Direitos Humanos deve ir à cadeia de Ponte Nova na próxima semana

A rebelião e o incêndio na cadeia pública de Ponte Nova, na Zona da Mata, que resultou em morte de 25 presos na madru...

23/08/2007 - 00:01
 

Direitos Humanos deve ir à cadeia de Ponte Nova na próxima semana

A rebelião e o incêndio na cadeia pública de Ponte Nova, na Zona da Mata, que resultou em morte de 25 presos na madrugada desta quinta-feira (23/8/07), e várias denúncias de pessoas que reclamam terem sido vítimas de violência policial na Capital e no interior foram alguns dos assuntos da reunião desta quinta-feira (23) da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. A situação da cadeia de Ponte Nova já foi objeto de reuniões e visitas por parte da comissão, que deve ir àquela cidade na próxima semana, convidando o secretário de Defesa Social e o subsecretário de Administração Prisional para buscar entender as causas da rebelião. O requerimento foi apresentado pelos deputados Luiz Tadeu Leite (PMDB) e Ruy Muniz (DEM).

O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), afirmou que em maio, na última das três visitas da comissão à cadeia, os presos apresentaram denúncias de superlotação e ameaças de morte e, em outro encontro, familiares dos detentos alertaram sobre os perigos da guerra entre gangues dentro e fora da cadeia. O deputado lembrou os avanços no sistema prisional do Estado nos últimos anos, mas reforçou a necessidade de tirar a custódia dos presos de policiais civis e militares, no que foi endossado por outros parlamentares. Os deputados presentes disseram estar alarmados com o que aconteceu e lembraram que estão em constante contato com a Secretaria de Defesa Social para tentar resolver os problemas no sistema prisional.

Para o deputado João Leite (PSDB), a quantidade de presos envolvidos com tráfico de drogas na cadeia da Ponte Nova pode estar relacionada à proximidade com o Estado do Rio de Janeiro. O vice-presidente da comissão, deputado Luiz Tadeu Leite, garantiu que a comissão estará atuante no acompanhamento do caso, junto com a Comissão de Segurança Pública. O deputado Ruy Muniz lembrou também a importância de os familiares dos presos acompanharem periodicamente a situação das cadeias e cobrarem do Estado as providências necessárias; e comunicou que a Defesa Social vai assumir a antiga cadeia pública de Montes Claros.

Requerimentos - Relacionado a esse assunto, a comissão aprovou requerimento do deputado Antônio Júlio (PMDB), que pede à Subsecretaria de Administração Penitenciária informações sobre redução do número de agentes penitenciários na Penitenciária Pio Canêdo, em Pará de Minas. Requerimentos do deputado Durval Ângelo pedem à ouvidoria do sistema penitenciário de São Joaquim de Bicas cópia de representação feita por agentes penitenciários em que relatam denúncias de irregularidade; e a realização de uma visita à Penitenciária José Maria Alkimin para verificar as condições daquele estabelecimento penal. Requerimento do deputado João Leite pede que seja agendada visita da comissão à cadeia pública de Ouro Preto, para verificar as condições da guarda de presos.

Advogado relata caso de violência

Além das mortes em Ponte Nova, a comissão recebeu diversas denúncias de pessoas que dizem ter sofrido agressões policiais. O primeiro caso, para o qual a reunião foi convocada, foi o de um grupo - incluindo um menor de idade - que teria sido vítima de espancamento por parte de policiais, próximo ao Pronto-Socorro de Venda Nova, em 27 de julho último. A confusão, que teve imagens gravadas por um cinegrafista amador, exibidas por uma rede de TV e reproduzidas aos deputados na reunião, foi explicada pelo advogado do grupo, Dino Miraglia Filho.

Segundo o advogado, um motorista estaria conduzindo quatro pessoas ao hospital, após uma delas ter queimado os braços em um churrasco, quando uma moto vindo no sentido contrário, pilotada por um policial, teria derrapado próximo ao carro do grupo. Segundo o advogado, como o motorista que vinha atrás parou para prestar socorro, o grupo seguiu em frente e, quando chegou ao hospital, teria chegado também grande quantidade de viaturas e policiais. A partir daí, segundo ele, muitos policiais teriam começado a espancar o grupo, impressionando até mesmo as testemunhas, que hoje estariam com medo de falarem sobre o caso. O cinegrafista amador, inclusive, teria cortado algumas imagens da fita com medo de sofrer represálias. "A família quer apuração do caso e que os responsáveis paguem pelo erro", defendeu o advogado.

