Debate sobre ICMS em Juiz de Fora reúne mais de 40 cidades

Mais de cem pessoas de 44 municípios, entre elas 31 prefeitos, participaram do encontro regional do Fórum Técnico ICM...

24/08/2007 - 00:00
 

Debate sobre ICMS em Juiz de Fora reúne mais de 40 cidades

Mais de cem pessoas de 44 municípios, entre elas 31 prefeitos, participaram do encontro regional do Fórum Técnico ICMS Solidário, realizado pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta sexta-feira (24/8/07), no município de Juiz de Fora, Zona da Mata. Os encontros, que acontecem em todas as regiões do Estado, têm o objetivo de colher subsídios para aprimorar o Projeto de Lei (PL) 637/07, do deputado Dinis Pinheiro (PSDB), que altera a Lei 13.803, de 2000, conhecida por Lei Robin Hood. A proposta modifica os critérios de distribuição do ICMS entre os municípios mineiros.

O prefeito de Juiz de Fora, Alberto Bejani, manifestou seu apoio ao projeto, argumentando que seu município terá um aumento de receita de 3,53%. "Mas engana-se quem pensa que os municípios maiores estão em uma posição tranqüila com relação às suas contas", ponderou. Segundo ele, Juiz de Fora tem uma arrecadação mensal de R$ 21 milhões, dos quais cerca de R$ 18 milhões estão comprometidos com a folha de pessoal. No mesmo sentido, o deputado Lafayette de Andrada (PSDB) argumentou que não existem municípios ricos. "O que existe é muita diferença de distribuição de renda. Os municípios mais ricos também estão com dificuldades para arcar com suas despesas", afirmou. Segundo ele, o PL 637 evidencia as injustiças do sistema tributário brasileiro.

Prefeito que perderá recursos apóia projeto

A proposição do deputado Dinis Pinheiro também foi defendida pelo prefeito de Matias Barbosa e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Paraibuna (Ampar), Joaquim Assis Nascimento. O município que ele administra terá uma perda de 10,99%, mas, segundo o prefeito, Matias Barbosa tem uma receita crescente e poderá absorver a queda no repasse de recursos. A cidade vizinha de Juiz de Fora tem atraído empresas por meio de incentivos fiscais, apresentando uma movimentação financeira alta, o que resulta em uma receita per capita de R$ 56,39. Ele alertou, no entanto, para a situação dos municípios pequenos que perderão receita e terão sua sobrevivência comprometida. "É preciso estarmos atentos para não criarmos uma situação de dependência, com municípios-dormitórios, ao invés de promovermos a distribuição de renda", concluiu.

Fundo - A preocupação do prefeito coincide com a do deputado Sebastião Helvécio (PDT) que anunciou, durante o encontro, que apresentará uma emenda ao projeto para criação do Fundo de Equalização do ICMS. A intenção, segundo ele, seria criar um mecanismo para impedir que um município perca 30% ou 40% de suas receitas de um ano para o outro. O fundo funcionaria para casos de emergência e, se os recursos não fossem usados durante o ano, seriam redistribuídos aos 853 municípios. "É preciso responsabilidade para partilhar o principal imposto que temos hoje. O ICMS é mais importante que o Imposto de Renda e o IPI", afirmou.

Municípios assumiram muitos encargos do Estado e da União

O acúmulo de encargos assumidos pelas prefeituras em detrimento dos recursos oferecidos como compensação pela municipalização de serviços como saúde, educação e segurança também foi destacado pelo deputado João Leite (PSDB), que representou o presidente Alberto Pinto Coelho (PP) no encontro. Em seu discurso ele afirmou que os municípios têm hoje escassos recursos para o seu desenvolvimento, sobrevivendo principalmente das transferências do Estado e da União. "O PL 637 busca equilíbrio econômico e social", afirmou.

Para a deputada Ana Maria Resende (PSDB), presidente da Frente Parlamentar em defesa do ICMS Solidário, o projeto beneficia os municípios mais pobres, porque eles têm menor movimentação financeira, podendo ser contemplados com o ICMS Solidário. Ela fez um apelo aos prefeitos e lideranças participantes do encontro para que se mobilizem e cobrem dos deputados a aprovação do projeto. O deputado Leonardo Moreira (DEM) acredita que o PL 637 é a matéria mais importante que tramita na Assembléia hoje. "Ninguém perde com o projeto. Se 762 municípios vão ser beneficiados, não há o que se discutir. O projeto prevê uma distribuição mais eqüitativa do ICMS e isso não significa perda para ninguém", argumentou.

A deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM) acredita que os debates sobre o ICMS Solidário representam um momento histórico para o Legislativo mineiro. "A Casa tem agora a oportunidade de votar um projeto para reduzir as desigualdades, dando condições de sobrevivência aos municípios que estão em grande dificuldade", afirmou. O deputado Vanderlei Jangrossi (PP) ressaltou a importância da participação das lideranças municipais para o aprimoramento do projeto e convocou os participantes do encontro para estarem em Belo Horizonte nos dias 2 e 3 de outubro, quando ocorrerá a etapa final do fórum.

Os técnicos da Assembléia Legislativa, Hélio Ferreira Santos, e da Fundação João Pinheiro, Isabella Virgínia Freire Biondini, fizeram apresentações sobre a legislação que faz a distribuição do ICMS no Estado e simulações sobre a situação das regiões de Minas com a aprovação do projeto. Eles ainda deram explicações sobre os principais pontos do PL 637. A proposta original do PL 637/07 é distribuir, pelo critério do VAF, o mínimo determinado pela Constituição Federal, que é 75% - e não os 79,68% atuais. Assim, os 4,68% restantes serão distribuídos a partir de um novo critério, chamado ICMS solidário. Já os demais critérios não terão o índice alterado, mas serão separados em dois grupos, um relativo a critérios econômicos e outro a critérios sociais.

Propostas - Em Juiz de Fora foram apresentadas várias propostas de alteração no projeto, entre elas, a de contemplar com 1% as políticas de esporte dentro do critério dos investimentos em educação, a de aumentar a porcentagem do critério meio ambiente, e até sugestões contrárias aos filtros previstos no projeto original.

 

 

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