ALMG recebe sugestões de alteração do ICMS Solidário em Divinópolis

Aumento dos percentuais destinados ao ICMS ambiental e cultural, distribuição do imposto referente ao patrimônio cult...

24/09/2007 - 00:00
 

ALMG recebe sugestões de alteração do ICMS Solidário em Divinópolis

Aumento dos percentuais destinados ao ICMS ambiental e cultural, distribuição do imposto referente ao patrimônio cultural entre todos os municípios que investem nessa área, criação do ICMS turístico, aumento de repasse para cidades que têm distritos e ainda uma regra de transição para os municípios que terão perda de receita. Essas foram as principais sugestões colhidas pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais no encontro regional do Fórum Técnico ICMS Solidário, nesta segunda-feira (24/9/07), em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, com a presença de 14 prefeitos.

A reunião encerrou a etapa de interiorização das discussões sobre o Projeto de Lei (PL) 637/07, do deputado Dinis Pinheiro (PSDB), que altera a Lei 13.803, de 2000, conhecida por Lei Robin Hood, modificando os critérios de repasse do ICMS destinado aos municípios. A etapa final do fórum será no dia 2 de outubro, em Belo Horizonte.

Em tramitação na ALMG, a proposição divide esses critérios em três grupos: critérios econômicos; sociais solidários; e de compensação solidária. O objetivo é redistribuir uma parte do imposto (4,68%) pelo critério de população, beneficiando municípios que estejam em situação desfavorável em relação à média per capita de ICMS do Estado. De acordo com a proposta original, dos 853 municípios mineiros, 762 serão beneficiados com o aumento de recursos, enquanto 91 perderiam parte da receita com o imposto.

Durante o encontro na Câmara Municipal de Divinópolis, o deputado Dinis Pinheiro adiantou que uma sugestão de emenda do deputado Sebastião Costa (PPS) amplia o número de municípios beneficiados para 792, acentuando algumas perdas ou reduzindo os ganhos de outros municípios. A reunião foi coordenada pelo deputado Neider Moreira (PPS), que enfatizou o interesse geral do assunto. "A maioria dos municípios vive de repasses, sem arrecadação própria. E muitos ficam sem recursos até para pagar funcionários", lembrou. Por isso mesmo, de acordo com o parlamentar, a decisão da ALMG de buscar a participação da sociedade mineira para aprimorar o PL 637/07 foi acertada.

Deputados reconhecem necessidade de aprimorar o projeto

O deputado Domingos Sávio (PSDB) defendeu uma reforma tributária completa e criticou as regras de distribuição dos recursos públicos, que acabam concentrados na União. "Está cada dia mais difícil para o município, chamado a assumir novas áreas como educação e saúde", afirmou. Por outro lado, o parlamentar propôs uma reflexão prudente sobre o PL 637/07 para que alguns municípios como São Sebastião do Oeste, na microrregião de Divinópolis, não sejam prejudicados com a perda de receita, no caso, de 24,78%. "Tirar de São Sebastião do Oeste para dar a Divinópolis, por exemplo, não é sensato", analisou. De acordo com os critérios do projeto, Divinópolis teria seu repasse ampliado em 2,55%.

Já o deputado Doutor Rinaldo (PSB) salientou a necessidade de um consenso em torno da proposta e também se manifestou contra a perda de recursos em Itatiaiuçu, na Região Central, cujo repasse seria reduzido em 15,88%. "Uma cidade grande perder recursos é uma coisa. Para a cidade pequena, isso complica", afirmou, reiterando que é preciso trabalhar para tirar as injustiças do projeto. O deputado Paulo César (PDT) também citou o caso de São Sebastião do Oeste, mas lembrou que a emenda de Sebastião Costa corrigiu essa distorção. "O município tem enfrentado dificuldade e não seria justo que perdesse recursos", salientou.

Na defesa do PL 637/07, o deputado Dinis Pinheiro afirmou que Minas Gerais é o único dos grandes estados brasileiros que ainda não tem uma distribuição mais justa do ICMS. "Sou a favor de rever o pacto federativo e o sistema desumano de distribuição de impostos entre União, estados e municípios. Mas também temos que fazer o dever de casa. Vimos nesse PL uma forma de reduzir as gritantes diferenças sociais entre os mineiros", afirmou. O parlamentar enfatizou também que, mesmo com as modificações propostas, os mais ricos continuarão mais ricos e os mais pobres permanecerão nessa condição.

O prefeito de Perdigão e presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Itapecerica, Gilmar Teodoro, pediu agilidade na tramitação do PL 637/07 e afirmou que, ao personalizar o ICMS, o projeto foca o cidadão e não o desenvolvimento econômico do município. Já o prefeito de Itatiaiuçu e presidente da Associação dos Municípios do Médio Centro-Oeste, Wagner Mendonça Chaves, classificou a proposta como um "canibalismo tributário", na medida em que "retira recursos dos que não têm nada para dar aos que nada têm". Para o prefeito, a luta municipalista tem que ser pela divisão de recursos hoje concentrados na União.

Chaves frisou que os municípios que ampliam sua atividade econômica têm também maiores gastos com trânsito, migração e meio ambiente, problemas esses que não podem ser transferidos juntos com os recursos. No caso de Itatiaiuçu, de acordo com o prefeito, a perda de recursos com o PL 637/07 inviabilizaria ações de caráter continuado. Mesmo com a emenda do deputado Sebastião Costa, Itatiaiuçu continua com perdas, porém, reduzidas de 15,88% para 1,08%.

Técnicos justificam necessidade de revisão da Robin Hood

Durante o encontro em Divinópolis, a coordenadora técnica da Lei Robin Hood da Fundação João Pinheiro, Isabella Virgínia Freire Biondini, apresentou a evolução dos critérios de repasse de ICMS em Minas e afirmou que a estagnação de alguns critérios, como de educação e de patrimônio histórico, justificam a necessidade de revisão da lei. No caso do patrimônio, segundo ela, há necessidade de se pontuar municípios que investem, por exemplo, em bens imateriais. O critério usado hoje, porém, engessa os repasses.

Também o gerente de Economia e Finanças, Transportes, Comunicação e Obras Públicas da ALMG, Hélio Ferreira dos Santos, defendeu a alteração da lei como forma de incentivar as políticas públicas nos municípios. Para ele, a desigualdade é um dos principais fatores que retardam o desenvolvimento.

Presenças - Deputados Neider Moreira (PPS); Domingos Sávio (PSDB); Doutor Rinaldo (PSDB); Paulo Cesar (PDT) e Dinis Pinheiro (PSDB). Participaram ainda da mesa o presidente da Câmara Municipal de Divinópolis, Milton Donizete da Silva; o diretor de arrecadação da Secretaria da Fazenda de Divinópolis, Antônio Dias, que representou o prefeito Demetrius Arantes Pereira; e o presidente da Associação das Câmaras Municipais do Centro-Oeste de Minas, Wladimir Azevedo.

 

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