Empresários protestam contra prejuízos do Supersimples

Pequenos industriais mineiros fizeram um protesto, na manhã desta quinta-feira (30/8/07), contra os prejuízos causado...

30/08/2007 - 00:00
 

Empresários protestam contra prejuízos do Supersimples

Pequenos industriais mineiros fizeram um protesto, na manhã desta quinta-feira (30/8/07), contra os prejuízos causados pelo Supersimples, legislação tributária implantada em 1º de julho pelo governo federal, e que ameaça causar o fechamento de diversas micro e pequenas empresas industriais de Minas Gerais. Após o protesto, em frente à Assembléia Legislativa de Minas Gerais, microempresários e funcionários acompanharam audiência pública da Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo para buscar uma solução para a questão. A reunião foi solicitada pelo deputado Vanderlei Miranda (PMDB), presidente da comissão.

O Supersimples foi implantado pelo governo federal para unificar a legislação de ICMS para as micro e pequenas empresas. As novas regras foram implementadas pela Lei Complementar 123/06. A polêmica surgiu em função do artigo 23 da lei, que proibiu as micro e pequenas empresas que optarem pelo Supersimples de se apropriarem ou transferirem créditos de impostos gerados em suas transações. De acordo com informações do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG), Minas Gerais e Santa Catarina eram os únicos a permitirem a transferência de créditos nesse caso.

Logo na abertura da reunião, o deputado Vanderlei Miranda revelou que um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) indica que mais de 492 mil pequenas e microempresas podem ser prejudicadas pelo Supersimples. Desse total, 212 mil são pequenas indústrias que teriam que deixar de transferir créditos de ICMS, e outras 280 mil são prestadoras de serviços que terão aumento de carga tributária. "São números alarmantes", concluiu o parlamentar.

Empresas podem fechar já em setembro

Tanto deputados quanto empresários presentes na audiência pública relataram casos em que a ameaça de encerramento das atividades é imediata. Isso porque as pequenas indústrias, em sua maioria, vendem para médias e grandes empresas, tais como supermercados. Sem a possibilidade de adquirir produtos com crédito de ICMS, os supermercados e outras empresas maiores teriam que assumir o custo do imposto, que chega a 30% em alguns casos, segundo informações do superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, que participou da reunião. Ele afirmou que o setor, com uma margem de lucro de 2%, não tem como absorver esse prejuízo, nem pode transferir o custo para o consumidor. Para evitar isso, os comerciantes estão cancelando pedidos aos fornecedores menores, que aderiram ao Supersimples.

O deputado Paulo Cesar (PDT), ex-prefeito de Nova Serrana, disse que o problema atingiu em cheio a indústria de calçados do município, onde é forte a presença de micro e pequenos empresários. "Pelo que me disseram, eles já estão parados. E eles já vinham sofrendo com a invasão de produtos chineses", afirmou o parlamentar. O deputado Bráulio Braz (PTB) afirmou que o mesmo problema é sentido na Zona da Mata, sua principal base política.

Proprietário da Pontual Embalagens, o empresário Pedro Lima Belisário disse que muitas empresas não irão além de setembro. "O que ocorre é que os tributaristas fizeram a lei olhando o lado tributário, não o lado mercadológico", criticou. Administrador de uma fábrica de biscoitos em Barbacena, Ronaldo Moreira disse que a empresa pode fechar dentro de 15 dias, após funcionar por 40 anos. "Tenho 16 funcionários. O supermercado disse, no primeiro dia depois que optei pelo Supersimples, que eu estava fora. Eles querem 28% de desconto para manterem as compras. Eu não tenho isso de lucro. Já coloquei meu carro à venda para pagar as dívidas", afirmou.

Estado diz que não pode adotar lei própria

O assessor da Superintendência da Secretaria de Estado da Fazenda, Antônio Caetano Jacinto Lemos, disse na audiência que o governo mineiro não pode preservar as regras do Simples Minas, nem criar outra regra específica para o Estado, porque a Constituição da República garante a prevalência da Lei Complementar 123/06 em todo o território nacional. A única opção, segundo ele, seria alterar a lei federal. Além disso, segundo ele, o Estado já terá uma redução de R$ 40 milhões a R$ 50 milhões em função do Supersimples. A razão é que, apesar de as pequenas indústrias levarem prejuízo em Minas, outras micro e pequenas empresas pagarão menos imposto. Na média, isso acarretará uma perda para os cofres do Estado.

A presidenta do Conselho da Pequena e Média Indústria da Federação das Industrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Scheila Nery de Souza Queiroz, discordou de Lemos, por acreditar que a Lei 123/06 permitiria ao Estado manter o Simples Minas para as empresas que não quiserem optar pela legislação federal. Ela também sugeriu que a Secretaria de Estado da Fazenda criasse benefícios fiscais para as grandes e médias empresas, para que elas sejam estimuladas a manter as compras dos pequenos industriais. Lemos, no entanto, disse que isso não resolveria o problema, uma vez que a lei estadual só incluiria o ICMS, enquanto o Supersimples incide sobre oito tributos e contribuições. "Só o ICMS não resolve", afirmou Lemos.

Scheila Queiroz concordou com Lemos sobre a necessidade de revogar o artigo 23 da Lei Complementar 123/06, mas disse que as empresas mineiras não vão resistir o tempo necessário para isso. "São necessárias medidas de curto prazo", afirmou ela. Para tentar convencer o governo, ela disse que o Sebrae irá encaminhar à Secretaria um estudo jurídico sobre o assunto.

O deputado Vanderlei Miranda lembrou que o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) se reunirá no dia 4 de setembro, e que representantes de Santa Catarina já estão levando sugestões de mudanças no Supersimples. Por outro lado, Paulo Cesar afirmou que Minas já vem sofrendo o assédio de outros estados, tais como Ceará e Bahia, que estão oferecendo vantagens fiscais a empresários de Nova Serrana para que eles se transfiram para seus territórios.

Requerimentos - O deputado Célio Moreira (PSDB) sugeriu a criação de uma comissão conjunta de parlamentares e representantes empresariais para fazer gestões junto aos governos estadual e federal. A mesma proposta foi apresentada pelo deputado Vanderlei Miranda, que elaborou requerimento para que seja enviado ofício ao secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, solicitando-lhe providências no sentido que se forme uma comissão para permitir que as microempresas e empresas de pequeno porte, optantes do Supersimples, possam fazer jus à apropriação e transferência de créditos relativos a impostos ou contribuições. O requerimento foi aprovado.

Outro requerimento aprovado, também de autoria de Vanderlei Miranda, solicita que sejam agendadas visitas às comissões de Indústria e Comércio das assembléias de outros estados, com a finalidade de discutir o Super Simples e os Simples Estaduais, com ênfase na questão relativa ao artigo 23, da Lei Complementar 123, de 2006.

Presenças - Deputados Vanderlei Miranda (PMDB), presidente; Bráulio Braz (PTB), vice; Eros Biondini (PHS), Sebastião Costa (PPS), Célio Moreira (PSDB) e Paulo Cesar (PDT); além das autoridades citadas na matéria, o superintendente de Comércio e Serviços da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, João Israel Neiva; o assessor parlamentar da Fiemg, Pedro Parizzi; os assessores da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae, Viviane Goulart de Ornelas e Sebastião Moreira Santos; e o advogado da Associação Mineira de Supermercados (Amis), David Gonçalves de Andrade Silva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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