serra, 1.600 hectares de sua área foram incluídos no plano de manejo do Parque do Rola-Moça, como área de amortecimento. O plano foi aprovado pelo Conselho Consultivo do Parque, mas necessita ainda da aprovação do Conselho Administrativo do Instituto Estadual de Florestas. Ilmar Bastos se comprometeu a solicitar do secretário José Carlos Carvalho a aprovação ad referendum do plano. Quando ele entrar em vigor, toda atividade que cause impacto ambiental na serra terá que ser autorizada. Porém, para efetiva proteção do espaço, os moradores insistem na anexação.

Por outro lado, Ilmar Bastos argumentou que não basta apenas anexar a serra ou criar uma nova unidade de conservação. É fundamental, segundo ele, garantir um aporte maior de recursos no Orçamento do Estado, para resolver a questão fundiária dos parques mineiros. "No próprio Rola-Moça, muitos proprietários de terra ainda não foram indenizados", afirmou. O gerente-geral do parque, Paulo Emílio Guimarães Filho, reiterou que a anexação da serra seria benéfica para o Rola-Moça, cujo foco é a preservação de nascentes. Porém, segundo ele, para cuidar de uma nova área, seria necessário aumentar o número de funcionários e os recursos para combate a incêndio, por exemplo.

Deputados apóiam preservação

Conciliar a mineração e a preservação ambiental. Essa foi a proposta encaminhada pelo deputado Délio Malheiros durante a reunião. Ele lembrou que essa atividade econômica é vocação natural de Minas Gerais, mas argumentou que o Estado não pode ter suas montanhas niveladas. "A Serra da Calçada é um exemplo emblemático. Não pode ser atacada da forma como vem sendo", sustentou. Segundo Malheiros, o presidente do PV em Minas, José Fernando, tem outra forma de luta, que é pelo pagamento de royalties. Mas eu defendo que áreas como a da serra sejam preservadas", comparou.

O deputado Wander Borges (PSB) também ressaltou que a atividade econômica sempre ocupa o primeiro plano, mas que é preciso refletir sobre a preservação da vida. "Precisamos dos empregos, dos recursos, mas há que se preservar o bem mais precioso, que é a vida", reiterou. O parlamentar também destacou que é preciso aumentar o valor dos royalties pagos pela mineração, equiparando os percentuais dessa compensação com os que são pagos pela extração de petróleo. Já o deputado Fábio Avelar (PSC), vice-presidente da comissão, conclamou os moradores para que permaneçam engajados e participem de todas as fases de tramitação do PL 1.304/07.

Durante os debates, vários moradores dos condomínios e bairros da região manifestaram seu apoio à preservação da Serra da Calçada, em função também das questões climáticas que já causam problema em todo o mundo. Moradores lembraram que os mananciais da Mina de Capão Xavier, também na região, já foram destruídos pela mineração. E outros protestaram contra jipeiros e motoqueiros que degradam a serra. Ilmar Bastos acrescentou que os condomínios também causam grande impacto na região, como comprovado durante estudos de parcelamento do solo. Já o morador Antônio Cabral pediu apoio para o projeto Eco Museu da Mineração, que pretende criar áreas abertas à visitação onde há vestígios das Bandeiras e do ciclo do ouro. O forte de Brumadinho, na Serra da Calçada, seria um dos pontos.

Presenças - Deputados Fábio Avelar (PSC), vice-presidente; Wander Borges (PSB) e Délio Malheiros (PV). E ainda: o vice-prefeito de Brumadinho, Jaime Wilson de Oliveira; e o vice-presidente da Associação dos Condomínio Horizontais e presidente de Condomínio Retiro das Pedras, Duílio Antônio Farah Dinardi.

 

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