Inspetores escolares lotam o Plenário e encaminham reivindicações

Cerca de 300 inspetoras e inspetores escolares lotaram o Plenário e as galerias da Assembléia Legislativa de Minas Ge...

26/09/2007 - 00:00
 

Inspetores escolares lotam o Plenário e encaminham reivindicações

Cerca de 300 inspetoras e inspetores escolares lotaram o Plenário e as galerias da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (26/9/07), quando encaminharam várias reivindicações aos deputados. Melhores salários, redefinição de atribuições, nomeação de concursados e estímulo à capacitação continuada foram alguns pedidos feitos pelos profissionais, que vieram de várias regiões. Os salários, que não teriam acompanhado a ampliação das funções, tiveram perdas, o que foi destacado pela inspetora Alessandra Cristina Miranda de Faria. Segundo ela, entre 1995 e 2007, a remuneração de um inspetor com 15 anos de carreira caiu de 12,61 para 4,43 salários mínimos (cerca de R$ 1,7 mil). "É impossível colocar em prática as atribuições a contento. Nós nos sentimos cansados e frustrados", destacou ela, que tem cinco anos de inspeção. A ausência da Secretaria de Estado da Educação (SEE) foi criticada e lamentada por todos.

Como resultado da reunião - que foi promovida pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da ALMG e teve a participação de dezenas de deputados - foram aprovados vários requerimentos. O deputado Dinis Pinheiro (PSDB), 1º-secretário da Casa e que solicitou o debate desta quarta, sugeriu que fosse criada uma comissão para estudar o assunto, com representantes da própria comissão, da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) e da SEE, dos inspetores escolares e do Conselho Estadual de Educação (CEE). A proposta foi concretizada por meio de requerimento da deputada Rosângela Reis (PV), que trata de reunião da comissão com representantes dos inspetores para formalizar proposta a ser encaminhada à Seplag, bem como a cobrança pela nomeação de servidores concursados. Do deputado Carlin Moura (PCdoB), foi aprovado requerimento de informações à SEE sobre novas nomeações.

Transferida do Teatro, a reunião ganhou o Plenário tendo em vista o grande número de participantes. São pessoas que vieram de longe, como Marcelle Ferreira Graff, que saiu de Paracatu, no Noroeste, distante cerca de 600 quilômetros da Capital. Ela conclamou os colegas a retomarem um movimento de resgate da dignidade dos profissionais da educação. "A mudança não vem de cima; ela se dá pela base. Temos que vir mais vezes à nossa Casa", destacou, referindo-se à ALMG. Para Marcelle, é preciso uma nova postura - que tem de ser organizada e política. A presença maciça na Assembléia foi elogiada também pela presidente da Associação Mineira de Inspetores Escolares, Marília Helena Schettino. Já Norma Lúcia Lelis, que foi diretora do Instituto de Educação, em BH, demonstrou que o inspetor virou um "faz-tudo". "Dizem que somos os olhos e ouvidos da Secretaria, mas só somos lembrados quando a situação está desesperadora", lamentou ela, que começou a atuar como inspetora no Norte e diz já ter andado "em caminhão de lenha e de carvão".

Inspetoras detalham atribuições; deputados da oposição e governo falam

A inspetora Alessandra de Faria falou um pouco das atribuições dos inspetores, que somariam cerca de 900 profissionais em todo o Estado. Cerca de 30% seriam designados e o restante, efetivos. Cabe ao inspetor escolar orientar e controlar o processo administrativo das escolas; orientar a organização dos processos de criação e registro de escola; garantir a regularidade do funcionamento das unidades de ensino e se responsabilizar pelo fluxo correto e regular de informações entre escola, órgãos regionais e o órgão central da SEE. O analista educacional/inspetor escolar atua não somente na rede estadual, mas também nas redes municipal e privada. É um universo de mais de 16 mil escolas. De acordo com Alessandra de Faria, o profissional acaba respondendo ainda a solicitações que chegam da Polícia, de conselhos tutelares e juizados.

Governo e oposição - Durante os debates, deputados da base do governo na Assembléia e da oposição comentaram as ações do governador Aécio Neves. Coube à oposição fazer críticas contundentes à condução da política educacional. O deputado Carlin Moura opinou que a situação dos inspetores é de abandono e de falta de diálogo com a SEE. Ele criticou a secretária Vanessa Guimarães por nunca ter atendido a qualquer convite da Comissão de Educação, da qual ele é integrante efetivo. Lembrou que o piso salarial do inspetor é de R$ 760,00. O questionamento foi ratificado pelo deputado Almir Paraca (PT). "Se não houver determinação do Executivo em atender às reivindicações, nada vai mudar a partir do Legislativo. É o governo que pode tirar do papel as boas intenções. Esse é um processo que passa também pelo aprofundamento da organização e da mobilização dos profissionais da educação", afirmou Paraca.