O major Carlos Wagner da Silva, da Corregedoria de Polícia, afirmou aos deputados que já foi aberto inquérito para apurar o caso, além de terem sido feitas as diligências preliminares. Ele disse que as conclusões do inquérito serão encaminhadas à Justiça Militar. Os deputados cobraram mais informações e aprovaram requerimento do deputado Luiz Tadeu Leite para pedir à Corregedoria que envie cópia das conclusões do inquérito à comissão. Para os deputados, mesmo que tenha havido falta de socorro, o número de viaturas e policiais que foram mobilizados para o caso é questionável.

Ouro Preto - No Pinga Fogo, vereadores e cidadãos de Ouro Preto relataram diversos casos que envolveriam agressões injustificadas feitas por policiais militares na cidade. Dois jovens relataram aos deputados episódio em que teriam sido agredidos por policiais fardados e embriagados. A comissão aprovou requerimentos do deputado João Leite para que sejam pedidas à Promotoria de Justiça daquela comarca cópia dos processos que apuram possíveis desvios de conduta policial, abuso de autoridade e lesões corporais. O objetivo é subsidiar uma audiência da comissão com o Comando da Polícia Militar. Outro requerimento dele pede à chefia da Polícia Civil a transformação da delegacia seccional de Ouro Preto em delegacia regional.

Deputado barrado - Outro assunto tratado na reunião foi a atuação da polícia durante uma manifestação de grupos sociais em um prédio da Companhia Vale do Rio Doce da Capital, na tarde desta quarta-feira (22). A comissão quer saber do Comando-Geral da PM e da Secretaria de Defesa Social o motivo de o deputado Padre João (PT) ter tido acesso negado ao cerco policial promovido contra a manifestação, "em grave afronta a prerrogativas constitucionais de um parlamentar". Pede também a abertura de processo policial militar para apurar o caso.

Centro Vhiver - Sobre o Centro Vhiver, que atende soropositivos no Estado, a comissão aprovou requerimentos do deputado Durval Ângelo, pedindo agilidade à Secretaria de Cultura na efetivação do convênio; à Secretaria de Cultura e à Codemig prorrogação do comando para uso do imóvel onde funciona o centro e a interrupção do processo de despejo dessa entidade; e à PBH, pedindo a ampliação dos atendimentos conveniados ao centro.

Do mesmo deputado, foi aprovado requerimento pedindo informações ao CAO/Conflitos Agrários sobre providências adotadas pelo Ministério Público quanto a representações encaminhadas à comissão por trabalhadores rurais sem-terra do movimento Liga dos Camponeses Pobres. Outro pede agilidade ao diretor do Foro de Barbacena na concessão de ação subscrita por Francisco dos Anjos Pereira e representantes do grupo das vítimas do Jubileu de São José Operário/2004.

Três Pontas - Outro requerimento, também de Durval Ângelo, pede à Corregedoria do Tribunal de Justiça (TJMG) e à Corregedoria da Polícia Civil envio da documentação apresentada por uma vereadora de Três Pontas, que esteve presente na reunião desta quinta-feira (23) e fez denúncia de que estaria sendo prejudicada por outras autoridades da cidade. A comissão pede a esses órgãos providências cabíveis ao caso; e encaminhará cópia das notas taquigráficas da reunião. Outro requerimento, fruto de denúncia da mesma vereadora, pede à Corregedoria do TJMG apuração de possível perseguição política contra funcionária daquela comarca, conforme documentação apresentada.

Fundação Navantino Alves - Outros requerimentos pedem que a Corregedoria da Polícia Civil apure a invasão de residência arrombada e depredada por traficantes; e que sejam tomadas diversas providências sobre o processo que tramita na 7ª Vara Civil sobre o imóvel da Fundação Navatino Alves que está ocupado por 60 famílias. Requerimentos de Durval Ângelo pedem, ainda, que a comissão visite o secretário de Defesa Social, o corregedor de Polícia Civil e o corregedor do Ministério Público para tratar do caso do cidadão Sebastião Filho, que alega ter sofrido agressões por policiais civis e militares.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Luiz Tadeu leite (PMDB), vice; João Leite (PSDB) e Ruy Muniz (DEM).

 

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