Usina de compostagem de lixo poderá causar danos a Cambuí

Uma usina de triagem e compostagem de lixo, recentemente instalada no município de Córrego do Bom Jesus, poderá inibi...

26/09/2007 - 00:01
 

Usina de compostagem de lixo poderá causar danos a Cambuí

Uma usina de triagem e compostagem de lixo, recentemente instalada no município de Córrego do Bom Jesus, poderá inibir o crescimento urbano e trazer prejuízos ambientais para a vizinha Cambuí. A denúncia foi trazida pela vereadora de Cambuí, Márcia Lessa Braga, que, juntamente com outros convidados, participou de audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (26/9/07), em Varginha, Sul de Minas. Na reunião, ainda foram debatidos outros problemas relacionados ao meio ambiente da região.

A usina de triagem e compostagem de lixo é localizada no município de Córrego do Bom Jesus na divisa com o município de Cambuí. A usina possui capacidade para processar diariamente 15 toneladas de lixo urbano e foi inaugurada no último dia 7 de setembro, mas ainda não entrou em operação. Segundo a vereadora Márcia Lessa Braga, a usina está instalada há apenas 500 metros do centro urbano de Cambuí. Ela explicou que a usina foi construída após denúncia de que o município de Córrego do Bom Jesus não teria tratamento adequado para seu lixo. A prefeitura de Córrego do Bom Jesus teria então desapropriado um terreno próximo a divisa com Cambuí para a construção da usina.

"Os moradores da região temem os impactos que a usina irá trazer para o meio ambiente", afirmou. Márcia Lessa Braga também destacou que a área em que a usina foi construída é justamente a região onde poderia haver um grande desenvolvimento de Cambuí, com crescimento populacional. "Agora esse crescimento poderá ser inibido", considerou.

Usina cumpriu exigências para sua construção

O diretor técnico da Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Sul de Minas (Supram), Luciano Junqueira de Melo, explicou que a usina cumpriu os requisitos necessários para a sua construção, sendo que, para tanto, foi concedida uma autorização ambiental. Segundo ele, a usina ainda não possui a licença de operação, mas o município de Córrego do Bom Jesus já deu início ao processo.

Luciano Junqueira de Melo explicou que a vistoria realizada constatou que não existe centro urbano a menos de 500 metros da usina, como é recomendado pelas normas vigentes. De acordo com ele, foi encontrado um curso de água a 89 metros da usina, sendo que as normas recomendam uma distância mínima de 200 metros. "Mas essa é apenas uma recomendação e pode não representar um impedimento para seu funcionamento" ressaltou.

Licenciamento pleno - O presidente da comissão e autor do requerimento para realização da reunião, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), considerou que para autorizar a construção da usina, deveria ter sido feita uma análise do terreno prévia. Ele afirmou que, diante dos conflitos existentes entre os dois municípios, o empreendimento deveria ter passado por um licenciamento ambiental pleno, que iria fazer uma análise mais completa da situação.

O vice-presidente da comissão, deputado Fábio Avelar (PSC), considerou grave os limites que foram impostos ao município de Cambuí com a construção da usina de Córrego do Bom Jesus. O deputado Wander Borges (PSB) afirmou que o plano diretor de Cambuí previa a expansão urbana do município naquela direção, o que ficou comprometido com a construção da usina. Foi aprovado requerimento dos deputados presentes solicitando à Supram que a usina de compostagem seja submetida ao processo de licenciamento pleno.

Superintendência regional apresenta problemas do Sul de Minas

Um dos objetivos da audiência pública era conhecer a atuação da Supram do Sul de Minas. A superintendente-regional, Valéria Cristina Rezende, fez uma apresentação mostrando os principais problemas encontrados pela superintendência na região. Entre os destacados por ela está a extração de quartzito no município de São Tomé das Letras. "Em São Tomé, existe um conflito entre a exploração econômica da pedra e o desenvolvimento do turismo da região", disse. Ela apresentou fotos mostrando o impacto visual negativo da exploração do quartzito e exemplos de como é possível realizar a atividade econômica sem prejudicar o meio ambiente.

Valéria Cristina Rezende afirmou que a superintendência procura orientar os municípios, os produtores rurais e as indústrias para que sejam implantados sistemas de controle com o objetivo de contribuir para a preservação do meio ambiente. "Acreditamos que o meio ambiente não deve ser visto como um impedimento para o setor produtivo e o setor produtivo não deve ser contra o meio ambiente. É preciso encontrar um meio termo", afirmou.

Segundo ela, a superintendência é responsável por 178 municípios, sendo que na região existem nove unidades de conservação. Valéria Cristina Rezende ainda afirmou que os outros problemas ambientais comuns na região são as queimadas e a utilização de agrotóxicos na atividade agrícola; o lançamento de produtos tóxicos pela indústria; entre outros.

Educação ambiental - A conscientização da população através do desenvolvimento de programas e educação ambiental foi defendida pelos deputados e por vários convidados presentes na audiência pública. O deputado Fábio Avelar afirmou que a questão ambiental é hoje um desafio, que deve ser enfrentado por toda a sociedade. O deputado Wander Borges lembrou que a legislação ambiental no país ainda é recente, sendo necessário criar programas específicos para educar a população.

Já a promotora de Justiça da comarca de Varginha, Deise Cristina Vieira, destacou que o maior problema da região é a falta de educação ambiental da população. A major da Polícia Militar, Rosângela de Souza Freitas, disse que o empreendedor muitas vezes acredita que vale mais a pena responder a um processo por danos ambientais do que preservar o meio ambiente.

Requerimentos - Foram aprovados ainda os seguintes requerimentos: do deputado Roberto Carvalho (PT), solicitando a realização de audiência pública conjunta com a Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial para debater o PL 952/07; do deputado Padre João (PT), pedindo a realização de audiência pública no município de Jeceaba para discutir implantação de seu distrito industrial; e do deputado Wander Borges, solicitando a realização de audiência pública para debater o licenciamento ambiental no loteamento Fazenda Marzagão em Sabará.

Também foram aprovados dois requerimentos do deputado Fábio Avelar. O primeiro solicita a realização de audiência pública para discutir o programa de investimentos em Minas da Companhia Siderúrgica Nacional. O segundo solicita que seja convidado para falar na comissão o presidente do Sindicato da Indústria Mineral de Minas Gerais, José Fernando Coura, que irá expor a proposta para solucionar os problemas causados na BR 040 pelo transporte de minério de ferro.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Fábio Avelar (PSC), vice; e Wander Borges (PSB) e, além dos convidados já citados, o conselheiro do Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente, Jaci Gonçalves; o professor do Centro Universitário do Sul de Minas, Roberto Luiz Queiroz; o representante da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Sebastião Rogério Teixeira; o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha, José Carlos Bueno; o coordenador regional de Varginha do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Marden Donizetti Souza; e o coordenador regional de Pouso Alegre do IMA, Adauto Pinheiro da Motta Paes.

 

 

 

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