Congresso de Legística é encerrado com balanço positivo

Foi positivo o balanço do Congresso Internacional de Legística, encerrado nesta quarta-feira (12/9/07), no Espaço Lúm...

12/09/2007 - 00:00
 

Congresso de Legística é encerrado com balanço positivo

Foi positivo o balanço do Congresso Internacional de Legística, encerrado nesta quarta-feira (12/9/07), no Espaço Lúminis, em Belo Horizonte. O encontro, promovido pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, contou com especialistas do Brasil e do exterior para discutir formas de produzir leis com mais transparência e qualidade. Os palestrantes que participaram da cerimônia de encerramento foram unânimes em elogiar o sucesso do congresso. O debate da tarde foi coordenado pelo deputado Elmiro Nascimento (DEM), que considerou o evento "uma oportunidade única de reflexão e aprendizagem a cerca da elaboração de leis".

O professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de Genebra, Jean-Daniel Delley, abriu o painel da tarde, que abordou o tema Lei e políticas públicas: mecanismos de avaliação. De acordo com o especialista, o avaliador de uma lei ou política pública deve observar como ela é aplicada na prática e sua eficácia. Ou seja, se atinge os objetivos e metas propostos, e sua pertinência. Ele afirmou que muitos administradores não têm idéia de como a lei é aplicada e cabe ao avaliador esclarecer as imprecisões e generalidades.

Delley citou o exemplo de um programa de aluguel social praticado no "cantão" de Genebra (unidade correspondente ao que no Brasil é chamado de Estado), na Suíça, que custa cerca de R$ 150 milhões para os cofres públicos. O administrador se surpreendeu ao descobrir que muitos beneficiados pelo programa recebiam salários que não os qualificavam como necessitados de política pública habitacional. "A avaliação não é para mostrar o fracasso, mas apontar como funciona a lei ou a política pública", disse.

O assessor Institucional da ALMG e mestre em Administração Pública, Sabino José Fortes Fleury, ressaltou a Constituição Federal de 1988 como um marco para o novo processo político de elaboração das leis no Brasil. Lamentou, no entanto, que é muito restrita a competência dos Estados para legislar, abrangendo, apenas, as áreas do direito administrativo, orçamento estadual e tributos estaduais. À União cabe definir as regras para os demais assuntos, legislando sobre as normas gerais e remetendo aos Estados as adaptações específicas.

Sabino avaliou que a União, sob a alegação das normas gerais, acaba "invadindo" a competência das unidades federadas. Em função dessa limitação, o assessor disse que a produção legislativa dos parlamentares estaduais também é comprometida e se reduz, praticamente à produção de leis de declaração de utilidade pública, que correspondem a mais de 60% das proposições finalizadas. Em Minas, segundo ele, a Assembléia optou por reforçar a participação popular para avançar mais, porém, mesmo assim, não consegue sempre canalizar os anseios da população.

O especialista mostrou dados que provam as desigualdades sociais e regionais no Brasil e afirmou que as exigências sociais pelo atendimento aos direitos do consumidor são mais freqüentes nas áreas com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). "As pessoas que não têm acesso a determinado bem, tendem a aceitar tudo como esmola ou benevolência", advertiu.

Críticas à prática - Ao encerrar a tarde de debates, o advogado da União e assessor especial da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República, Jandyr Maya Faillace Neto, fez críticas a erros que ainda são cometidos na produção de leis no Brasil. Ele lembrou que a técnica da legística só entrou na pauta do poder executivo em 1992, quando foi publicado o decreto 468 e o Manual de Redação da Presidência da República.

A principal inovação implantada foi a centralização da revisão final dos atos normativos produzidos pelos ministérios. Antes, cada órgão apresentava sua redação e cabia ao poder central apenas publicar ou encaminhar para o legislativo. Atualmente, técnicos da Casa Civil dão pareceres sobre todas as propostas e, a maioria, tem sugestão contrária.

Segundo ele, ainda há muitos vícios que precisam ser corrigidos como, por exemplo, legislações produzidas sem solucionar controvérsias naturais ao assunto. Isso acaba gerando processos judiciais e acumulando ainda mais a justiça. Segundo ele, o Brasil é campeão mundial em reclamatórias trabalhistas e de direito ao consumidor, e caminha para liderar, também, as ações ambientais. "Para evitar essas pendências judicias, é preciso o enfrentamento político e resolver as controvérsias", sugeriu.

Ele também criticou a linguagem utilizada por muitos legistas que considerou "esotéricas", pois não são compreendidas, ou com vícios como a revogação "a todas as disposições em contrário", sem definir que normas seriam essas, ou ementas que pouco informam sobre a proposição em questão.

 

 

 

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