Violência contra profissionais da saúde reflete realidade do País

O aumento da violência contra os profissionais da área de saúde foi o tema da audiência pública realizada pela Comiss...

23/08/2007 - 00:01
 

Violência contra profissionais da saúde reflete realidade do País

O aumento da violência contra os profissionais da área de saúde foi o tema da audiência pública realizada pela Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (23/8/07), a requerimento de seu vice-presidente, deputado Hely Tarqüínio (PV). Todos os convidados e parlamentares presentes foram unânimes ao afirmar que este tipo de violência não é uma prerrogativa desses profissionais e o que se vê no País é o aumento da criminalidade. E esta sensação de insegurança e impunidade reflete em dados preocupantes, como aqueles apresentados pelo presidente do Conselho Regional de Medicina, Hermann Alexandre V. Von Tiesenhausen. Segundo ele, dos 44 mil médicos registrados no conselho, 94% não querem trabalhar no serviço de urgência e 82% o fazem porque são obrigados. "A maioria desses profissionais preza por uma boa condição de trabalho, preocupação maior até que o salário", afirmou.

A polêmica da reunião foi sobre a necessidade ou não de manter policiais em unidades de atendimento hospitalar, que foi levantada e defendida pelo presidente do CRM. Para Hermann Alexandre, a proteção do médico é fundamental para inibir ações de violência, assim como a orientação da população sobre o trabalho dos profissionais da saúde. Já a professora e coordenadora da Rede Saúde e Paz da UFMG, Elza Machado Melo, acredita que a presença do policial pode evitar ou provocar uma agressão e que ações de conscientização devem ser priorizadas. Mesma opinião teve o deputado Ruy Muniz (DEM) que, apesar de ressaltar a importância do trabalho da Polícia Militar de Mina Gerais, lembrou que a violência policial tem crescido nos últimos anos.

Já os deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da comissão, Doutor Rinaldo (PSB) e Carlos Pimenta (PDT) defenderam a presença de policiais. Mosconi ponderou que quem trabalha e corre o risco precisa de segurança. Doutor Rinaldo disse que o trabalho da polícia não tem sido apenas de repressão e que sua presença é "importantíssima". Para Carlos Pimenta a presença física do policial inibe a atuação de criminosos ou pessoas mal intencionadas e que existem postos de saúde e unidades médicas que precisam de mais segurança.

Combate da violência deve envolver a sociedade

O coordenador de Pneumologia Sanitária e de Prevenção Primária de Câncer da Secretaria de Estado da Saúde, Edilson Corrêa de Moura, também destacou que a discussão em torno do tema deve ser tratada de maneira ampla já que, por ano, 50 mil pessoas morrem devido a ações violentas. Lembrou ainda que esteve na ALMG há quatro anos para discutir o mesmo assunto e nada mudou, ou "mudou para pior". Defendeu ainda que a luta deve ser de todo o cidadão e que é preciso dar um basta nesta situação.

Mesma opinião tem o presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed/MG), Cristiano Gonzaga da Matta Machado, representando a entidade que criou a campanha Saúde em Movimento pela Paz. "Criamos um movimento mais amplo possível porque o assunto não pode ser tratado de maneira específica", acredita. Lembrou que devido às dificuldades financeiras e ao descompromisso de diversos governos com a saúde, a população, frustrada, vê o médico como responsável pelas deficiências do sistema.

Seguindo esta linha de pensamento, o deputado Carlos Mosconi disse que tem a impressão de que os casos de violência contra os profissionais da saúde aumentaram. "Existe certa agressividade de alguns setores da sociedade por não terem atendimento imediato e, por isso, agridem os funcionários", salientou Mosconi. Esta questão também foi lembrada pelo deputado Doutor Rinaldo: "os profissionais são tratados como culpados dos problemas da saúde, que estão centrados basicamente na falta de recursos e financiamento".

Ao destacar que mais de um milhão de pessoas morrem por ano no mundo, vítimas de violência, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, a professora da UFMG, Elza Machado Melo, lembrou que a violência contra os profissionais da saúde é uma conseqüência do quadro que estamos vivendo. "Temos que parar de procurar culpados e nos responsabilizar em atuar em cada espaço na mediação dos conflitos. Vamos construir a cultura da paz".

Como resultado da reunião, foi aprovado requerimento do deputado Hely Tarqüínio para visitar o secretário de Estado de Defesa Social, Maurício de Oliveira Campos Júnior, para apresentar a ele a situação de insegurança no sistema dos profissionais da saúde e conhecer a campanha Saúde em Movimento pela Paz.

Comissão vai promover novas audiências públicas

Também foram aprovados outros cinco requerimentos, sendo dois para realizar audiências públicas. O primeiro, da deputada Elisa Costa (PT) será para debater o Projeto de Lei (PL) 1.416/07, do governador, que cria o Conselho Estadual de Saneamento Básico (CESB). Outra audiência pública aprovada, desta vez a pedido do deputado Hely Tarqüínio, será para discutir, em conjunto com a Comissão de Administração Pública, a questão das perícias médicas em geral, a coleta de subsídios para normatizar a matéria, bem como para solucionar o problema do setor de Perícia Indicial do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.

Sobre este assunto, foi aprovado requerimento de Carlos Mosconi, solicitando envio de ofício ao Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais solicitando a interdição das instalações em que funciona o serviço de perícias médicas do Fórum Lafayette, até que sejam promovidas as adequações indicadas pela Vigilância Sanitária. Cumpre ressaltar que os referidos serviços deverão ser prestados noutro espaço até que as adequações se concretizem.

Também do deputado Hely Tarqüínio, foi aprovado requerimento para agendar reunião desta comissão com o Secretário de Estado de Saúde, Marcus Pestana, para tratar da pactuação da assistência à saúde dos usuários do SUS nas regiões limítrofes do Estado de Minas Gerais com os Estados vizinhos.

Por fim, foi aprovado requerimento do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Ele solicita que seja formulado apelo ao secretário de Estado de Saúde, Marcus Pestana, para promover ações que resultem na pactuação entre os Estados de Minas Gerais e de São Paulo que possibilitem o atendimento dos municípios do Sul de Minas em unidades hospitalares paulistas, conforme Parecer 349/07.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio (PV), vice; Carlos Pimenta (PDT), Doutor Rinaldo (PSB) e Ruy Muniz (DEM). Além das autoridades citadas na matéria, participaram o diretor do Sinmed/MG, Eduardo Filgueiras; e o vereador Tarcísio Caixeta.

 

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