Bancários pedem ajuda a deputados contra ameaça de
desemprego
A venda do Banco Real-ABN para um consórcio
liderado pelo Banco Santander, se concretizada, pode deixar 19 mil
bancários desempregados no País, cerca de 2 mil em Minas. Essa
denúncia, feita pelo presidente do Sindicato dos Bancários de Minas
Gerais, Fernando Neiva, foi o assunto dominante na reunião da
Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas
Gerais, realizada na tarde desta quinta-feira (13/9/07).
Respondendo a questionamento do deputado Eros
Biondini (PHS), Fernando Neiva informou que o Real ABN já é fruto de
uma fusão do Real com o holandês ABN, que teria demitido os
bancários mais velhos sem considerar sua experiência e sem respeitar
os acordos coletivos. Também o Santander, ao adquirir o Banespa,
"mostrou que não tem pena do bancário", segundo ele. "Desde que
começaram as fusões e as privatizações, a classe bancária brasileira
se viu reduzida de um milhão para 400 mil pessoas", informou o
dirigente, acrescentando que o lucro do banco no semestre foi de R$
1,26 bilhão, seus ativos somam R$ 155 bilhões, e que o consórcio
liderado pelo Santander estaria disposto a desembolsar R$ 70 bilhões
para adquiri-lo.
O presidente da comissão, deputado André Quintão
(PT), criticou a venda do Bemge ao Banco Itaú, com preços e
condições extremamente desfavoráveis para o Estado, e afirmou que é
preciso discutir a exclusividade sobre as contas bancárias da
administração pública estadual que foi obtida pelo Itaú. Quintão
relatou a lei municipal, de sua autoria quando vereador na Capital,
que estabelecia prazo máximo para atendimento nas filas de
bancos.
"Essa lei foi elaborada com a participação da
Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e sancionada pelo então
prefeito Célio de Castro. Estabelecia prazos máximos e disciplinava
as multas e as queixas ao Procon. Quando a primeira multa foi
aplicada, os bancos entraram na Justiça. Mas isso não importa. Há
leis que, mesmo embargadas na Justiça, geram cidadania, geram
consciência de direitos", avaliou o deputado
O manifesto dos bancários recebeu a solidariedade
também do deputado Eros Biondini. Segundo ele, "a Assembléia
Legislativa deve abrir, ou melhor, escancarar as portas para
manifestações desse tipo". O debate abordou também as normas do
Ministério da Fazenda e do Banco Central que beneficiariam
exclusivamente os banqueiros. Entre elas, foi citada a permissão de
transferir serviços bancários para agências lotéricas.
Requerimento - A comissão
aprovou requerimento de seu presidente, deputado André Quintão, de
realização de audiência pública conjunta com a Comissão de
Fiscalização Financeira e Orçamentária para debater o Plano
Plurianual de Ação do Governo Federal para 2008/11, como atividade
integrante do calendário de audiências públicas regionais organizado
pela Comissão Mista de Orçamento da Câmara Federal.
Presenças - Deputados
André Quintão (PT), presidente; Eros Biondini (PHS),
vice-presidente; Gustavo Valadares (DEM) e Carlin Moura (PCdoB).
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