Subsecretário afirma que Estado está assumindo a guarda de presos

A necessidade de retirar da Polícia Civil a atribuição de cuidar dos presos do Estado foi um consenso entre deputados...

19/09/2007 - 00:01
 

Subsecretário afirma que Estado está assumindo a guarda de presos

A necessidade de retirar da Polícia Civil a atribuição de cuidar dos presos do Estado foi um consenso entre deputados e autoridades estaduais que participaram, na manhã desta quarta-feira (19/9/07), de audiência pública da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. O objetivo da reunião, solicitada pelo presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), era debater as ações para prevenir fugas, rebeliões e entrada de armas nas carceragens de delegacias, cadeias públicas, penitenciárias e centros de remanejamento do Estado. Entre as sugestões apresentadas, especialmente pelo juiz da Vara de Execuções Criminais de Belo Horizonte, Herbert José Almeida Carneiro, estão a realização de curso especializado para os agentes que vão cuidar das unidades prisionais; a adoção de penas alternativas em certos casos; a utilização de videoaudiências e a necessidade de ressocialização dos detentos.

A mudança da responsabilidade pela guarda dos presos para a Subsecretaria de Administração Penitenciária tem sido feita gradativamente, segundo o titular da pasta, Genílson Ribeiro Zeferino. Ele concordou que a Polícia Civil paga um preço alto por cuidar dos condenados e que esta situação está sendo invertida já que, atualmente, a Subscecretaria tem sob sua responsabilidade 20 mil detentos e conta com 46 unidade prisionais. "Até o final de 2007 teremos 50 unidades, com a inauguração de presídios em Andradas, Unaí, Araxá e Guaranésia", afirmou. Segundo Genílson Zeferino, somente com estes quatro últimos presídios, 828 presos serão abrigados e, dessa forma, 15 unidades prisionais a cargo da Polícia Civil serão extintas.

Novos presídios - Entre outras ações anunciadas pelo subsecretário estão a inauguração, em 2008, de presídios nas cidades de Caratinga, Coronel Fabriciano, João Pinheiro, Montes Claros, Teófilo Otoni e na Região Metropolitana de Belo Horizonte. "Serão 1.814 vagas, liberando assim mais de 200 policiais civis para exerceram suas funções originais", afirmou Genílson Zeferino, que ressaltou ainda o trabalho de integração entre as polícias civil e militar para melhorar o serviço de segurança pública: "Nós temos o desafio de enfrentar a criminalidade, que não é fácil de ser vencido e não se resolve da noite para o dia".

Mesma opinião apresentou o chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Marco Antônio Monteiro de Castro, que conta hoje com nove mil homens. "A guarda de presos é um grande desafio para nós, da Polícia Civil, e a solução é retirá-los das delegacias, como está sendo feito aos poucos pelo governo estadual", afirmou. Marco Antônio lembrou ainda que o policial civil não é treinado para a guarda de presos e que sua atribuição constitucional é a investigação. O chefe da Assessoria Institucional da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), coronel Alexandre Sales Cordeiro, também lembrou que a PM tem feito o policiamento externo dos presídios e que esta não é sua missão constitucional, que é de oferecer o policiamento ostensivo nas ruas, para segurança da população.

Responsabilidade também é do Estado, afirma deputado

O deputado Sargento Rodrigues se mostrou preocupado com os últimos casos de morte de policiais civis, vítimas de armas em cadeias, como ocorreu em Nanuque, Governador Valadares e Viçosa. Isso sem contar a morte de 25 presos em Ponte Nova. Lembrou que o Estado errou nestes casos ao não adotar ações preventivas de segurança pública e que os policiais envolvidos especialmente na tragédia de Ponte Nova não podem ser responsabilizados pelo ocorrido. Ele cobrou das autoridades presentes sugestões para evitar tais casos.

