Rede criminosa estaria por trás de assassinatos no Vale do Rio Doce

Uma rede criminosa estaria por trás de uma série de assassinatos no Vale do Rio Doce, revelou o presidente da Comissã...

20/09/2007 - 00:03
 

Rede criminosa estaria por trás de assassinatos no Vale do Rio Doce

Uma rede criminosa estaria por trás de uma série de assassinatos no Vale do Rio Doce, revelou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, deputado Durval Ângelo (PT), nesta quinta-feira (20/9/07), em Governador Valadares. Ele conversou com um dos pistoleiros integrantes desse suposto esquema, Adriano Rodrigues Miranda, internado no Hospital Regional da cidade depois de ser atingido por quatro tiros à queima-roupa no dia 10 de setembro. "Há uma rede criminosa e Adriano é um dos pontos desse esquema. Ele é um arquivo vivo que pode esclarecer os crimes de pistolagem na região", afirmou o deputado.

Mais conhecido como "Pit Bull", Adriano Rodrigues Miranda foi baleado em uma movimentada avenida da cidade por um policial militar, o cabo Marcos Almeida Araújo, que desferiu 16 disparos contra ele, segundo Durval Ângelo. De acordo com o deputado, Pit Bull, com 23 anos e autor de pelo menos 16 assassinatos, estaria arrependido e teria intenção de abandonar a organização criminosa, que agora quer eliminá-lo.

De acordo com Durval Ângelo, Pit Bull lhe confessou ter sido contratado para cometer vários assassinatos. A organização criminosa também teria a intenção de assassinar o deputado, segundo o relato de Pit Bull, porque ele pediu rapidez nas investigações conduzidas pelo delegado de Timóteo, Francisco Lemos. Pistoleiros do Mato Grosso teriam sido contratados para assassinar o deputado por R$ 100 mil. Já o assassinato do delegado Lemos custaria R$ 60 mil, de acordo com Durval. Ele mandou um recado para os pistoleiros. "Quero informar essas pessoas que a fila é grande. Entrem na fila, que nós não vamos nos intimidar diante de nada", disse o deputado.

A Polícia Civil se recusa a dar informações sobre o atentado para não atrapalhar as investigações sobre o caso. "Em momento algum alguém tentou esconder a investigação. No momento exato, todas as informações serão divulgadas", garante o delegado regional de Valadares, Marcos José de Paula. O comandante da 1a Região da Polícia Militar, coronel Hudson Ferreira Bento, revela que há indícios da participação de outros PMs no esquema de pistolagem, mas não quis citar nomes. "Já temos um PM preso, o que evidencia a transparência que damos a essa questão", afirmou o coronel. O cabo Marcos Almeida Araújo levou um tiro na perna e está internado no Hospital Nossa Senhora das Graças.

Segundo Durval Ângelo, o esquema de pistolagem revelado por Pit Bull seria comandado pelo ex-prefeito de Tarumirim, João Correia da Silveira, mais conhecido como "João Caboclo". Ele seria o mandante de vários assassinatos em função de dívidas não pagas por pessoas que emigraram para os Estados Unidos. O esquema, que configuraria um "sindicato do crime", segundo Durval Ângelo, estaria por trás de assassinatos ocorridos nos últimos três anos em Timóteo, Tarumirim, Iapu e Inhapim. Na véspera de ser gravemente ferido, Adriano havia levado um tiro de raspão no rosto desferido pelo irmão de João Caboclo, o fazendeiro José Sena de Oliveira. Ele teria ido cobrar de Sena R$ 4 mil do total de R$ 5 mil combinados por um assassinato, segundo Durval Ângelo.

Polícia reduz homicídios em Governador Valadares

O deputado Durval Ângelo conheceu o esforço das Polícias Civil e Militar para reduzir os homicídios em Governador Valadares. Entre janeiro e setembro de 2006, ocorreram 141 assassinatos na cidade, número que caiu para 105 no mesmo período deste ano. Essa redução deve-se à atuação integrada das duas polícias desde dezembro do ano passado, que intensificaram o cumprimento de mandados de prisão e passaram a fazer reuniões periódicas para avaliar os resultados do programa, batizado de Operação Gênesis. "Os índices de homicídios eram estratosféricos. Em alguns bairros, conseguimos reduzi-los aos níveis de 1997", comemora o delegado regional Marcos José de Paula.

Para dar continuidade a esse trabalho, as polícias precisam de reforços na sua infra-estrutura e de mais agilidade do Poder Judiciário. O deputado Durval Ângelo disse que vai levar as reivindicações da cidade ao Conselho Estadual de Defesa Social e ao secretário Maurício Campos Júnior. Para agilizar o andamento dos processos judiciais, ele vai apresentar emenda ao Projeto de Lei Complementar 26/07 (da organização judiciária) para garantir a criação de mais varas criminais e uma vara do tribunal do júri em Valadares.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente.

 

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