Assuntos Municipais leva três questões de reforma agrária ao Incra

A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais reuniu-se, nesta quarta-...

05/09/2007 - 00:02
 

Assuntos Municipais leva três questões de reforma agrária ao Incra

A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais reuniu-se, nesta quarta-feira (05/09/07), na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-MG), com o superintendente Marcos Helênio e outros dirigentes, para tratar de três casos distintos localizados na região Norte do Estado. O mais complexo deles é o da Industrial Malvina, uma área superior a 20 mil hectares no distrito de Engenheiro Dolabela, município de Bocaiúva, ocupada até 10 anos atrás pelos canaviais dessa usina.

O advogado Frederico Azevedo, que representa os interesses de 60 dos trabalhadores prejudicados pela falência dessa importante usina de açúcar e álcool, e o produtor rural Regusino Fernandes de Azevedo, vizinho das terras da usina, acusaram o Incra de arrecadar as terras da Industrial Malvina e implantar ali um projeto de assentamento agrário para 700 famílias, atropelando os direitos de cerca de 500 funcionários, os quais, pela lei, teriam privilégio de acesso ao patrimônio da massa falida.

Para eles, o Incra recebeu as terras de graça e tem o dever de indenizar esses créditos trabalhistas, que estariam calculados em cerca de R$ 8,8 milhões. O procurador do Incra, Lúzio Adriano Horta, esclareceu que as terras foram arrecadadas pelo Estado e passadas à União, que as transferiu ao Incra, mediante uma decisão política tomada há 10 anos. Segundo ele, essa situação não seria recomendável e resultou num processo judicial complicado. Horta descartou taxativamente que o Incra possa tomar a iniciativa de assumir débitos trabalhistas da empresa falida, porque tal desembolso não seria acatado pelo Tribunal de Contas da União.

Os deputados Weliton Prado (PT), presidente da Comissão, e Ronaldo Magalhães (PSDB), vice-presidente, insistiram na busca de uma saída que o Incra pudesse adotar e que atendesse aos trabalhadores prejudicados, sem danos ao projeto de assentamento. Houve momentos em que tiveram que intervir para acalmar os ânimos, já que os reclamantes julgavam que iriam sair com uma solução da reunião.

A saída foi encontrada pelo superintendente Helênio. Após afirmar que o Incra cumpriria a decisão da Justiça, mas que precisava da sentença para agir, Helênio ofereceu glebas do projeto Betinho de Souza aos trabalhadores que tivessem perfil para o assentamento e desejassem ocupá-las. Disse ainda que, se esse número for maior que a capacidade do assentamento, o Incra pode adquirir uma área próxima para assentá-los. "Aqueles que desejarem continuar na Justiça para obter indenização em dinheiro, lamentavelmente, terão que aguardar a sentença", concluiu.

O advogado Azevedo e o produtor Regusino trouxeram outras denúncias: as de que os equipamentos da usina estavam sendo furtados e que o administrador da massa falida estaria vendendo terrenos totalmente irregulares lá dentro. Anunciaram também que o Grupo Sada tinha interesse em produzir álcool na região, mas que não gostaria de comprar cana dos assentados.

Assentamentos em Buritizeiro e São Francisco

Os deputados levaram à reunião também representantes de dois assentamentos do Incra, localizados no vale do rio São Francisco, interessados em esclarecimentos sobre atrasos na implantação dos projetos. Cláudio Rodrigues de Souza disse que a Fazenda Caatinga, localizada em São Francisco, tem 2.842 hectares, e 60 famílias já foram cadastradas e selecionadas. A Fazenda era um acampamento e se tornou assentamento. Em dez dias, o Incra avaliou os bens e preparou a indenização, mas depois teria ocorrido uma enchente que atrasou os trabalhos até março.

O chefe da Divisão de Obtenção do Incra, Nilton Oliveira, informou que o imóvel já está avaliado, e que dentro de uma semana será enviado a Brasília o cálculo para indenização do imóvel e dos custos de assentamento.

Em Buritizeiro, às margens do rio Jatobá, fica o assentamento São Francisco, "o mais abandonado de todos", nas palavras de Plácido Cabral da Silva. São 4 mil hectares, dos quais mais da metade estariam sob o domínio de grileiros. Uma empresa de reflorestamento teria abandonado a área sem indenizar seus funcionários, os quais se apropriaram de grandes glebas e se tornaram posseiros. Esses não aceitam ser enquadrados no critério dos 40 hectares. Formaram uma cooperativa e essa teria vendido as terras para o Incra.

A situação, segundo Plácido, é de endividamento das 32 famílias que lá permanecem, as quais caberiam sem problemas nas glebas que não são disputadas pelos grandes posseiros. A Emater teria suspendido a assistência técnica, e dez famílias não receberam o crédito de apoio do Incra. Marcos Helênio determinou o levantamento dos entraves jurídicos, anunciou a chegada da energia elétrica e mandou dar prosseguimento às liberações do crédito de apoio. Nilton Oliveira antecipou que o principal entrave naquela região é a existência de dois ou mais títulos de propriedade sobre a mesma área, levando o Incra a fazer várias indenizações sobre a mesma terra.

Presenças: Deputados Weliton Prado (PT), presidente; e Ronaldo Magalhães (PSDB), vice-presidente.

 

 

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