Universidades mineiras e ALMG estreitam diálogo sobre cultura

A necessidade de uma maior interlocução entre o poder público e as universidades no âmbito do Estado de Minas Gerais....

04/09/2007 - 00:00
 

Universidades mineiras e ALMG estreitam diálogo sobre cultura

A necessidade de uma maior interlocução entre o poder público e as universidades no âmbito do Estado de Minas Gerais. Essa foi uma das conclusões do debate realizado, na tarde desta terça-feira (4/9/07), pela Comissão de Cultura da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que recebeu representantes de três universidades mineiras (PUC Minas, UFMG e Uni-BH) para discutir as iniciativas na área cultural desenvolvidas por elas. "Queremos saber como as universidades estão contribuindo com a área cultural. Precisamos ser parceiros. Como criar estratégias para ampliar o acesso à cultura? Esse é o primeiro de uma série de debates voltados para o tema", afirmou a deputada Gláucia Brandão (PPS), presidente da comissão.

A deputada Rosângela Reis (PV) salientou que outras universidades deveriam aproveitar o exemplo dado pelas instituições presentes. "Também precisamos nos preocupar em difundir as iniciativas culturais para as populações mais carentes", disse. Ela lembrou que manifestações populares como o Batuque e os Marujeiros precisam de muito apoio, pois correm o risco de acabar.

É justamente a necessidade de preservação das identidades culturais diversas uma das principais preocupações expostas pelo diretor de Ação Cultural da UFMG, professor Maurício José Laguardia Campomori. "Se deixarmos que o mercado dite o que deve ser absorvido, muito do que deveria ser preservado da nossa identidade e diversidade cultural vai se perder. Nossa diversidade é nossa riqueza", declarou. Maurício apresentou, assim como os demais convidados, as ações desenvolvidas pela universidade na área de cultura. "Defendemos a cultura como um direito. Na UFMG, ela já faz parte do discurso institucional."

Outro ponto salientado por Campomori foi a preocupação de interferir no que ele chamou de combate entre financiamento cultural e cultura do financiamento. "Muitas empresas têm editais próprios, que impõem limites e uma certa lógica cultural", falou. De acordo com ele, isso acaba restringindo o perfil das iniciativas que buscam patrocínio para se efetivarem. O diretor também questionou os indicadores de gestão das universidades. "A avaliação é só acadêmica, não se discute como são formados os cidadãos, não temos instrumentos para aferir no que uma pessoa é melhor por consumir cultura", questionou. Entre as ações da UFMG na área exclusivamente cultural estão o Festival de Inverno (que em 2008 vai comemorar a 40ª edição), as atividades do Centro Cultural, do Conservatório de Música e do Museu de História Natural, no Horto.

Estreitamento entre poder público e universidades é bem-vindo

Durante a reunião, Gláucia Brandão convidou os professores a participar e contribuir nos debates que vão ocorrer na comissão sobre as legislações referentes ao patrimônio e ao incentivo cultural. "A comissão deseja esse estreitamento com a universidade", salientou. "Essa oportunidade é emblemática para nós. O interesse é mútuo", respondeu Campomori.

O diretor de Arte e Cultura da PUC Minas, professor José Márcio Barros, respondendo a um questionamento da deputada Rosângela Reis, afirmou que entre alternativas para integrar comunidades mais carentes às ações culturais universitárias está incluir a arte e a cultura nos projetos de extensão. "Também é necessário abrir nossas portas para que a população possa usufruir e conhecer nossos projetos", disse ele, que frisou, ainda, a importância de mais vagas para quem se encontra com menos chance de entrar em uma faculdade.

"A PUC é uma universidade comunitária, temos 20% de alunos carentes", informou ele, que sugeriu um circuito cultural entre as universidades e a realização de um fórum sobre a cultura no Estado. Gláucia Brandão avisou que o fórum já está previsto para o primeiro semestre de 2008 e pediu a colaboração dos convidados. "Queremos, juntos, construir esse fórum e trazer a sociedade para discutir a política pública na área cultural", afirmou a deputada.

Barros lembrou pesquisa do IBGE. "Apenas 3% do orçamento familiar do brasileiro é dedicado à cultura, sendo que disso, 82% são para práticas como ver TV, vídeo, ouvir música ou ler", informou, demostrando sua preocupação. Entre as ações culturais da PUC Minas apresentadas por ele estão encontros, oficinas, uma editora, o Museu de Ciências Naturais, programas virtuais (disponíveis no site da PUC Minas Virtual, www.virtual.pucminas.br), grupo de teatro, coral e a PUC TV.

O coordenador de Cultura e Artes da Fundac-BH, do Uni-BH, professor Virgílio Varela Vianna, destacou: "Nosso primeiro público é o aluno. Acredito que ele seja um agente multiplicador da cultura, mas também procuramos equilibrar ações para atender o público externo. É preciso transpor o conhecimento da academia para a sociedade. Pensar uma forma diferente de fazer televisão, uma televisão cidadã, é um exemplo do que deve ser nosso esforço", avaliou. A TV Uni, um coral, companhias de teatro, de dança afro, um grupo de percussão, o grupo Guararás de dança folclórica, o Festival de Inverno promovido pela universidade e a Escola Livre de Música (em Ouro Preto e Carmópolis) são algumas das ações desenvolvidas pelo Uni-BH.

Apresentação - No início da reunião, seis trabalhadores-mirins fizeram uma apresentação musical. Brener, Wiliam, Rafael, Marcos Aurélio, Erick e Márcio ainda são um grupo informal. Eles tocaram e cantaram pagode para os convidados presentes, que elogiaram a iniciativa.

Presenças - Deputadas Gláucia Brandão (PPS) e Rosângela Reis (PV).

 

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