Deputados aprovam Cláudio Beato para Conselho de Defesa Social

O nome do sociólogo Cláudio Chaves Beato Filho foi aprovado por unanimidade para compor o Conselho de Defesa Social. ...

25/09/2007 - 00:00
 

Deputados aprovam Cláudio Beato para Conselho de Defesa Social

O nome do sociólogo Cláudio Chaves Beato Filho foi aprovado por unanimidade para compor o Conselho de Defesa Social. Após sabatina da qual participaram cinco deputados, o relator, deputado Ronaldo Magalhães (PSDB), considerou que "o candidato respondeu satisfatoriamente aos questionamentos formulados pelos deputados e que mostrou grande conhecimento da temática para exercer a função de conselheiro". Aprovado o parecer na tarde desta terça-feira (25/9/07), foi cumprida a finalidade da Comissão Especial constituída pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais para analisar a indicação feita pelo governador.

Beato é professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMG e coordena o Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp-UFMG). Tem mestrado e doutorado pela Sociedade Brasileira de Instrução do IUPERJ. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), que também é membro do Conselho, saudou a nova aquisição como "um grande ganho para a sociedade civil que tem assento no Conselho".

O presidente da Comissão, deputado Getúlio Neiva (PMDB), mandou distribuir cópias do currículo do candidato a todos os deputados, que passaram a debater com ele suas idéias para melhorar a situação de segurança social no Brasil. Beato defende duas grandes teses: a do compartilhamento de informações entre os diversos órgãos de defesa social, e a da participação mais incisiva do poder municipal no controle da criminalidade.

Provocado pela deputada Gláucia Brandão, que estabeleceu correlações entre a pobreza e a alta criminalidade verificada em Ribeirão das Neves, o sociólogo argumentou que nem todas as áreas pobres são violentas, e nem todas as áreas violentas são necessariamente pobres. Para ele, violência e pobreza andam juntas, devido à desorganização social, à concentração de desvantagens sócio-econômicas, à falta de oportunidades para os jovens e à presença rarefeita do Estado.

A deputada pediu-lhe também para falar sobre a corrupção policial. Beato, no entanto, disse que a corrupção tem que ser tratada no âmbito de todo o serviço público, e não apenas da polícia. Revelou que as corregedorias se ocupam mais de coibir a brutalidade policial do que propriamente da corrupção, e que as corregedorias e ouvidorias são insuficientes. Ele acredita que é preciso haver controle externo das polícias, com ampla capacidade de investigar. Citou inúmeros exemplos internacionais bem-sucedidos de controle policial.

Pobreza, violência e desigualdade andam juntas

O deputado Durval Ângelo introduziu, no binômio pobreza-violência, a questão da desigualdade, sob o argumento de que a região mais pobre do Estado, o Vale do Jequitinhonha, tem baixos índices de criminalidade, assim como o Sul do Estado, mais rico, tem poucos presos em suas cadeias. Para ele, a homogeneidade social dessas duas áreas não traz o componente forte da desigualdade, que faz explodir a violência em cidades como Uberlândia e as do Vale do Aço. Outra constatação dele é que os criminosos são cada vez mais jovens, e quase todos ligados ao tráfico de drogas ou a crimes motivados pela dependência de drogas.

Beato ponderou que programas como o Fique Vivo dão muito resultado na prevenção à criminalidade. Disse que cada real investido nesse programa equivale a R$ 30 numa unidade da Apac ou R$ 90 no sistema prisional convencional. "Manter um preso é algo muito caro, que custa cerca de R$ 3 mil. É preciso encontrar formas preventivas que evitem que o jovem vá parar na cadeia", disse ele. Uma das novas formas é reforçar a figura da mãe nas comunidade carentes, devido ao respeito que as mães ainda merecem por parte dos jovens com desvio de conduta.

O presidente Getúlio Neiva afirmou que "o desordenamento urbano é que traz a violência", e disse que no Jequitinhonha as cidades são pequenas, todos se conhecem, e o Sul é rural. Neiva defendeu a municipalização da reforma agrária para que possa fazer justiça nos pequenos municípios e criticou o programa Campos de Luz, de iluminação de campos de futebol para dar alternativa esportiva aos jovens da periferia. Segundo ele, "90% dos campos de luz estão apagados porque ninguém paga a conta".

O deputado João Leite (PSDB), que foi secretário de Esportes durante a implantação do programa, contra-argumentou que inúmeras prefeituras estão pagando as contas de luz dos campos e também clubes de futebol amador assumiram essas despesas. "Instalamos mais de 500 campos de luz em todo o Estado", informou.

Presenças: Deputados Getúlio Neiva (PMDB), presidente; Ronaldo Magalhães (PSDB), vice-presidente; Durval Ângelo (PT), João Leite (PSDB) e a deputada Gláucia Brandão (PPS).

 

 

 

 

 

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