Congresso de Legística começa discutindo democracia e desenvolvimento

Representantes dos três Poderes do Estado, do Ministério Público, Tribunal de Contas, da Prefeitura de Belo Horizonte...

10/09/2007 - 00:01
 

Congresso de Legística começa discutindo democracia e desenvolvimento

Representantes dos três Poderes do Estado, do Ministério Público, Tribunal de Contas, da Prefeitura de Belo Horizonte e das Assembléias de 16 estados, entre outras autoridades, se reuniram na abertura do Congresso Internacional de Legística, nesta segunda-feira (10/9/07), no Espaço Luminis. O evento, promovido pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, tem o objetivo de promover uma reflexão sobre a adoção de práticas mais modernas, democráticas e eficazes de legislar, com a meta de transformar a lei em um instrumento efetivo de promoção do bem-estar público. A relação entre legislação, democracia e desenvolvimento foi o tema da abertura, tratado em duas exposições feitas pelo vice-governador do Estado, Antônio Augusto Junho Anastasia, e pelo ex-presidente e fundador da Associação Européia de Legislação, Ulrich Karpen, professor da Universidade de Hamburgo.

Antes das exposições, o presidente da Assembléia, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), ressaltou que a legística pode ser a solução para o que muitos vêem como uma crise da lei, em termos de credibilidade como instrumento de transformação social. "A solução não é, como querem muitos, legislar menos, é legislar melhor", afirmou o presidente. Ele lembrou estudo promovido pela União Européia que indicou a estreita relação entre a qualidade da lei, governabilidade e desenvolvimento. "A legística atende à crescente complexidade das sociedades", disse Alberto Pinto Coelho, lembrando também que há 15 anos a Assembléia iniciou a implantação de diversos mecanismos de consulta e participação popular no processo legislativo, tais como audiências públicas de comissões, seminários, ciclos de debates e fóruns técnicos.

Além do presidente do Legislativo mineiro, ainda compuseram a mesa de abertura do evento o vice-governador Antônio Anastasia, o desembargador José Tarcísio de Almeida Melo, o procurador-geral de Justiça do Estado, Jarbas Soares Júnior, o procurador-geral do município de Belo Horizonte, Marco Antônio Resende Teixeira, o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Totó Teixeira, e o conselheiro Wanderley Ávila, do Tribunal de Contas.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia, coordenou as atividades após a abertura. Ele afirmou que a comissão já vem procurando consagrar, em seu cotidiano, alguns princípios da legística, tais como a simplicidade e a transparência das leis e do processo legislativo. Ele também ressaltou, da mesma forma que o vice-governador Anastasia, o pioneirismo do congresso organizado pela Assembléia mineira, primeiro do tipo em todo o País.

Preocupação com efeitos das leis é prioridade

Em seu pronunciamento, o vice-governador Antônio Anastasia afirmou que o grande passo dado pela legística é a orientação de buscar que o processo legislativo incorpore instrumentos para prever e avaliar as consequências das normas no mundo real. Para o vice-governador, essa preocupação é útil para enfrentar um fenômeno típico do Brasil, onde se costuma falar de leis que "pegam e que não pegam". "É um tema inovador e instigante", afirmou.

Como exemplo de procedimentos que promovem esse vínculo entre o processo legislativo e a sociedade, Anastasia citou os seminários legislativos organizados pela Assembléia mineira. Mas ele defendeu que, para que os princípios da legística se apliquem plenamente no processo legislativo, produzindo efeitos positivos na sociedade, é necessário que também os demais poderes se envolvam nesta prática, já que são eles que aplicam ou interpretam as leis produzidas no Parlamento. "Muitas vezes, somos escravos do processo legislativo mais formal, sem nos preocuparmos com as conseqüências dos processos legislativos", ponderou o vice-governador.

Implementação das leis é ferramenta de desenvolvimento

O professor Ulrich Karpen, por sua vez, ressaltou a importância das leis como pedra fundamental do Estado, e defendeu que o fundamental é garantir a sua implementação, ainda que reduzindo seu número. Ele citou exemplos de países que utilizaram reformas legais como instrumento de desenvolvimento, seja do ponto de vista econômico, político ou social. Entre eles, para o professor, está o processo de abertura política da antiga União Soviética, que acabou provocando o ressurgimento político da Rússia.

Karpen lembrou que há divergências entre países desenvolvidos e do terceiro mundo a respeito do que é desenvolvimento, e que há limites para a transferência desses valores entre as nações. "O imperialismo democrático está fadado ao fracasso", afirmou. Ainda assim, ele afirmou que os fatores de desenvolvimento podem ser resumidos na geração de empregos, crescimento econômico, justiça social, participação popular e independência política e econômica.

O Congresso de Legística continua até quarta-feira (12/9/07). Nesta terça-feira pela manhã, está programado o painel "Legística: história e objeto, fronteiras e perspectivas", com os conferencistas Luzius Mader, que é presidente da Associação Européia de Legislação, e Fabiana de Menezes, professora da Faculdade de Direito da UFMG. À tarde, será tratado o tema "A contribuição da Legística para uma política de legislação: concepções, métodos e técnicas", com a conferencista Marta Tavares de Almeida, professora da Universidade Nova de Lisboa e fundadora do Curso de Feitura de Leis do Instituto Nacional de Administração de Portugal.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715