Comissão vai a Paraisópolis apurar denúncias sobre Brasil Alfabetizado

Os deputados irão a Paraisópolis, no Sul do Estado, para ouvir mais pessoas e continuar a apurar as denúncias de irre...

19/09/2007 - 00:00
 

Comissão vai a Paraisópolis apurar denúncias sobre Brasil Alfabetizado

Os deputados irão a Paraisópolis, no Sul do Estado, para ouvir mais pessoas e continuar a apurar as denúncias de irregularidades na execução do Brasil Alfabetizado, maior programa de educação do governo federal, destinado à erradicação do analfabetismo. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (19/9/07) pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, depois de promover audiência sobre o assunto - à qual não compareceu o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (MEC), André Luiz Figueiredo Lázaro. O requerimento da viagem, que ainda não tem data agendada, é da vice-presidente da comissão, deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM).

Como resultado da reunião, foram aprovados também dois requerimentos do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que é do Sul de Minas e pediu o debate desta quarta. Um deles destina-se a ouvir a secretária de Educação de Paraisópolis, Maria Creusa Costa, e os dirigentes das ONGs Alfabetização Através da Literatura (Alfalit), com sede no Rio de Janeiro, e Associação dos Estudantes Secundaristas e Universitários de Paraisópolis (Asesup). Elas foram relacionadas em reportagens do jornal Estado de Minas sobre irregularidades que estariam sendo praticadas por ONGs que recebem recursos da União para trabalhar com alfabetização de jovens e adultos. Segundo a reportagem, foram encontradas em Paraisópolis "casas fechadas, turmas fantasmas, endereços errados ou até registrados em nome de outras pessoas". Em 2006, segundo o jornal, o programa recebeu R$ 170 milhões da União, dos quais R$ 51 milhões foram destinados a ONGs.

Quem falou na audiência - Participaram da audiência pública o presidente da ONG Guardiões da Cidadania de Paraisópolis, Paulo Artur Gonçalves; o presidente da Câmara Municipal, Antônio Milton Cardoso (PTB); o advogado José Carlos Vasconcelos e o presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Sapucaí (Amesp), Antônio Rosário Pereira. Segundo Paulo Artur Gonçalves, depois da publicação da reportagem pelo Estado de Minas, foram alterados vários dados disponíveis na internet sobre as entidades e sobre a execução do programa em Paraisópolis. O registro inicial seria de 42 turmas do programa na cidade, sendo 35 da Asesup e 7 da Alfalit. De acordo com o jornal, os dirigentes das ONGs têm senhas para entrar no site do MEC e manter atualizadas as informações.

Deputado quer informações do MEC

Outro requerimento aprovado, também do deputado Dalmo Ribeiro Silva, trata da remessa das notas taquigráficas da reunião e de documentos encaminhados pela ONG Guardiões da Cidadania de Paraisópolis aos seguintes órgãos e autoridades: MEC, Controladoria Geral da União, Ministério Público Federal, Tribunal de Contas da União e ao senador Heráclito Fortes (DEM/PI), autor da proposta de criação de uma CPI das Ongs. Outro requerimento, do deputado Carlin Moura (PCdoB), solicita do MEC informações sobre convênios firmados com a Alfalit e a Asesup, relacionando valores repassados, prestação de contas pelas entidades e providências tomadas pelo ministério diante das denúncias.

Deputados fazem balanço - "Estamos iniciando um processo de investigação e nossa mira são ONGs que, acobertadas por um manto de falsa seriedade, cometem irregularidades e não têm ética na aplicação dos recursos públicos", destacou o deputado Dalmo Ribeiro Silva, que enfatizou ser o trabalho da comissão de natureza investigatória, sem emitir juízo de valor ou adiantar conclusões. A deputada Maria Lúcia Mendonça e o deputado Vanderlei Jangrossi (PP) defenderam a apuração, a fim de separar as ONGs que não agem corretamente daquelas consideradas sérias e idôneas que auxiliam o Estado na promoção do bem comum. Já o deputado Carlin Moura destacou que a Assembléia deve ser parceira dos vereadores de Paraisópolis na investigação, "sem tomar o lugar da Câmara". Ele destacou que as denúncias devem ser apuradas, assegurando-se a ampla defesa e o contraditório.

ONG de Paraisópolis reafirma denúncias publicadas pelo jornal

O presidente da ONG Guardiões da Cidadania de Paraisópolis, Paulo Artur Gonçalves, reafirmou as denúncias publicadas pelo jornal e relatou contradições em depoimentos da secretária de Educação de Paraisópolis, Maria Creusa Costa. Segundo ele, em entrevista dada a programa de rádio produzido pela ONG, a secretária teria dito que a Alfalit estava em Paraisópolis a convite dela própria e que a prefeitura tinha convênio com a entidade, repassando para esta material escolar. Teria afirmado, ainda, que a prefeitura não tinha relação com a Asesup. A secretária teria sido desmentida depois pela assessoria de imprensa da prefeitura, que alegou ser o apoio à Alfalit apenas verbal.

Política local - Ainda de acordo com Paulo Artur Gonçalves, em reunião promovida em agosto na Câmara Municipal, a secretária teria dito que não havia convênio e se esquivado de responder aos questionamentos. Gonçalves também criticou, nesta quarta, o presidente da Câmara, Antônio Milton Cardoso, que não teria dado a palavra à representante da ONG Alfalit no encontro promovido pelos vereadores de Paraisópolis. Em resposta, Cardoso alegou que o Regimento Interno da Câmara condicionava a concessão da palavra a uma inscrição prévia - que não teria sido feita.

O advogado José Carlos Vasconcelos e o presidente da Amesp e prefeito de Tocos do Mogi, Antônio Rosário Pereira, defenderam a apuração de todas as denúncias e mais fiscalização da aplicação dos recursos públicos.

Outros requerimentos aprovados

A Comissão de Educação aprovou, ainda, os seguintes requerimentos:

* Do deputado Dinis Pinheiro (PSDB), que trata de audiência pública para avaliar o fechamento da unidade do Sesi/CAT no Barreiro e a possibilidade de manutenção da unidade.

* Do deputado Dalmo Ribeiro Silva, que trata de visita da comissão a Santa Rita do Sapucaí, a fim de avaliar o potencial da indústria eletroeletrônica da região, tendo em vista o momento de implantação da Tv digital no País.

* Dos deputados Durval Ângelo (PT) e Carlin Moura, solicitando audiência pública das comissões de Direitos Humanos, de Segurança Pública e de Educação para apurar informações sobre o desaparecimento do professor Reginaldo Nunes Pinto, que é vice-diretor de uma escola pública de Contagem.

Presenças - Deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), vice-presidente da comissão e que presidiu a reunião; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Ana Maria Resende (PSDB), Carlin Moura (PCdoB) e Vanderlei Jangrossi (PP); além de Elza Rodrigues, da Associação Nacional de Dirigentes Municipais da Educação (Undime), que apenas acompanhou a reunião.

 

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