Escolas de Legislativo vão integrar movimento contra corrupção

As escolas de parlamentos que integram a Associação Brasileira das Escolas do Legislativo (Abel) vão participar de um...

27/09/2007 - 00:01
 

Escolas de Legislativo vão integrar movimento contra corrupção

As escolas de parlamentos que integram a Associação Brasileira das Escolas do Legislativo (Abel) vão participar de um mutirão nacional para fortalecimento do controle interno das instituições públicas, a partir dos municípios, como forma de combater a corrupção. O desafio foi proposto pelo conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, Victor José Faccioni, e aceito pelo presidente da Abel, Florian Coutinho Madruga, durante palestra realizada por Faccioni nesta quinta-feira (27/9/07), no X Encontro Nacional da Abel, que prossegue até esta sexta, na Escola do Legislativa da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Para Faccioni, mesmo que o controle interno não fosse uma exigência constitucional, seria indispensável. Ainda assim, na quase totalidade dos municípios brasileiros não há essa estrutura formal e, das existentes, mais da metade só existe formalmente. O conselheiro citou vários casos que ilustram a falta de controle interno, entre eles o da execução recente de um ministro chinês por corrupção e o de uma secretaria de saúde brasileira que pagaria R$ 6 mil pelo contrato anual de um equipamento, enquanto seu custo, para compra, era de R$ 3,6 mil. "A causa de parte dessas irregularidades é o despreparo. E as Escolas do Legislativo têm um papel importante nesse trabalho", argumentou.

O controle interno, conforme citado pelo expositor, é um conjunto de procedimentos prévios, concomitantes e até subseqüentes aos atos administrativos, utilizados com o propósito de evitar desperdício, uso indevido de recursos e a sua recuperação. O Brasil, segundo ele, ocupa um dos últimos lugares no ranking de controle interno, feito por oito auditores para cada 100 mil habitantes. Já os melhores da lista, Dinamarca e Suécia, têm cem auditores para cada 100 mil pessoas. "Isso não é trabalho de um governante, mas de toda uma estrutura", opina Faccioni, acrescentando que a falta de controle e a corrupção atingem também a iniciativa privada.

Citando pesquisas recentes, o conselheiro afirma que a corrupção é o principal motivo da falta de orgulho do brasileiro com seu País. O índice chega a 41%, contra 17% para a violência e 12,7% para a pobreza. Por outro lado, segundo ele, a insuficiência do sistema de controle interno estatal responde por 63% das origens de fraude, enquanto o controle interno e a auditoria interna, juntos, alcançam 76% de êxito no combate às fraudes, conforme pesquisas internacionais.

Comissões - Logo após a palestra, o presidente da Abel, Florian Madruga, nomeou uma comissão para redigir uma minuta de protocolo de intenção entre a Abel, a Associação dos Membros dos Tribunais de Conta do Brasil (Atricon), presidida por Faccioni, e o conselho nacional que reúne as entidades de controle interno, presidido pela auditora-geral do Estado de Minas, Maria Celeste Morais Guimarães, também presente à palestra. O objetivo é o mutirão nacional para fortalecer o controle interno. Também foi designada a comissão encarregada de redigir a Carta de Belo Horizonte, que será apresentada ao final do encontro da Abel.

Painel apresenta casos de educação e capacitação interna

Ainda na tarde de ontem, representantes de Escolas do Legislativo relataram experiências sobre educação e capacitação de servidores em vários estados, no painel "Práticas de educação legislativa - capacitação interna". Na Assembléia da Bahia, por exemplo, a gestão estratégica de recursos humanos buscou definir uma identidade para a organização, no momento, inclusive, em que se discute a estruturação da escola daquele parlamento. "É um trabalho de formiguinha para quebrar as resistências à mudança", salientou o superintendente de RH, José Acurcio Vaz Souza.

O conhecimento como diferencial competitivo foi o foco do trabalho apresentado pela servidora Maria dos Remédios, que estudou a capacitação como requisito para o alcance da excelência na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Esse novo paradigma do conhecimento, segundo ela, mudou o modelo de gestão também no setor público, que agora tem o foco em resultados, inclusive para a atender exigências da sociedade.

Citando o exemplo da Universidade do Parlamento Cearense (Unipace), a consultora jurídica Gina Pompeu afirmou que é preciso somar a gestão estratégica à vontade política, já que os mandatos são dos parlamentares. "As orientações variam, e é preciso lidar com as diferenças, com as inovações", argumentou. No caso da Unipace, por exemplo, a consultora afirma que será preciso convencer o Executivo de que os recursos aplicados ali trarão um incremento da cidadania.

Os programas de formação e aperfeiçoamento profissional da Escola do Legislativo de Santa Catarina foram apresentados por Valéria Corrêa Prá Zacaron. Entre os vários programas e subprogramas, ela citou a complementação da educação regular, educação a distância, pós-graduação, inclusão digital e também atividades de suporte como direção defensiva e atualização para garçons e copeiras da Assembléia.

Na fase de debates, a deputada estadual do Paraná, Cida Borghetti (PP) citou que, enquanto em alguns lugares, os servidores enfrentam resistência política para introduzir mudanças como a implantação de escolas de parlamentos, na Assembléia do Paraná, a vontade política esbarra na resistência de parte do corpo técnico mais antigo da casa.

Fátima Anastasia aborda ética pública e democracia

Pela manhã, a professora Fátima Anastasia, do Centro de Estudos Legislativos do Departamento de Ciências Políticas da UFMG, proferiu palestra com o tema "Ética pública e democracia - o papel da educação legislativa". Ela enfatizou a importância da escola para o Poder Legislativo e a necessidade de se construir a capacidade burocrática pública. " Educação legislativa para todos é a educação democrática", afirmou. O encontro teve ainda participação do deputado do Estado do Ceará, Francisco Caminha (PHS), que explicou o funcionamento da Unipace, criada para priorizar as reivindicações profissionais dos parlamentares e agentes políticos. Segundo ele, a instituição oferece subsídios para que os servidores exerçam de forma eficaz suas atividades profissionais. Ainda como parte do X Encontro da Abel, no início da note de ontem, ocorreu o lançamento e distribuição de publicações da Escola da ALMG.

 

 

 

 

 

 

 

 

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