Lideranças comunitárias criticam ampliação da Estação do Cercadinho

A proposta de ampliação da Estação Ecológica do Cercadinho, objetivo do Projeto de Lei (PL) 1.093/07, recebeu várias ...

12/09/2007 - 00:00
 

Lideranças comunitárias criticam ampliação da Estação do Cercadinho

A proposta de ampliação da Estação Ecológica do Cercadinho, objetivo do Projeto de Lei (PL) 1.093/07, recebeu várias críticas de moradores da Zona Sul de Belo Horizonte que participaram de audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (12/9/07). De autoria do deputado Adalclever Lopes (PMDB), o PL 1.093/07 acrescenta 86 hectares à área do Cercadinho, o que representaria uma expansão de 38%.

Essa proposta, no entanto, é vista com desconfiança por lideranças comunitárias dos bairros vizinhos da estação ecológica. Segundo o presidente da União das Associações dos Bairros da Zona Sul, Marcelo Marinho Franco, nenhum movimento comunitário reivindica a ampliação. Ele reclama também que o texto original do PL 1.093/07 traz apenas coordenadas geodésicas que não permitiriam visualizar com exatidão qual seria a superfície da estação ecológica ampliada. Marinho lembra que as cabeceiras da área de proteção são fundamentais para a recarga dos mananciais de água, e tem dúvidas sobre a sua manutenção com os novos limites propostos.

Os representantes das associações de moradores do Belvedere, Ubirajara Pires Glória e Ricardo Michel Jeha, reclamam também da incorporação do Parque Ageu Pires Sobrinho à estação ecológica. "O Buritis é uma selva de pedra e precisa desse parque aberto à população", comentou Ubirajara. Michel acusa também a possibilidade de apresentação de emendas que prejudiquem o objetivo original da Lei 15.979, que criou a Estação Ecológica do Cercadinho em janeiro do ano passado.

A Copasa não tem interesse na ampliação da proposta, segundo o superintendente de Produção de Água da Região Metropolitana, Délio Antônio Fonseca. De acordo com ele, o Cercadinho é responsável pela captação de apenas 0,3% da água que abastece a Grande BH, e a expansão da estação ecológica não traria aumentos significativos nesse volume. Para a diretora de áreas protegidas do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Aline Tristão Bernardes, a ampliação é importante, mas deve ser precedida de estudos técnicos que comprovem a sua viabilidade ecológica e fundiária.

Deputado defende proposta

O deputado Adalclever Lopes rebateu as críticas feitas ao PL 1.093/07 e defendeu a sua aprovação. Ele refutou as acusações de que haveria interesses imobiliários ocultos por trás da aprovação da proposta. "Quem está à frente desse projeto sou eu, como representante do povo mineiro. Não há pressa na sua tramitação, e estamos abertos a todo tipo de discussão. Se for necessário retirá-lo de tramitação, nós o faremos", afirmou.

O presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), disse que o IEF já se manifestou favorável à ampliação do Cercadinho, mas a Copasa ainda não enviou formalmente à comissão sua posição sobre a proposta. Ele defendeu que o IEF assuma a responsabilidade pela estação ecológica, e cobrou o envio do plano de manejo à comissão. O relator do PL 1.093/07, deputado Almir Paraca (PT), informou que aguarda as respostas dos pedidos de informações feitos à Copasa e ao IEF para elaborar seu relatório. Ele garantiu que seu parecer vai atender os interesses das comunidades vizinhas da área de preservação.

Para o deputado Gustavo Valadares (DEM), a solução seria a manutenção dos limites atuais do Cercadinho e a criação de uma nova estação ecológica contígua. O deputado Sargento Rodrigues (PDT), que solicitou a realização da reunião, apóia essa proposta e disse que ela poderia ser concretizada por meio de um substitutivo ao PL 1.093/07. O projeto recebeu parecer pela constitucionalidade da Comissão de Constituição e Justiça e só precisa do parecer da Comissão de Meio Ambiente para ser colocado em votação em 1o turno no Plenário.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Almir Paraca (PT), Wander Borges (PSB), Adalclever Lopes (PMDB), Sargento Rodrigues (PDT), Gustavo Valadares (DEM) e Irani Barbosa (PSDB). Também participaram da reunião o presidente da Associação do Bairro Alto Santa Lúcia, Cândido Lamounier; e a coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Meio Ambiente, Patrimônio Cultural, Habitação e Urbanismo, promotora Shirley Bertão.

 

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