Professores criticam proposta de retorno do abono salarial

Críticas à proposta de criação da Parcela de Complementação Remuneratória do Magistério (PCRM), à insuficiência do re...

22/08/2007 - 00:01
 

Professores criticam proposta de retorno do abono salarial

Críticas à proposta de criação da Parcela de Complementação Remuneratória do Magistério (PCRM), à insuficiência do reajuste de 5% e à falta de um piso salarial, ao invés do piso de remuneração proposto pelo governo foram as principais críticas que surgiram nesta quarta-feira (22/8/07), em reunião realizada na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, a respeito do Projeto de Lei (PL) 1.324/07, de autoria do governador. O assunto foi tratado em reunião conjunta da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social com a de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática, por meio de audiência pública proposta pelo deputado Domingos Sávio (PSDB). A PCRM, que está sendo proposta pelo governo como um mecanismo para garantir a remuneração mínima de R$ 850 para o professor com 24 horas semanais, foi criticada por alguns deputados e representantes sindicais como uma recriação do abono salarial, que causaria distorções na carreira.

O PL 1.324/07 propõe um reajuste linear de 5%, a ser concedido em setembro de 2007, para os servidores das carreiras de Professor de Educação Básica, Especialista em Educação Básica, Analista de Educação Básica, Assistente Técnico de Educação Básica, Assistente de Educação, Auxiliar de Serviços de Educação Básica, bem como os ocupantes dos cargos de Diretor e Secretário de Escola. O reajuste incide sobre o vencimento básico e não será deduzido da Vantagem Temporária Incorporável (VTI).

Os servidores que integram as carreiras de Analista Educacional e Assistente Técnico Educacional não receberão o reajuste. Para estes, o projeto institui novas tabelas de vencimento básico, visando à equiparação de seus valores iniciais com os das tabelas de vencimento básico das carreiras da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, bem como ao acréscimo de um nível à carreira de nível médio, incentivando o aprimoramento da formação do servidor.

O projeto também institui um piso remuneratório de R$850,00 para os Professores de Educação Básica e Especialistas em Educação Básica, com carga horária de trabalho de 24 horas semanais. Isso será feito por meio de um adicional salarial variável, a PCRM. Para financiar o piso, deverão ser utilizados recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Durante a audiência pública, deputados da oposição e sindicalistas argumentaram que o adicional prejudica quem tem mais tempo de serviço, uma vez que ele é reduzido conforme o servidor vai se aproximando do limite de R$ 850. Outros deputados argumentaram que é uma vantagem para quem inicia a carreira no Estado, ainda mais porque a complementação salarial poderá ser acumulada se o professor tiver carga horária dobrada, ou seja, de 48 horas semanais.

Deputado questiona situação de quem não terá 5%

Autor do requerimento, o deputado Domingos Sávio mostrou preocupação com os servidores que não receberão os 5% de reajuste. "Embora se diga que haverá equiparação com os técnicos da Seplag, seria desejável assegurar o reajuste mínimo de 5% para todos", ponderou o deputado. O subsecretário de Gestão da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, Frederico César Silva Melo, assegurou que aumento para os analistas educacionais será expressivo. "O analista educacional de 40 horas que ganhava R$ 799 passará a ganhar R$ 1.200", afirmou. Melo afirmou que o conjunto de medidas propostas terá um impacto anual de R$ 360 milhões e que é indispensável levar em conta a capacidade financeira do Estado.

A representante do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação (Sindi-UTE), Maria Inês Camargos, argumentou que a PCRM, assim como abonos anteriores, geram um congelamento nos salários, uma vez que a pessoa só terá novos acréscimos após atingir o piso remuneratório. Ela afirmou que a reivindicação da categoria é de um piso salarial, ou seja, um aumento no salário básico, e não um piso de remuneração. O diretor do Sindicato dos Servidores Públicos (Sindipúblicos), Geraldo da Conceição, criticou o índice proposto de 5% como insuficiente e questionou o argumento de capacidade financeira do governo. "A segurança teve muito mais que isso", disse ele.

A deputada Elisa Costa (PT) também lembrou o aumento de 30%, em três anos, que foi concedido aos servidores da segurança. "Em nome da bancada, achamos 5% pouco", afirmou. Ela também disse considerar prematuro aprovar uma lei estadual sobre o piso antes de o Congresso aprovar o piso nacional, proposto por meio do PL 619/07. Ela também criticou a PCRM, afirmando que o governo está ressuscitando o abono que ele mesmo criticou na elaboração dos planos de carreira. Assim como o deputado Weliton Prado (PT), o deputado Carlin Moura (PCdoB) reforçou a crítica ao índice de reajuste e ainda propôs um entendimento com a bancada governista para elaborar um substitutivo ao projeto.

O deputado Deiró Marra (PR) ressaltou a importância de se ouvir os dois lados, do governo e dos servidores, para aperfeiçoar o projeto. Já o parlamentar Antônio Carlos Arantes (PSC) disse ver um esforço do governo para melhorar a situação da educação. "Sabemos que não é o suficiente", reconheceu. A deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM) cobrou que os servidores participem do debate de forma responsável. "Enquanto tem muita gente que luta, tem gente que tira férias", afirmou a deputada.

Outra representante do Sindi-UTE, Marilda de Abreu, questionou os representantes do Estado quanto aos critérios do projeto de lei. "O governo quer privilegiar a atividade fim ou a atividade meio? Quem está levando mais são os gestores do órgão central e os servidores das superintendência de ensino", criticou. Da parte do governo, Frederico Melo ressaltou que outras medidas do governo já estão beneficiando os servidores da educação. Ele afirmou que 56 mil servidores já tiveram promoção por escolaridade adicional. Além disso, lembrou que a lei já prevê progressão salarial após dois anos de posicionamento na carreira, e que alguns já serão beneficiados em setembro de 2007. "Pode-se discutir o percentual, mas não se pode negar a progressão na carreira", afirmou o subsecretário.

Frederico Melo também argumentou que a proposta estadual é muito melhor que a proposta discutida em nível federal. "O projeto federal propõe R$ 850 para o profissional de 40 horas, a ser escalonado em um prazo de quatro anos. O projeto de Minas propõe R$ 850 já em janeiro de 2008, para o professor com carga horária de 24 horas", comparou ele. Seu argumento foi reforçado pelo deputado Domingos Sávio.

Ao final da reunião, a deputada Elisa Costa apresentou, e foi aprovado, um requerimento para que seja enviado ofício solicitando informações à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão. A deputada questiona o número de servidores que recebem remuneração inferior a R$ 850 e que serão beneficiados pela proposta de piso; e as razões do governo para adotar a mesma sistemática de abono salarial que foi condenada pelo próprio Estado ao discutir o plano de carreiras dos servidores.

Presenças - Deputada Rosângela Reis (PV), presidente da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social; deputada Elisa Costa (PT), vice-presidente; deputado Deiró Marra (PR), presidente da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática; deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), vice-presidente; deputadas Ana Maria Resende (PSDB) e Gláucia Brandão (PPS); deputados Antônio Carlos Arantes (PSC), Domingos Sávio (PSDB), Carlin Moura (PCdoB), Vanderlei Jangrossi (PP) e Weliton Prado (PT); subsecretário de Gestão da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, Frederico César Silva Melo; subsecretário do Sistema Educacional da Secretaria de Estado de Educação, Gilberto Resende; representantes do Sindi-UTE, Marilda Abreu e Maria Inês Camargos; diretor político do Sindipúblicos-MG, Geraldo Antônio Henrique da Conceição.

 

 

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