Região do Rio Doce está unida pelo ICMS Solidário

Representantes de 70 cidades do Vale do Rio Doce lotaram, nesta terça-feira (28/8/07), o Teatro Atiaia, em Governador...

28/08/2007 - 00:01
 

Região do Rio Doce está unida pelo ICMS Solidário

Representantes de 70 cidades do Vale do Rio Doce lotaram, nesta terça-feira (28/8/07), o Teatro Atiaia, em Governador Valadares, para o 6º Encontro Regional do Fórum Técnico ICMS Solidário. A maioria defendeu o Projeto de Lei (PL) 637/07, do deputado Dinis Pinheiro (PSDB), que altera a Lei 13.803, de 2000, conhecida por Lei Robin Hood. O projeto modifica os critérios de distribuição do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) entre os municípios mineiros, beneficiando aqueles em situação desfavorável em relação à média per capita de ICMS do Estado.

Das 102 cidades do Vale do Rio Doce, que somam 1,5 milhão de habitantes, apenas quatro sairiam perdendo com o novo sistema de distribuição: Antônio Dias (13,89%), Belo Oriente (8,77%), Ipatinga (8,7%) e Timóteo (8,69%). Governador Valadares, por exemplo, ganharia cerca de R$ 180 mil por mês. Para o prefeito Bonifácio Mourão, a iniciativa é justa e vai corrigir um erro antigo. "Valadares vai ganhar mais de R$ 2 milhões por ano e outras cidades necessitadas também vão lucrar, dinheiro que está fazendo muita falta, até porque a distribuição atual deixa os ricos mais ricos e os pobres cada vez mais pobres", afirmou.

O deputado Dinis Pinheiro classificou o projeto de "caminhada da solidariedade", cujo propósito é ajudar os municípios mais pobres. "Cerca de 16 milhões de mineiros vão sair ganhando em 762 cidades. Outros estados como Rio de Janeiro e São Paulo já redistribuíram os recursos, chegou a hora de Minas", disse.

A deputada Elisa Costa (PT) ressaltou que a municipalização de uma série de serviços torna o PL 637 ainda mais importante, diante da necessidade de mais recursos. "E as prefeituras têm que dar resposta imediata a população", afirmou. O deputado Jayro Lessa (DEM) concordou e lembrou que até a gasolina das viaturas da Polícia Militar fica por conta das prefeituras. Ele acredita que a proposição será aprovada sem dificuldades na ALMG e o mais importante agora é "sensibilizar o governador para que ele sancione a lei". Os deputados Eros Biondini (PHS) e José Henrique (PMDB) também defenderam a aprovação do PL 637 e lamentaram a injustiça do sistema atual de distribuição de recursos.

Prefeito de Belo Oriente lamenta

O presidente da Associação dos Municípios do Vale do Aço e prefeito de Belo Oriente, Pietro Chaves Filho, lamentou a perda que seu município terá com a aprovação da proposição. "Belo Oriente não é o primo rico, como acusam alguns, apenas estamos numa situação diferenciada. Em 1995, com a Lei Robin Hood, a cidade perdeu 35% de sua receita. E seremos prejudicados novamente", afirmou. Pietro disse que não é contra o PL 637, mas defendeu outra forma de repasse. "Belo Oriente será solidária sim, mas não pode ser prejudicada", disse, antes de criticar os governos federal e estadual.

Simulação feita pela consultoria da ALMG, com base nos valores do ICMS de abril deste ano, revela que das sete microrregiões do Rio Doce, seis teriam ganhos médios significativos, caso sejam modificadas as regras: Guanhães (15,57%), Peçanha (21,79%), Governador Valadares (12,29%), Mantena (14,91%), Caratinga (16,95%) e Aimorés (14,93%). Apenas a microrregião de Ipatinga registraria perda de 7%. A cidade que mais lucraria com as modificações propostas é Ipaba, município próximo de Caratinga, com pouco mais de 16 mil habitantes, cuja emancipação político-administrativa se deu em 1992.

Propostas - Entre as propostas apresentadas, está uma da Prefeitura de Coronel Fabriciano, que acrescenta mais dois critérios de distribuição da cota-parte do ICMS: o critério "cidade-dormitório", para beneficiar municípios que exportam mão-de-obra; e critério "municípios monocultores", para ajudar aquelas cidades que fornecem matéria prima que depois é industrializada em outros lugares.

Previsão legal - De acordo com a Constituição Federal, de todo o ICMS arrecadado no Estado, 25% destinam-se aos municípios. Desse montante, pelo menos 75% devem ser distribuídos de acordo com o Valor Adicionado Fiscal (VAF), que retrata o movimento econômico do município, e o restante conforme determinar a lei estadual.

Atualmente, o ICMS em Minas é distribuído de acordo com os seguintes critérios e percentuais dos recursos destinados aos municípios: VAF (79,68%); área geográfica (1%); população (2,71%); população dos 50 municípios mais populosos (2%); educação (2%); produção de alimentos (1%); patrimônio cultural (1%); meio ambiente (1%); saúde (2%); receita própria (2%); cota mínima (5,5%); e municípios mineradores (0,11%). O cálculo da parcela de cada município é uma média aritmética que leva em conta o desempenho do município e o peso de cada critério.

O que prevê o PL 637/07 - A proposta original do PL 637/07 é distribuir, pelo critério do VAF, o mínimo determinado pela Constituição Federal, que é 75% - e não os 79,68% atuais. Assim, os 4,68% restantes serão redistribuídos a partir de um novo critério, chamado ICMS Solidário. Já os demais critérios não terão o índice alterado, mas serão separados em dois grupos, um relativo a critérios econômicos e outro relativo a critérios sociais.

Os critérios econômicos são o VAF (75% dos recursos), produção de alimentos (1%), meio ambiente (1%), receita própria (2%) e municípios mineradores (0,11%). Os critérios sociais são área (1%), população (2,71%), população dos 50 mais populosos (2%), educação (2%), patrimônio cultural (1%), saúde (2%) e a cota mínima (5,5%).

A divisão dos recursos será feita em três etapas. Todos os municípios participam da primeira fase, relativa aos critérios econômicos. Aqueles que apresentarem índice de ICMS per capita igual ou superior à média do Estado acrescida de 40% não participam da divisão de recursos do segundo grupo, com critérios sociais solidários.

Realizada essa nova distribuição, cada município alcança um novo valor per capita, que é confrontado com o novo valor médio do Estado. Apenas os municípios que ficarem abaixo da média do Estado acrescida de 40% seguem para a divisão de recursos do ICMS Solidário. Essa parcela, instituída pelo PL 637/07, é distribuída conforme a população de cada município.

Presencas - Deputados Sebastião Costa (PPS), representando o presidente da ALMG, Alberto Pinto Coelho (PP); Dinis Pinheiro (PSDB), Eros Biondini (PHS), Jayro Lessa (DEM) e José Henrique (PMDB); e a deputada Elisa Costa (PT).

 

 

 

 

 

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