Dnit exige desocupação das margens da BR-381 para obra de duplicação

Cerca de duzentas famílias que moram às margens da BR-381, entre a ponte do Rio das Velhas e o trecho acima do posto ...

04/09/2007 - 00:01
 

Dnit exige desocupação das margens da BR-381 para obra de duplicação

Cerca de duzentas famílias que moram às margens da BR-381, entre a ponte do Rio das Velhas e o trecho acima do posto da Polícia Rodoviária Federal, receberam notificação do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes para "demolir as moradias e desobstruir a área ocupada ilegalmente", num prazo de 10 dias e sem direito a indenização. Caso contrário, os ocupantes estariam incorrendo em crime de desobediência e sujeitos ao peso da lei. A notificação indignou os deputados da Comissão de Assuntos Municipais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, durante reunião realizada nesta terça-feira (4/9/07.

Os deputados aprovaram um requerimento pedindo a reconsideração da medida e outro de visita ao Dnit em Brasília, para obter uma solução que resguarde o direito à moradia daquelas famílias carentes. A audiência pública, que lotou o auditório da Assembléia, teve origem em requerimento do deputado Wander Borges (PSB), representante daquelas famílias desde que foi prefeito de Sabará. O deputado vê várias ilegalidades na notificação, a começar pelo fato de ter sido encaminhada à Associação Comunitária do Bairro Bom Destino, e não a cada morador em pessoa.

"Essas famílias moram ali há dez, vinte, trinta anos, sem a proteção jurídica do direito a usucapião, já que se trata de bem público. Mas têm direito à moradia assegurado pela Constituição, e à outorga de concessão especial pela Medida Provisória 2.220. Não podem ser retiradas assim às pressas, pois não têm para onde ir. O poder público tem que assegurar-lhes acesso a moradia digna", exigiu o deputado.

Casas foram construídas com esforço e sacrifícios

A notificação do Dnit tem o objetivo de liberar a área para a duplicação da BR-381, mas nenhum representante do órgão compareceu à reunião para defender esse projeto, nem para explicar os termos que os deputados consideram "absurdos" e "inaceitáveis". O pároco de Nossa Senhora Aparecida, Padre Edson Marques de Alcântara, acusa o Dnit de ter tirado o sossego e a paz dessas famílias, ameaçando derrubar as casas que construíram com tanto esforço, sem direito a indenização. O presidente da comissão, deputado Weliton Prado (PT), criticou a ausência do Dnit da reunião. "Se eles não vieram aqui, iremos até lá", propôs, na forma de requerimento de visita a Brasília. Prado anunciou também que vai acionar a Defensoria Pública Federal para defender os moradores.

O deputado Ronaldo Magalhães (PSDB) também declarou sua solidariedade e afirmou que "os direitos do cidadão são imensos. O mínimo que se pode exigir é a indenização pelas casas, admitindo-se que o terreno pertença ao Dnit. Magalhães relatou como construiu bairros para abrigar dignamente os moradores que retirou das áreas de risco de Itabira, durante seu mandato como prefeito. Ricardo Antunes, representante da Prefeitura de Sabará, disse que as obras públicas têm que assegurar atendimento aos impactos sociais, e assegurou o respaldo da municipalidade à luta dos moradores.

Por sua vez, o deputado Paulo Cesar (PDT) propôs que o presidente Lula seja informado a respeito da absurda posição do Dnit de Minas, já que desempenha uma política de apoio à população mais pobre. "Vocês não podem perder o que já conquistaram ao longo dos anos. Podemos pedir também o apoio do governador Aécio Neves, embora a obra não seja de responsabilidade dele", ofereceu. Wander Borges acrescentou que o licenciamento ambiental para essa obra depende do governo do Estado, e aí estaria um mecanismo de pressão sobre o Dnit.

O presidente da Associação Comunitária do Bairro Bom Destino, Ailton Gomes da Silva, disse que "o Dnit se coloca maior que Deus", e que a opção deixada aos moradores é "morrer debaixo de uma carreta ou ao relento, de frio". Para ele, o Dnit não tem poder de expulsar ninguém. Precisaria de mandado judicial.

Inúmeros atingidos pela notificação foram ao microfone de aparte relatar suas histórias de vida, o tempo que moram no lugar, as dificuldades para erguer uma moradia, suas carências de eletricidade, de transporte, os riscos de cruzar a rodovia para pegar condução. Muitos estão desempregados, são paraplégicos, perderam familiares em atropelamentos na rodovia. Nenhum deles questionou que a propriedade fosse do Dnit, mas a maioria reivindica que as moradias sejam indenizadas e que recebam outro lugar para se fixarem.

Presenças: Deputados Weliton Prado (PT), presidente; Ronaldo Magalhães (PSDB), vice; Wander Borges (PSB) e Paulo Cesar (PDT).

 

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