A líder do PT, deputada Elisa Costa, e o líder da Minoria, deputado Paulo Guedes (PT), emendaram as críticas. Segundo a parlamentar, é preciso reconhecer os avanços do governo Aécio Neves em várias áreas, mas isso, opinou, não acontece na educação. Ela informou que Minas ocupa o 18º lugar no Brasil em valor de salário do servidor, entre eles o do ensino, enquanto ocuparia o 2º lugar em arrecadação. "Chega de choque de gestão", completou Guedes.

Já os deputados da base do governo fizeram vários elogios ao governador. O contraponto mais enfático partiu do deputado Dinis Pinheiro. "Discursos duros e dotados de coloração partidária pouco vão contribuir para solucionar os problemas", replicou. Apesar de lamentar a ausência da SEE, Pinheiro elogiou o governador e o choque de gestão implementado no primeiro mandato, além de reafirmar a crença em uma solução vinda do Executivo. "A audiência pública de hoje é um instrumento da democracia, pois dá vez e voz às pessoas e contribui para a busca de alternativas. É preciso repensar conceitos, métodos e estrutura", enfatizou Pinheiro. Também elogiou o governador o deputado Gil Pereira (PP), que disse estar o Legislativo empenhado na questão.

O presidente da comissão, deputado Deiró Marra (PR), destacou que ela será sempre parceira dos inspetores. "A presença maciça dos parlamentares na reunião de hoje demonstra a sensibilidade para com a causa da educação", afirmou. A vice-presidente, deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), que também elogiou Aécio Neves, destacou que os inspetores são facilitadores do entendimento da legislação e da comunicação entre as escolas e os órgãos centrais.

Já o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) citou proposição de sua autoria que não chegou a ser aprovada: o Projeto de Lei Complementar (PLC) 31/00, que concedia ao inspetor escolar gratificação equivalente à atribuída ao diretor de escola estadual do mesmo nível. A deputada Ana Maria Resende (PSDB), por sua vez, propôs que o movimento desencadeado nesta quarta seja ampliado para outras categorias e marcado por uma característica suprapartidária. E o deputado Célio Moreira (PSDB), ao comentar a ausência da secretária Vanessa Guimarães, afirmou que ela pode até ser convocada para vir à Assembléia.

Seplag só acompanha - A única representante do Executivo que participou da reunião foi Naidy Souza de Albuquerque Roquette, da Seplag. Ela disse apenas que, estando no processo desde o início, a atuação da Secretaria pode representar um componente facilitador das negociações. O professor Januzzi, do Conselho Estadual de Educação (CEE), destacou o papel fundamental dos inspetores como "o tentáculo maior" do conselho. Ele disse acreditar no apoio de todos os deputados às reivindicações dos inspetores.

Em reunião anterior, a comissão apreciou projetos que dispensam a apreciação do Plenário.

Outros requerimentos - A Comissão de Educação aprovou os seguintes requerimentos:

* Do deputado Gil Pereira, que cobra do ministro da Educação a criação de uma universidade federal no Norte de Minas.

* Do deputado Carlin Moura, que solicita da SEE informações sobre a Conferência Estadual de Educação, com data e programação.

* Da comissão, que solicita da SEE que realize a Conferência Estadual de Educação.

* Do deputado Deiró Marra, que trata de audiência pública para apurar denúncias veiculadas na imprensa sobre merenda escolar.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Deiró Marra (PR), presidente; Maria Lúcia Mendonça (DEM), vice; Ana Maria Resende (PSDB), Carlin Moura (PCdoB), Gláucia Brandão (PPS), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Almir Paraca (PT), Dinis Pinheiro (PSDB), Célio Moreira (PSDB), Delvito Alves (DEM), Paulo Guedes (PT), Rêmolo Aloise (PSDB), Lafayette de Andradada (PSDB), Rosângela Reis (PV), Carlos Pimenta (PDT), Elisa Costa (PT) e Gil Pereira (PP). Também participou da Mesa dos trabalhos a inspetora Amélia Ferreira da Silva.

 

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