Em resposta, o presidente do Conselho Estadual de Criminologia e Política Penitenciária, Marcos Afonso de Souza, disse que não existe solução nova e imediata para as fugas e entendeu que ações para ampliar as penas alternativas e preparar os agentes penitenciários são necessárias. Neste sentido, o juiz da Vara de Execuções Criminais de Belo Horizonte, Herbert José Almeida Carneiro, defendeu que os agentes penitenciários sejam formados em um curso de gestão em estabelecimento prisional e que o governo invista na ressocialização. "É preciso vigor na vigilância e segurança sim, mas hoje estamos vivendo em uma ciranda, já que o preso tem certeza da fuga e da impunidade e que vai sair para se vingar", ponderou o juiz. De acordo com ele, o Brasil tem hoje uma população carcerária de 401 mil pessoas, sendo que destes, cerca de 170 mil estão alojados de forma irregular, em cadeia pública.

Herbert José Almeida Carneiro também defendeu os modelos Apacs e a municipalização do cumprimento da pena. "Os prefeitos estão alheios, a sociedade civil está alheia. É preciso envolvimento e a Apac é a solução", afirmou. Outra solução, segundo o juiz é a adoção de penas alternativas para crimes de pequeno e médio potencial, mas com o apoio do governo para fiscalizar e monitorar permanentemente os condenados.

Também presente na reunião, o deputado Leonardo Moreira (DEM) ressaltou as ações do governo estadual para melhorar o sistema prisional estadual e denunciou que a revista dos visitantes em penitenciárias é feita, algumas vezes, por presos, conforme informou em recente reunião da comissão. Cobrou ainda a instalação da CPI Carcerária na Assembléia Legislativa. Já o deputado Délio Malheiros (PV) destacou a atuação da polícia mineira e salientou que o Estado tem procurado retirar os policiais que estão em desvio de função. Citou ainda projetos de sua autoria que valorizam o trabalho dos policiais.

O vice-presidente da comissão, deputado Paulo Cesar (PDT), pediu providências para que não aconteça em Santa Luzia o mesmo que em Ponte Nova. Neste sentido, disse que vai apresentar requerimento solicitando audiência pública com o diretor da Apac, juiz e promotor da cidade para debater a situação da transferência de presos.

Comissão vai debater morte de índio no Norte de Minas

Durante a reunião, os deputados da Comissão de Segurança Pública aprovaram quatro requerimentos, sendo que dois são para realizar audiências públicas. A primeira, solicitada a pedido do deputado Paulo Cesar, vai debater, em São João das Missões, a morte do índio xacriabá, Avelino Nunes Macedo, ocorrido no último domingo, 16 de setembro, em Miravânia, no Norte de Minas. Os acusados do crime são um jovem de 18 anos e dois menores de 16. Outra audiência pública da comissão, solicitada pelo deputado Sargento Rodrigues, vai discutir e buscar soluções preventivas em relação à violência nos estádios de futebol.

Ainda foi aprovado requerimento do deputado Sargento Rodrigues encaminhando manifestação de aplauso aos policiais civis do Deoesp e aos promotores do Ministério Público, que desmantelou um quadrilha de assaltantes a banco que atuava em cinco Estados brasileiros. O último requerimento, de autoria dos deputados Sargento Rodrigues e Célio Moreira, pede reunião com o comando da Polícia Militar de Minas Gerais para debater o caso de 56 policiais matriculados no curso de sargento, que podem ser desligados por estarem dispensados temporariamente por questões de saúde, de acordo com o previsto no artigo 191 da Lei 5.301, de 1969, alterada pela Lei Complementar 95, de 2007.

Também foram aprovados outros três requerimentos que dispensam a apreciação do Plenário da Assembléia.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente, Paulo Cesar (PDT), vice; Délio Malheiros (PV), Leonardo Moreira (DEM), Luiz Tadeu Leite (PMDB), Antônio Genaro (PSC), Antônio Júlio (PMDB) e Domingos Sávio (PSDB). Além das autoridades citadas, participaram da reunião o promotor de Justiça, Paulo Roberto Santos e representantes do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (Sindpol), do Sindicato dos Delegados de Polícia (Sindepo-Minas) e da Associação dos Agentes Penitenciários de Minas Gerais (Agepen).

 

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