Comissão vai apurar existência de cartel do cimento no Estado

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai apurar a possível ...

25/09/2007 - 00:01
 

Comissão vai apurar existência de cartel do cimento no Estado

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai apurar a possível existência de um cartel do cimento no Estado. A decisão foi tomada durante a reunião desta terça-feira (25/9/07), que discutiu o aumento de 50% no preço do cimento, nos últimos três meses. A comissão aprovou requerimentos de autoria de todos os integrantes presentes, solicitando que seja enviado um ofício ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e outro ao Ministério Público para investigar se a indústria e o comércio de cimento formaram um cartel ou se estão cometendo práticas abusivas..

A comissão aprovou ainda outros três requerimentos. Um deles para que seja comunicada à Secretaria de Transporte e Obras Públicas (Setop) as suspeitas sobre a formação de cartel pelas cimenteiras. Outro, para que o Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) faça um levantamento da variação do preço do cimento e de seus componentes - calcário, argila, minério de ferro e gesso - no período de 2003 a 2004. E por fim, também foi aprovado requerimento solicitando que a Cemig esclareça porque optou pela utilização do poste de madeira ao invés do poste de cimento no programa "Luz para Todos".

Aumento de 50% é considerado abusivo

O autor do requerimento que solicitou a reunião, deputado Délio Malheiros (PV), disse que não vê motivos para o aumento do preço do cimento. "Ou as empresas estão trabalhando no vermelho e querem retirar alguma concorrente do mercado, ou estão querendo ganhar lucros exorbitantes", afirmou. Na opinião dele, o reajuste do valor do produto aumenta o índice da inflação, prejudica o programa do governo federal destinado à construção civil, onerando assim o consumidor final.

O diretor executivo do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, considera este aumento abusivo. Na opinião dele, o mercado deveria ser mais competitivo para não prejudicar o pequeno consumidor, o chamado "formiguinha, aquele que compra um ou dois sacos de cimento". Já o representante do Procon Assembléia, Alexandre Werneck, disse que pesquisa verificou que a distribuição do produto é uniforme, e que está havendo diminuição na oferta por parte das distribuidoras. Werneck informou que o Procon fará uma nova pesquisa a cada mês, inclusive por regiões, para ter um diagnóstico melhor.

Apagão do cimento não é descartado

O presidente da Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac), Ricardo Geovani Fortuna Caus, disse que em 2003 o saco do cimento era vendido a R$ 16 reais, caindo para R$ 8 em 2007. De acordo com ele, o cimento já está faltando no mercado, seu consumo aumentou e as revendedoras tem tido dificuldades para entregar a mercadoria. A Acomac tem atualmente cerca de três mil associados, e trabalha com 12 fornecedores de grande porte no Brasil.

Já o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos de Cimento de Minas Gerais, Antônio Carlos Pena Pereira, lembrou que a queda no preço do cimento começou em 2004, até alcançar o valor atual. Na opinião dele, isso aconteceu porque as indústrias estavam produzindo mais e vendendo menos. Com o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do Governo Federal, a procura pelo produto aumentou ainda mais. Antônio Carlos acredita que vai faltar cimento para atender às cerca de 2.550 empresas do Estado que utilizam o material.

O deputado Célio Moreira (PSDB) disse que está preocupado com a possibilidade de acontecer um "apagão do cimento". Ele afirmou que não está entendendo o motivo do aumento de 50% em apenas três meses, já que o dólar está caindo. "Antes, as empresas alegavam que a alta do dólar era o motivo do aumento do preço do cimento", comentou. Já o deputado Antônio Júlio (PMDB) lamentou a ausência dos produtores de cimento na reunião. Para ele, o PAC é uma desculpa para justificar a elevação no preço, e o que existe na verdade é um "cartel e uma máfia do cimento, controlado por um pequeno grupo" .

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), presidente; Antônio Júlio (PMDB); e Célio Moreira (PSDB).

 

 

 

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